Para oposição, Dilma deve ser a próxima investigada sobre tráfico de influência na Casa Civil
Parlamentares da oposição avaliaram como “inevitável” a saída da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, após a série de denúncias sobre o suposto tráfico de influência envolvendo seus filhos Israel e Saulo Guerra e assessores. Eles defendem que Dilma Rousseff, antecessora de Erenice na pasta, seja a próxima a ser investigada.
“Dilma não é um hiato entre o processo de corrupção iniciado na Casa Civil com o ex-ministro José Dirceu e que chegou agora na ex-ministra Erenice Guerra. O Ministério Público não pode deixar de apurar isso”, disse o líder do DEM na Câmara dos Deputados, deputado Paulo Bornhausen (SC).
Na mesma linha, Alvaro Dias (PSDB-PR), líder dos tucanos no Senado, afirmou que a presidenciável petista também tem responsabilidade nas supostas irregularidades. “Era inevitável a denúncia, mas a ex-ministra Dilma continua se ausentando desse imbróglio. Erenice era assessora e fora indicada por ela. É responsabilidade dela. Os episódios estavam em curso quando ela [Dilma] era ministra.”
A saída de Erenice Guerra terá impacto nas eleições presidenciais?
O senador satirizou o fato de a candidata petista à Presidência da República ter debochado das denúncias em um primeiro momento, em referência à declaração de Dilma de que a oposição estaria querendo encontrar uma “bala de prata” para atingir sua candidatura. “Não estavam querendo encontrar a ‘bala de prata’, e ela foi encontrada”, disse.
Governistas elogiam afastamento
Já o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (PT-SP), parabenizou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela “rapidez com que resolveu esse problema”. O deputado afirmou que os episódios não devem comprometer, nem abalar, a campanha da presidenciável petista pelo fato de que, segundo ele, não se pode responsabilizar alguém por possíveis irregularidades cometidas por outras pessoas.
“Isso não tem nada a ver com a campanha. A acusação é contra o filho da ministra, e não contra a ministra [Erenice Guerra]. Dilma esteve quase quatro anos como ministra de Minas e Energia e outros quatro como ministra da Casa Civil e nunca houve nenhuma denúncia contra ela. Não se pode atribuir ao pai o crime do filho, nem a uma pessoa a respeito de outra com quem trabalhava”, disse o deputado.
O vice-líder do PT no Senado, Eduardo Suplicy (SP), afirmou acreditar que a decisão de Erenice de se afastar do cargo foi “acertada”. O parlamentar disse que espera que se repita o que houve com Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil no governo Itamar Franco, que se afastou da pasta durante as investigações contra ele e voltou ao posto após ser inocentado.
Com relação à tentativa de se ouvir Erenice na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Suplicy disse que está disposto a dialogar com ela no intuito de convencê-la a participar da sessão. “Como ela não é mais ministra, o Senado não teria mais possibilidade de convocá-la [apenas convidá-la]. Como é o objetivo dela é apenas esclarecer os fatos, é possível que ela esteja de acordo em participar.”
Questionado sobre a hipótese de Miriam Belchior assumir a Casa Civil, o senador petista avalia como positiva essa possibilidade pelo histórico da atuação dela no governo. Segundo Suplicy, Belchior foi convidada pelo presidente Lula para integrar a primeira formação ministerial, em 2002.
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