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Sucessor de Jobim, ex-chanceler de Lula e neopetista, Amorim teve gestão polêmica no Itamaraty

Celso Amorim, o novo ministro da Defesa do governo Dilma Rousseff - Sérgio Lima - 18.mai.2010 / Folha imagem
Celso Amorim, o novo ministro da Defesa do governo Dilma Rousseff Imagem: Sérgio Lima - 18.mai.2010 / Folha imagem

Maurício Savarese<br>Do UOL Notícias

Em Brasília

04/08/2011 20h16Atualizada em 04/08/2011 21h19

Indicado nesta quinta-feira (4) para substituir Nelson Jobim no Ministério da Defesa, o diplomata Celso Amorim, 69, filiou-se recentemente ao PT e serviu como chanceler nos dois mandatos (2003-2010) de Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Defensor de uma política externa mais ideológica, ele colecionou conquistas e adversários que não chegaram a comover a presidente Dilma Rousseff a mantê-lo no cargo no início deste ano.

Formado diplomata pelo Instituto Rio Branco em 1965, a primeira passagem de Amorim como chanceler veio entre 1993 e 1995, no governo Itamar Franco. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso, tornou-se chefe da missão diplomática brasileira nas Nações Unidas. Mais tarde, seria transferido para Genebra, na Suíça, e terminaria, em 2001, como embaixador no Reino Unido.

Depois da vitória de Lula, foi o único peemedebista convidado a integrar o governo – embora seus vínculos com o partido nunca tenham sido intensos. No Itamaraty, Amorim se disse defensor de uma política externa “altiva”. Ao final de sua passagem pelo cargo, o Brasil tinha se tornado um ator mais importante em questões globais, mas também tinha se aproximado de dezenas de países que desrespeitam direitos humanos.

Nos seus oito anos como ministro de Lula, Amorim teve maior destaque nas negociações entre Brasil e Turquia com o Irã para que a teocracia islâmica desse mais garantias sobre seu programa nuclear. Apesar de os três países terem fechado um acordo, as potências do Ocidente não confiaram nas intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que, apesar de muitas declarações antissemitas, tornou-se o primeiro mandatário de Teerã a visitar o Brasil.

Caças e comércio

Amorim trabalhou como chanceler em um dos assuntos mais espinhosos para o Ministério da Defesa: a substituição dos aviões militares brasileiros, em um programa bilionário. O então chanceler foi artífice de um acordo com a França, para que os caças Dassault e submarinos do país europeu fossem adquiridos pelo Brasil, em detrimento dos concorrentes norte-americanos.

Além disso, ele teve como sucesso a ampliação do comércio do Brasil com regiões antes negligenciadas, como África e Oriente Médio. Ao mesmo tempo, o país aumentou suas exportações para países desenvolvidos e para a China. As relações com os vizinhos sul-americano ganharam um tom controverso, no qual o Brasil se tornava a principal potência da região, mas tolerava excessos, muitas vezes envolvendo ativos brasileiros, dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, da Venezuela, Hugo Chávez, e do Paraguai, Fernando Lugo.

Ao sair do Ministério das Relações Exteriores, Amorim declarou que o Brasil precisava de um chanceler com perfil mais negociador para os próximos anos, cheios de contenciosos no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). Dilma optou por Antonio Patriota, também funcionário de carreira, mas menos ligados a posições partidárias, como era o antecessor.