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Amigo de Serra, Jobim serviu a FHC, Lula e Dilma

Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

04/08/2011 20h17

Ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e titular das pastas da Justiça e da Defesa em governos diferentes, Nelson Jobim perdeu o cargo nesta quinta-feira (4) depois de uma série de declarações que colocaram em má posição a presidente Dilma Rousseff e seu governo. Em sete meses, o peemedebista foi afastado de debates jurídicos no Palácio do Planalto, sumiu das reuniões de avaliação política e repassou o comando da aviação civil a outra pasta.

Aos 65 anos de idade, Jobim é visto como o homem que pacificou tensões do governo de Luiz Inácio Lula da Silva com as Forças Armadas. Desde o surgimento da pasta da Defesa, em 1999, ele foi o ministro mais longevo: ficou mais de quatro anos no cargo. O prestígio que tinha minguou com a sucessora. Não emplacou a ambiciosa compra de novos caças e se reuniu com a presidente mais para explicar declarações do que para promover políticas.

Ficou no governo Dilma por influência do ex-presidente Lula, apesar de ser um dos melhores amigos de José Serra, derrotado pela petista nas eleições presidenciais do ano passado. Jobim já dividiu apartamento com o tucano quando foi deputado federal e o escolheu como padrinho de seu casamento. Em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, no programa “Poder e Política – Entrevista”, do UOL, da Folha de S.Paulo e Folha.com, ele admitiu que votou em Serra.

Há pouco mais de um mês, ele fez críticas veladas à atual administração durante a comemoração do 80º aniversário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem também serviu, como ministro da Justiça. Jobim disse ter sido mal interpretado pela imprensa na ocasião e acabou perdoado por Dilma. O plano da presidente era substituí-lo no fim do ano ou em uma provável reforma ministerial em 2012, com vistas às eleições municipais.

Estilo rígido

Desde que se tornou ministro da Defesa, Jobim atuou como intermediário dos pleitos dos militares junto ao governo. Se tivesse sido mantido, bateria à porta de Dilma nas próximas semanas para pedir aumento dos soldos. Ainda assim, passou descomposturas em homens de farda, cobrando respeito à hierarquia e ao poder civil sobre as Forças Armadas.

Jobim assumiu a pasta em julho de 2007, no lugar do petista Waldir Pires. Era o auge da crise aérea, com o acidente da TAM no aeroporto de Congonhas, no qual morreram 199 pessoas. Quando cuidava das atribuições da aviação civil, comandou uma reformulação na malha aérea. Também esteve à frente da criação da Comissão da Verdade, que tentará esclarecer crimes cometidos durante o regime militar (1964-1985).

O último momento importante de Jobim no ministério foi em novembro de 2010, quando participou das operações que expulsaram traficantes do complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O sucesso da empreitada, que uniu as Forças Armadas à polícia fluminense, contribuiu para a continuidade do peemedebista na pasta.