PSB confirma expulsão de deputado distrital flagrado no esquema do mensalão do DEM
A direção nacional do PSB ratificou nesta sexta-feira (21) a decisão do diretório regional de expulsar o deputado distrital Rogério Ulysses, citado no inquérito da Polícia Federal que investiga o mensalão do DEM, esquema de pagamento de propina para servidores e prestadores de serviço do Governo do Distrito Federal, de acordo com investigações da Polícia Federal.
A determinação contou com o voto da maioria absoluta dos dirigentes presentes: 56 votos e 1 abstenção do pré-candidato ao Senado João Capiberibe, ex-governador do Amapá, que teve o mandato de senador cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por compra de votos, em 2002.
O relator da expulsão no diretório nacional foi o vice-presidente do partido, Roberto Amaral, que concordou com o presidente regional da legenda, Marcos de Alencar Dantas, de expulsar Ulysses. “Foi um julgamento ético, disciplinar e partidário”, resumiu Amaral.
“[A decisão] não foi apenas pelo caso Caixa de Pandora, foi pelo conjunto da obra. Ele foi, em vários momentos, contrário à política do partido (...) Teve todos os bônus e, agora, tem os ônus de ter apoiado o governo Arruda. Nós fomos condescendentes” justifica Dantas.
Ulysses foi citado em conversa entre o ex-governador cassado José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e José Geraldo Maciel (ex-chefe da Casa Civil do governo do DF), gravada pelo delator do mensalão, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Na gravação, Maciel diz que daria “50” para Ulysses e outros “10” seriam dados por Omézio Pontes, ex-assessor de Arruda.
“Maciel disse: ‘Ele pega 50 comigo e 10 com o Omézio’, esta foi a única frase que aparece meu nome no inquérito. Fizeram buscas na minha casa e no meu gabinete. Me investigaram por três meses e não encontraram nada que me comprometesse”, afirmou o deputado distrital.
Para Ulysses, a expulsão teve motivação eleitoral, pois ele pretendia tentar reeleição como deputado no DF em outubro, mas, segundo ele, o PSB teria outros nomes para a vaga.
Nos bastidores do PSB, os nomes do ex-secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia Joe Valle e do advogado Moises Marques são cogitados para concorrer a uma cadeira na Câmara Legislativa do Distrito Federal no lugar de Ulysses.
“Foi um tiro de bazuca que o [ex-governador do DF] Joaquim Roriz deu no Arruda e que o Arruda deu no Roriz e quem estava por perto levou estilhaço”, disse o deputado em sua defesa, na crença de que o escândalo no DF foi a principal causa que o desligou da legenda.
Tiroteio interno
Apesar de não utilizar isso em sua defesa, Rogério Ulysses denunciou há dois dias em plenário que o presidente regional do partido mora em um apartamento funcional do Senado. Dantas alega que tem suporte legal para se manter no local, onde vive com a esposa e seus quatro filhos e que não possui outro imóvel em Brasília – o que o impediria de ficar onde está.
“Ele [Rogério Ulysses] quis me descredenciar (...), pegou um processo que tramita na Justiça, e eu estou amparado em uma liminar para continuar no apartamento”, justifica.
Segundo Dantas, a Justiça teve o entendimento de que, como servidor público há 25 anos, não havia irregularidade em ocupar o apartamento, em que está desde 2003. Dantas afirmou que vai entrar com duas ações contra Ulysses na próxima semana por queixa crime e difamação pelas declarações do ex-colega de partido.
Já Ulysses disse que vai aguardar com "resignação" e "humildade" a decisão do PSB e que pretende ficar até o fim do ano cumprindo seu mandato como deputado distrital, e enfrentar a possibilidade do partido de impedi-lo ao ficar no cargo.
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