Nunes e Lula buscam protagonismo em obra na periferia de SP

De lado opostos na eleição municipal paulistana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o presidente Lula (PT) têm buscado protagonismo em obras na periferia da cidade. Uma delas é a do Instituto Federal Cidade Tiradentes, na zona leste da cidade.

O que aconteceu

Prefeito e presidente marcaram eventos para dias diferentes. Nunes assinou ontem (28) a cessão do terreno. Lula participa hoje de evento ao lado do pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) e da pré-candidata a vice Marta Suplicy (PT). O presidente apoia a chapa do psolista na eleição municipal em São Paulo.

O instituto será construído no terreno cedido pela prefeitura e a obra será paga com recursos do MEC (Ministério da Educação). Boulos já tem explorado os anúncios do governo federal na pré-campanha para atrair votos do eleitor da periferia. Mais cedo, Nunes afirmou que tem "outras parcerias" com a União e que o objetivo é sempre visar que a população seja atendida — ele disse trocar mensagens com o ministro Alexandre Padilha.

Convidado pelo Planalto para participar, o prefeito disse que não faz sentido marcar presença no evento. Para ele, a agenda do governo federal é um "ato político", porque contará com a presença de Boulos e Marta. O Planalto afirma também ter convidado o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na assinatura do termo ontem, Nunes também disse que a placa sobre o início da obra do instituto ficou sem o nome da prefeitura ou qualquer menção à sua gestão. "Democracia é bonita quando ela é na sua plenitude. Não precisava disso, temos que ser maior que isso", afirmou o prefeito. Procurado, o Planalto disse que "em geral" as placas levam o nome do presidente e do governador, mas em "São Paulo terá o nome do prefeito".

Lula e Boulos foram condenados pela Justiça por campanha antecipada em um evento das centrais sindicais no Dia do Trabalho. O presidente pediu voto explicitamente ao pré-candidato. A propaganda eleitoral só pode ser feita a partir de 16 de agosto.

Agenda de Lula e do pré-candidato prevê também o anúncio da expansão do Metrô para o Jardim Ângela. Nunes participou de um ato sobre o mesmo tema com Tarcísio na semana passada. Após o evento, o governador anunciou a escolha do vice do prefeito, o coronel da PM Ricardo Mello Araújo.

Diferentemente da avaliação que faz sobre o eventos do adversário, Nunes considera que seu evento não tem cunho político e disse que não escanteou o governo. "Nós sabíamos que os jornalistas iriam perguntar sobre a questão do vice. Tivemos o cuidado de não fazer nem dentro do local [a entrevista coletiva]", justificou o prefeito.

Voto na periferia

Pesquisas têm mostrado que Nunes lidera as intenções de voto na periferia, já Boulos fica em 2º lugar. A pré-campanha do psolista enxerga a imagem de Lula e de Marta como trunfos para ganhar espaço nesses lugares.

Continua após a publicidade

Mapa eleitoral da capital paulista nas últimas eleições mostra que candidatos conservadores têm desempenho melhor nas regiões centrais. Foi assim em 2004, quando Marta perdeu para José Serra (PSDB); em 2008, quando a petista foi derrotada novamente por Gilberto Kassab (então DEM); e em 2012, quando Fernando Haddad (PT) venceu Serra.

Em 2016, João Doria venceu no primeiro turno em 56 das 58 zonas eleitorais da cidade. Ele perdeu em Parelheiros e Grajaú para Marta, à época filiada ao PMDB. Em 2020, Covas venceu Boulos em 50 zonas —o psolista se saiu melhor em regiões periféricas das zonas leste e sul.

Deixe seu comentário

Só para assinantes