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Em meio a crise, PT sinaliza que pretende abandonar governo de Campinas (SP)

Maurício Simionato<br>Especial para o UOL Notícias

Em Campinas

31/05/2011 11h45

Depois de o PMDB anunciar a sua saída da administração municipal e colocar cargos a disposição, agora é a vez do PT, outro aliado importante do prefeito de Campinas (SP), Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), demonstrar que pretende abandonar a administração em meio a uma de suas maiores crises.

Na segunda-feira (30), o PMDB protocolou uma carta informando que está deixando o governo. O partido deixou em aberto, no entanto, que seus integrantes permaneçam em seus cargos caso queiram. O partido tem três pessoas em cargos de confiança e outros em terceiro e quarto escalão.

Já o PT, do vice-prefeito Demétrio Vilagra, quer fazer um plebiscito nos próximos dias para que os militantes decidam se o partido deve ou não deixar o governo de Dr. Hélio --que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O PT tem duas secretarias e cerca de 80 cargos de confiança na administração de Campinas. As secretarias são a do Emprego e Rendas, ocupada por Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, e a dos Transportes, que tem Sérgio Torrecillas no comando.

A crise na administração municipal começou depois que foi deflagrada, no dia 20 de maio, uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público que atingiu o alto escalão do governo. O enfraquecimento político do governo já dava indícios após a Câmara Municipal aprovar na semana passada, por unanimidade, um pedido de abertura de uma CP (Comissão Processante) que pode resultar no impeachment do prefeito.

Investigação

Relatório do Ministério Público aponta a primeira-dama da cidade e chefe do gabinete do prefeito, Rosely Nassim Jorge Santos, como a líder de uma suposta organização criminosa que fraudava contratos públicos, principalmente nas áreas de habitação, concessão de alvarás e obras diversas. Ela negou as acusações.

As informações foram dadas ao Ministério Público pelo ex-presidente da Sanasa (companhia de saneamento da cidade), Luiz Castrilon de Aquino, amigo de infância do prefeito. Segundo os promotores, Aquino participou do esquema, mas se arrependeu e passou a ser o principal delator sobre como funcionava a suposta organização criminosa. Ele aderiu a um programa de deleção premiada para não ser preso.

O vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT) também é citado nas investigações e foi preso na semana passada ao desembarcar da Espanha, onde passava férias. Ele foi solto no dia seguinte após prestar depoimento. Ele foi eleito vice do prefeito de Campinas em 2008. Vilagra negou o seu envolvimento e disse via twitter que pretende dar entrevistas nos próximos dias para se defender das acusações.

Dois dos principais secretários de Dr. Hélio, Francisco de Lagos (Comunicação) e Carlos Henrique Pinto (Segurança), também foram apontados pelo Ministério Público com envolvidos no esquema. Eles negam as acusações.

Ambos tiveram a prisão decretada, ficaram foragidos e, durante a semana passada, conseguiram habeas corpus no Tribunal de Justiça. Eles foram exonerados de seus cargos no início da semana passada.