Topo

Pela 4ª vez, governistas derrubam tentativa de chamar Pimentel para se explicar

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel - Moacyr Lopes Junior/Folhapress
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL Notícias, em Brasília

14/12/2011 11h51

Por 14 votos contra 8, os deputados integrantes da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional derrubaram nesta quarta-feira (14) um requerimento de convocação do o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.

O pedido de convocação foi uma estratégia de última hora da oposição que em vez de usar como motivo do pedido as denúncias sobre o possível tráfico de influência, eles pediram que Pimentel explicassse em audiência pública os impactos de uma resolução relativa à pasta dele, que trata da lista de exceções de produtos comercializados no Mercosul com alíquotas especiais.

"Considera-se que o setor industrial brasileiro, que já apontou estagnação no último trimestre, será afetado de forma negativa em face da redução do imposto de importação, medida essa que facilitará a importação de produtos industrializados fora do país, em detrimento da produção local que, agora, mais do que nunca, deve ser objeto de algum tipo de proteção visando o fortalecimento da economia nacional", argumentou o autor do pedido, o deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ).

Ao verificar que a base governista começou a encher a comissão e não engoliu a proposta, Nercessian ironizou: “Ele [ministro Fernando Pimentel] é uma pessoa muito querida. Vamos dividir o ministro? É uma oportunidade para ele responder sobre as leviandades que a mídia tem feito [com ele]”.

Mais cedo, os parlamentares da oposição amargaram a terceira derrota na tentativa de convidar o ministro para explicar, o que, de fato, eles têm interesse de saber sobre a atuação dele como consultor entre os anos de 2009 e 2010 e as acusações de tráfico de influência em contratos na prefeitura de Belo Horizonte (MG), onde foi prefeito e o atual mandatário é seu aliado político.

Ainda nesta manhã, na comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, o deputado federal ACM Neto (DEM–BA) tentou colocar em votação um novo pedido para chamar Pimentel. O requerimento não foi nem aceito pelo presidente da comissão, o deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), que afirmou que não havia “fatos novos” em relação ao caso.

Pedidos semelhantes também foram rejeitados nas comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, do Senado; e na de Fiscalização e Controle, da Câmara dos Deputados.

Dilma defende ausência

Ontem (13), em evento em Porto Alegre, a presidente da República Dilma Rousseff falou publicamente sobre os pedidos de convite para Pimentel se explicar no Congresso e expressou sua defesa ao ministro.

"O governo não acha nada. Só acha o seguinte: é estranho que um ministro preste satisfações no Congresso sobre a vida privada, da vida pessoal passada dele. Se ele achar que deve ir, ele pode ir. Se ele achar que não deve ir, ele não vai", afirmou a presidente

Entenda o caso

Reportagens do jornal “O Globo” mostraram suposto tráfico de influência de Pimentel, no período de 2009 a 2010, enquanto atuava como consultor a empresas que fecharam contratos com a Prefeitura de Belo Horizonte (MG), onde foi prefeito e é aliado do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB). Na ocasião, Pimentel também atuava na coordenação da campanha eleitoral da então candidata Dilma Rousseff.

Nos dois anos, a P-21 Consultoria e Projetos recebeu R$ 2 milhões pelos serviços prestados. O jornal trouxe a informação de que a empresa recebeu em 2009 e 2010 R$ 400 mil da QA Consulting, que pertence a um dos filhos de Otílio Prado –que é sócio do ministro em uma outra empresa e que foi assessor especial quando Pimentel estava na prefeitura.

Ainda de acordo com o jornal, Otílio Prado, exonerado do cargo de consultor técnico em 31 de dezembro de 2008, voltou dois dias depois à prefeitura, já sob o comando de Márcio Lacerda, como assessor especial lotado no gabinete do prefeito, com salário de R$ 8.840.