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Ministro do Esporte diz que oposição provoca com "histeria" e rejeita mudar equipe

Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

25/10/2011 19h30

Após quase quatro horas de audiência pública na Câmara dos Deputados, na qual falou sobre a Lei Geral da Copa do Mundo e ouviu críticas de oposicionistas à sua gestão, o ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou nesta terça-feira (25) que está “tranquilo e sereno” para continuar seu trabalho e que pediu uma sindicância na pasta em defesa da honra e de sua equipe –também acusada de se envolver com desvio de recursos públicos.

Logo no início da sessão, os líderes do DEM e do PSDB criticaram a presença do ministro na audiência. O encontro foi marcado antes da primeira denúncia publicada pela revista “Veja”, há 11 dias. Foi a segunda vez que Silva falou à Casa em apenas uma semana –ele também esteve no Senado. Durante a reunião, Silva ouviu ataques duros e se limitou a dizer que responderia no momento adequado.

“A sua visita é uma afronta, o senhor não deveria estar sentado na cadeira de ministro”, disse o deputado ACM Neto (DEM-BA). “Sua vinda aqui na semana passada foi uma afronta ao Congresso. Nesta semana é uma afronta ao Brasil. O povo brasileiro quer o senhor longe das discussões sobre Copa do Mundo.”


O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), também chamou a presença de afronta e disse que o governo quer dar uma “impressão de normalidade que não existe”. Vários oposicionistas reforçaram o coro durante a audiência. A resposta do ministro só veio depois, em entrevista a jornalistas. “Não foram poucas as provocações. Algumas até com histeria”, disse. “Tomei a decisão de não comentá-las em respeito à comissão.”
 
Ele aproveitou para reforçar o apoio a seus assessores, envolvidos em gravações do acusador João Dias, policial militar que diz ter contribuído com o suposto esquema e que estará na Câmara nesta quarta-feira para esclarecer as acusações. “Eu tenho a serenidade dos justos, de quem está do lado da verdade, de quem vai combater sem trégua os ataques que sofreu”, disse Silva. “Ao final desse processo, terei um atestado de idoneidade, porque assim é a minha conduta. O trabalho do ministério segue, a equipe do ministério segue trabalhando.”

Ministro investigado

Questionado se está confortável no cargo apesar de ser investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Silva respondeu: “Quem solicitou a apuração fui eu. Vou seguir serenamente desenvolvendo o meu trabalho. É uma campanha contra mim, uma cruzada”. Depois, disse que cabe à presidente Dilma Rousseff decidir se ele fica no cargo.

O ministro ainda prometeu se defender “incessantemente”. “Eu não posso aceitar que os cinco anos de trabalho sejam jogados de lado por uma acusação falsa. Daí a exigência de que sejam apurados todos os fatos”, afirmou. “Existe uma campanha, uma tentativa de desestabilização política e eu vou me defender”, finalizou Silva.

O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, foi chamado ao Palácio do Planalto para uma reunião com a presidente Dilma Rousseff. Do encontro também participaram os ministros Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. O tema do encontro não foi divulgado, mas o chamado da presidente ocorreu após a decisão do STF de iniciar investigação sobre os convênios do Ministério do Esporte firmados com organizações não governamentais.

*Com informações da Agência Brasil