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Alfredo Nascimento pede licença do cargo de senador até o dia 18 de julho

No pedido, Nascimento não especificou o motivo da licença, se restringindo a dizer que seria para tratar "de interesses particulares" - Reprodução
No pedido, Nascimento não especificou o motivo da licença, se restringindo a dizer que seria para tratar "de interesses particulares" Imagem: Reprodução

Camila Campanerut<br> Do UOL Notícias

Em Brasília

08/07/2011 13h51

O ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pediu licença do cargo de senador por 11 dias --de 7 a 18 de julho, sem remuneração. A informação foi confirmada pela secretaria geral do Senado Federal.

No pedido, Nascimento não especificou o motivo da licença, se restringindo a dizer que seria para tratar “de interesses particulares”.

O primeiro suplente, João Pedro (PT-AM), não vai assumir, porque ele só seria acionado quando o período de licença ultrapassar 120 dias. O término do período de licença coincide com o início do recesso parlamentar de duas semanas, que termina em 31 de julho, o que daria, no total, um adiamento de três semanas para que o senador volte ao posto e se explique aos colegas de parlamento sobre as acusações de superfaturamento, cobrança de propina em obras do Ministério e aumento patrimonial do filho em 86,500% em seis anos.  

Para a próxima semana, havia a expectativa de que Nascimento fosse a uma audiência conjunta de comissões da Câmara dos Deputados para dar esclarecimentos sobre as denúncias. No entanto, com a licença, cresce a possibilidade dele não aceitar o convite.  

Nascimento, que é presidente do PR e senador licenciado, foi afastado do Ministério após uma série de denúncias de irregularidades em sua pasta. No lugar dele, interinamente, está o ex-secretário-executivo da pasta, Paulo Sérgio Passos (PR).

Vídeo mostra Nascimento liberando verbas em gabinete; assista

Investigação

Ontem, a Controladoria-Geral da União (CGU) recolheu computadores do Ministério dos Transportes para apurar denúncias de corrupção que envolvem Alfredo Nascimento.

Segundo Jorge Hage, o ministro interino recebeu um ofício para que as medidas sejam tomadas. “Comuniquei-me com ele e disse que enviaria a equipe. A equipe entrou no Ministério, no Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e na Valec para recolher os computadores das pessoas e começar a coleta dos documentos.”

Cerca de dez computadores devem ser retirados, de acordo com a CGU. Todos eles têm relação com as denúncias envolvendo indicados por Nascimento.

Portaria publicada no Diário Oficial desta quinta-feira oficializa a indicação do ministro-chefe da CGU para formar uma equipe da controladoria que fará a auditoria completa nas licitações, contratos e execução de obras a cargo do DNIT e da Valec Engenharia, ligados ao Ministério dos Transportes, e citados nas denúncias de irregularidades.

A equipe, formada por oito integrantes, fará a auditoria no período de 6 de julho a 31 de agosto e apresentará um relatório sobre o caso. Um outro servidor foi designado para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos da comissão de sindicância designada na segunda-feira (5) para acompanhar as investigações dentro do Ministério.

O caso

No último sábado (2), a revista "Veja" relatou suposto esquema de propinas no Ministério dos Transportes que beneficiariam o PR – partido ao qual pertence o então ministro Alfredo Nascimento e que comanda a pasta desde o governo Lula.

No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff afastou quatro dirigentes da cúpula do Ministério, incluindo Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit, e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. Os outros afastados são Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete de Nascimento, e Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro.

Na quarta-feira, o jornal "O Globo" divulgou que a empresa do filho de Nascimento está sob investigação de enriquecimento ilícito após registrar um aumento patrimonial de 86.500% e de manter contato com empresas que têm negócios com o ministério.Também foi divulgado que o engenheiro civil Mauro Barbosa da Silva, até a semana passada chefe de gabinete do ministro Alfredo Nascimento, está construindo uma mansão em Brasília com três pavimentos e 1.300 metros quadrados.