Índios saem sem acordo com Lula sobre Belo Monte
Após reunião de cerca de 3 horas, os representantes de 22 etnias indígenas saíram da sede provisória do governo federal na noite desta quarta-feira (2) com uma promessa: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá conversar novamente com eles para voltar a dar esclarecimentos sobre a construção da usina hidrelétrica, já leiloada, de Belo Monte, no rio Xingú, no Pará.
De acordo com o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Márcio Meira, a data deste novo encontro ainda não foi definida. Meira avaliou que audiência foi tranqüila e mostrou tanto ao presidente, aos ministros e às lideranças indígenas presentes quais foram as ações governamentais de apoio aos índios nos últimos sete anos.
Segundo Meira, o presidente pediu que fosse apresentada aos índios a nova proposta ambiental que compõe o atual projeto de Belo Monte, uma vez que eles conheciam apenas a versão anterior, que data de mais de 20 anos atrás. “O presidente coloca sempre que o empreendimento foi modificado para justamente impactar menos possível no meio ambiente”, afirmou.
“O presidente deixou claro o seguinte: nem tudo o que os indígenas solicitam ou nem tudo que os indígenas colocam como reivindicação o governo, necessariamente, tem que concordar, mas o diálogo entre as populações indígenas e o governo, é um diálogo franco”, explicou Meira.
Meira ressaltou que o governo irá aumentar a pressão no Congresso Nacional para que saia a aprovação de um projeto de lei para instituir o Conselho Nacional de Política Indigenista e a da renovação do estatuto dos Povos Indígenas.
O Brasil conta com uma população indígena atual estimada em 1 milhão de pessoas, segundo a Funai.
Acampados em Brasília
Questionado sobre os cerca de 300 índios de 12 etnias diferentes que permanecem acampados em frente ao Ministério da Justiça em Brasília, o presidente da fundação afirma que ele está aberto a negociações com eles.
Conforme Meira, os líderes indígenas ouvidos pelo presidente levaram um documento de repúdio à ação dos índios acampados em Brasília, alegando que os acampados não têm representatividade na comunidade.
“[Eles] se pronunciaram através de um documento se colocando favorável aos avanços que o governo Lula tem feito, a reestruturação da Funai e discordando daquele movimento que está ali no acampamento na Esplanada dos Ministérios”, disse Meira.
Os manifestantes reivindicam a revogação do Decreto Presidencial 7.056 de 2009 (que extingue 40 administrações regionais, 337 polos indígenas da Funai), a saída do atual presidente da Funai e uma audiência com o presidente Lula.
Ontem, cerca de 80 policias tentaram retirar os índios, que quase invadiram o Ministério da Justiça, após quase cinco meses acampados no local.
Os manifestantes ganharam na justiça o direito de ficar, pelo menos mais uma semana por lá. A justificativa foi o respeito a uma tradição indígena de permitir que uma jovem do grupo, por ter menstruado pela primeira vez, ficasse isolada por sete dias. A decisão foi da juíza Maria Cecília Rocha, da 6ª Vara Federal de Brasília.
A assessoria do Ministério da Justiça informou que o ministro Luiz Paulo Barreto estaria disposto a atendê-los, mas os índios não aceitaram.
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