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Procuradora que forjou insanidade é repreendida e desmaia em sessão no TRF

Priscilla Mazenotti <br> Da Agência Brasil

Em Brasília

21/07/2011 13h00Atualizada em 21/07/2011 14h48

A promotora Deborah Guerner passou mal e desmaiou nesta quinta-feira (21) durante julgamento no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Ela buscava ajuda no serviço médico ao marido, Jorge Gurner, que teve uma crise de pressão alta. Nervosa, ela saiu correndo da sessão em busca de atendimento e desmaiou na pista fora do TRF, que dá acesso ao serviço médico. Jorge Guerner saiu dirigindo o carro do casal e Deborah saiu de cadeira de rodas. Por estar desacordada, precisou da ajuda de um brigadista para entrar no carro.

Vídeo revela o envolvimento de promotores no mensalão do DEM

A corte especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região decide hoje (21), a portas abertas, se o ex-procurador-geral de Justiça do Distrito Federal Leonardo Bandarra e a Deborah Guerner vão responder criminalmente por envolvimento no esquema de corrupção que ficou conhecido como mensalão do DEM. Os dois são acusados de extorsão, quebra de sigilo funcional e formação de quadrilha. No início da sessão, os desembargadores decidiram abrir o julgamento à imprensa, ao contrário do anterior, em outubro. Na ocasião, o TRF rejeitou recurso em que Deborah Guerner alegava insanidade mental.

Bandarra e Guerner teriam exigido R$ 2 milhões do então governador José Roberto Arruda para não divulgar vídeos em que ele aparecia recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do esquema. Os dois também teriam sido responsáveis pelo vazamento de documentos para o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa referentes à Operação Megabyte, que apurou desvio de R$ 1,2 bilhão dos cofres públicos. O vazamento permitiu que Barbosa conseguisse destruir provas antes da busca em sua casa.

Segundo um dos advogados de Deborah, Maurício Araújo, a promotora teve mesmo um mal-estar e precisou de atendimento. “Ela teve um mal-estar e sofreu um desmaio”, disse. Perguntado se isso seria mais uma simulação de Deborah, ele negou. “Isso seria má-fé. Ela sofreu um desmaio. Não teria por que simular isso. Eles estão com o estado emocional fragilizado.”

Durante a discussão sobre a abertura da sessão de hoje, ela tentou interferir e gritou aos desembargadores: “O Arruda [ex-governador do DF José Roberto Arruda] não foi denunciado, nem o Paulo Octávio [ex-vice-governador do DF] nem ninguém!”.

O presidente do tribunal, Olindo Menezes, a repreendeu: “Se a senhora falar mais uma vez vou retirá-la daqui. A senhora não é obrigada a estar presente, mas, se tumultuar mais uma vez, vai ser retirada”. A partir daí, Deborah sentou-se, calada, ao lado do espaço onde ficam os jornalistas.

Os desembargadores julgam agora a denúncia de extorsão. Deborah e Bandarra teriam exigido R$ 2 milhões do então governador José Roberto Arruda para não divulgar vídeos em que ele aparecia recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, delator do esquema. As acusações de quebra de sigilo funcional e de formação de quadrilha serão julgadas à tarde.

Em junho, o TRF da 1ª Região rejeitou, por unanimidade, um recurso da promotora Deborah Guerner em que ela pedia para que fosse reconhecida sua insanidade mental. A promotora é acusada de envolvimento no esquema de corrupção e distribuição de propinas, envolvendo autoridades do governo do Distrito Federal e empresários. Além disso, no final de abril, a promotora e Jorge Guerner foram presos por terem forjado exames médicos que comprovariam sua insanidade mental.

O advogado vai comunicar ao presidente do TRF o ocorrido, mas não vai pedir a suspensão do julgamento. Eles devem permanecer por uma hora no posto médico.