Em carta de demissão, diretor dos Correios fala em "suspeitas absurdas e infundadas"; leia íntegra

Em carta de demissão entregue ao presidente dos Correios, Davi José de Mattos, o diretor de operações, coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, afirma ter sido alvo de suspeitas "absurdas e infundadas" e pede demissão por não sentir mais "o prazer do trabalho e do desafio".

Rodrigues Silva tinha ligações com a empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), pivô da crise que derrubou a ex-ministra Erenice Guerra na semana passada. Segundo as denúncias, ele atuaria para transformar a MTA na empresa de carga aérea oficial dos Correios após as eleições. Ele seria ainda o testa de ferro do empresário argentino Alfonso Rey, dono da MTA.

Leia a íntegra de sua carta de demissão:

"Estimado presidente David,

Vim para os Correios com a vibração e com o entusiasmo dos jovens recém-formados.

Aos 61 anos de idade, esta seria a coroação e o encerramento da minha carreira profissional, honrado que fui pela indicação para a função por um senador da República, sabedor da minha capacidade técnica para exercê-la.

Aviador, consultor aeronáutico, especialista em logística e operação nos aeroportos, além do conhecimento e das dificuldades da Rede Postal Noturna, logo na chegada, designamos grupos de trabalho para estudarem aperfeiçoamentos e modernizações, as quais beneficiariam a ECT no futuro.

Desde o início, fui alvo de ataques pela imprensa. Minha atuação, bem como a de minha filha, no mercado de consultoria aeronáutica, sempre foram de domínio público e, insinuações de propriedade ou controle de empresas do setor aéreo, são facilmente desmentidas. No entanto, o mal que essas notícias provocaram é incalculável. Minha família está emocionalmente destroçada, minha vida está sendo revirada e meu nome sendo alvo de suspeitas absurdas e infundadas.

Estou pedindo demissão do cargo de diretor de operações da ECT, por iniciativa própria. Não sinto mais o prazer do trabalho e do desafio que a função exige e não vou contaminar os excelentes profissionais com quem convivi nestes 48 dias com o meu desencanto.

Tive muito prazer em conhecê-lo. Você tem autoridade, sabedoria e competência necessárias para levar a empresa adiante. Por essa razão, só me resta desejar-lhe e a todos os 110 mil empregados muita sorte e sucesso.

Um grande abraço,
Eduardo Arthur Rodrigues Silva"