Presidente da Câmara de Guarapuava (PR) é preso ao receber R$ 1.000 de assessor; vereador tinha mais R$ 11 mil e holerites
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) prendeu em flagrante nesta terça-feira (25) o presidente da Câmara de Guarapuava (cidade a 255 km de Curitiba), vereador Ademir Strechar.
Segundo o Ministério Público do Paraná, Strechar se apropriava de parte do salário de um assessor e foi preso no gabinete da Presidência no momento em que estaria recebendo R$ 1.000 do funcionário.
Em entrevista ao UOL Notícias, o coordenador do Gaeco em Guarapuava, promotor Cláudio César Cortesia, afirmou que o vereador havia acabado de receber o dinheiro de um assessor que, mensalmente, tinha salário de R$ 2.400. No bolso do parlamentar, os oficiais localizaram ainda R$ 11 mil em espécie e vários holerites de outros assessores do gabinete. A origem desse montante, contudo, ainda não foi identificada pelo MP. O caso veio à tona antes do início da sessão na Câmara e em dia de pagamento dos funcionários.
"Cansado dessas cobranças, o assessor parlamentar que fazia o repasse mensalmente denunciou o vereador, ontem, e relatou que fazia os pagamentos desde 2009 sob a ameaça de perder o emprego. Mas é claro que nos chama muito a atenção ter tantos holerites nas mãos do vereador, que nem é, de fato, quem paga o salário", disse o coordenador do Gaeco, que completou: "Imaginamos que não seja um fato isolado".
Durante o ato da prisão, conforme Cortesia, o parlamentar teria dito que os R$ 11 mil seriam oriundos de um vendedor de carros que ele recebia em seu gabinete naquele momento. "Mas esse suposto vendedor foi indagado sobre a alegação do preso e o desmentiu", frisou o promotor. As investigações apontaram que os repasses eram feitos em espécie após o cheque com o pagamento efetuado pelo Legislativo ser descontado.
O coordenador do Gaeco no Paraná, o procurador de Justiça Leonir Batisti, afirmou que Strechar será indiciado pelo crime de peculato (extorsão praticada por agente público). Na esfera cível, o vereador ainda deverá responder por ato de improbidade e, se condenado, pode perder os direitos políticos, ficar inelegível e ressarcir os cofres públicos.
"Temos visto que isso acontece com uma certa constância, ainda que se ouça muito sobre coisas nas quais nem sempre é possível determinar se havia ou não crime", comentou Batisti.
O Gaeco deve transferir o vereador para uma unidade prisional ainda hoje. A reportagem não conseguiu contato com algum advogado do parlamentar.
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