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Orlando Silva é o quinto ministro indicado por Lula a deixar o governo Dilma

Maurício Savarese

Do UOL Notícias <br> Em Brasília

26/10/2011 19h32

A demissão do agora ex-titular da pasta do Esporte, Orlando Silva, faz dele o quinto integrante de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a caírem em desgraça com Dilma Rousseff, sua sucessora no Palácio do Planalto. Antes do comunista, Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura) e Nelson Jobim (Defesa), todos indicados por Lula, deixaram seus ministérios. Apenas Pedro Novais (Turismo) não tinha apadrinhamento do ex-mandatário.

Por ser dirigente do PCdoB, partido que se aninhou na pasta já em 2003, Silva ocupou diversas secretarias do Ministério do Esporte até 2006, quando sucedeu Agnelo Queiroz, hoje neopetista e governador do Distrito Federal. Após a derrota eleitoral de Agnelo –que buscava uma vaga no Senado– conseguiu se manter à frente da pasta no segundo mandato de Lula.

A proximidade com Lula se deu durante os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007. Silva articulou junto ao ex-presidente as vitoriosas candidaturas do Brasil a sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Por isso, apesar da contrariedade de Dilma, conseguiu ficar no cargo –embora com menos poder, por conta da criação da APO (Autoridade Pública Olímpica, a cargo de Henrique Meirelles).

A demissão de Silva se deu depois de denúncias à revista “Veja” feitas pelo policial militar João Dias, indicando o ministro como membro de um esquema de desvio de verbas públicas para abastecimento de caixa eleitoral do PCdoB. O ministério já tinha reconhecido problemas em convênios com ONGs no programa Segundo Tempo, mas o envolvimento direto do comunista nunca tinha sido apontado.

Ainda há outros membros do governo Lula que ocupam cargos de primeiro escalão na gestão de Dilma. Os titulares da Fazenda (Guido Mantega), Educação (Fernando Haddad), Trabalho (Carlos Lupi), Minas e Energia (Edison Lobão) e da Controladoria-Geral da União (Jorge Hage) mantiveram os cargos. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, era o titular do Planejamento. O ex-chanceler Celso Amorim recentemente se tornou ministro da Defesa. O chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, é secretário-geral da Presidência.

Líder do governo Lula no Senado e candidato derrotado ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante é ministro de Ciência e Tecnologia por influência direta do ex-presidente, de quem foi o principal assessor econômico antes da chegada do petista ao poder.

Histórico lulista

Principal assessor de Dilma durante a campanha e na formação do seu governo, Palocci deixou o cargo depois da denúncia da Folha de S.Paulo de que seu patrimônio se multiplicou mais de 20 vezes. Na gestão de Lula, ele foi ministro da Fazenda até 2006, até a descoberta de que ele frequentava uma mansão de lobistas em Brasília –com a posterior violação do sigilo bancário de seu denunciante, o caseiro Francenildo Santos Costa.

O senador Alfredo Nascimento, alvo de diversas denúncias no governo Lula, não resistiu à pressão sob Dilma. Um esquema de desvio de verbas públicas no Ministério dos Transportes, supostamente para abastecer o PR, levou o ministro à demissão. Alegando ter sido abandonado, ele declarou independência de seu partido no Senado.

Nelson Jobim deixou o Ministério da Defesa não por denúncias de corrupção, mas sim por falta de afinidade com Dilma e seu governo. Padrinho de casamento de José Serra, ele declarou ao programa “Poder e Política: entrevista”, do UOL e da Folha de S.Paulo, que nas eleições presidenciais votou para o tucano, e não para a petista. À revista “Piauí”, criticou duas ministras próximas da presidente: Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

ANÁLISE DOS BLOGUEIROS DO UOL ESPORTE

JUCA KFOURI: "Alguma coisa aconteceu para que se fale num interino para assumir o ministério". Leia o comentário completo.
JOSÉ CRUZ: "Brasil precisa de um novo modelo de Ministério do Esporte". Leia o comentário completo.
PERRONE: "Craque em articulações, ministro sai acusado de traição por São Paulo e CBF". Leia o comentário completo.