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Oposição adia sabatina de Gurgel para pressionar investigação nos Transportes

Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

12/07/2011 07h05

A manobra da oposição para adiar a sabatina que reconduzirá Roberto Gurgel ao cargo de procurador-geral da República teve como objetivo dar um recado ao chefe do Ministério Público Federal, disseram ao UOL Notícias dois senadores que participaram da articulação. Segundo os oposicionistas, o adiamento servirá para que as denúncias no Ministério dos Transportes sejam devidamente apuradas.

Na segunda-feira (11), a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado poderia ter decidido pela aprovação do nome de Gurgel. No entanto, DEM, PDT e PSDB apresentaram um pedido de vistas para adiar a sabatina pelo prazo regimental de cinco sessões. Como o Congresso Nacional entra em recesso no fim da semana, a recondução só seria votada pelos senadores no retorno, na primeira semana de agosto. Desta forma, o órgão ficará sem titular do dia 22 deste mês até agosto.

Antes de ser reconduzido ao cargo pelo Palácio do Planalto, Gurgel não abriu inquérito sobre a multiplicação do patrimônio de Antonio Palocci (ex-Casa Civil), até recentemente o principal assessor da mandatária. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff demitiu a cúpula da pasta dos Transportes e recebeu pedido de demissão do então ministro, Alfredo Nascimento, após denúncias de corrupção. "Ele [Gurgel] já livrou um, poderia livrar o outro", disse um dos senadores.

Outro dos senadores foi mais enfático: "Até o dia 22 ele vai ter de dar sinais de que está investigando a sério o caso do Ministério dos Transportes. Não foi uma retaliação por ele ter livrado Palocci, mas é um movimento de defesa do nosso regimento interno e também para que o procurador mostre a coragem que tem e investigue".

Os dois senadores avaliam que Gurgel ficou abaixo do esperado no inquérito do mensalão, que deve ser julgado no STF (Supremo Tribunal Federal) no primeiro semestre do ano que vem. O procurador livrou Luiz Gushiken, ex-secretário de Comunicação Social do governo Luiz Inácio Lula da Silva, da acusação de envolvimento no esquema. "Ali Gurgel não fez mais do que a obrigação. Aliás, fez menos que Antonio Fernando de Souza [antecessor de Gurgel], que processou Guskiken também", disse um dos oposicionistas.

Pagot fala hoje no Senado

Nesta terça-feira, o diretor afastado do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, irá ao Senado para prestar depoimento sobre as acusações de superfaturamento de obras no ministério. Ele foi um dos homens afastados do cargo após as denúncias de irregularidades na pasta.

A oposição acha que Pagot pode estar “magoado” e dará detalhes sobre o suposto esquema de corrupção no ministério.