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PT chama ataques contra Bezerra de preconceito e PMDB destaca "ética" do ministro

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

12/01/2012 19h53Atualizada em 12/01/2012 22h11

A base governista no Congresso Nacional saiu em defesa do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), que falou por quase quatro horas nesta quinta-feira (12) na reunião da Comissão Representativa, para explicar a série de acusações sobre favorecimento a parentes e privilégio na destinação de recursos ao seu Estado de origem, Pernambuco.

"Não podemos jogar a toalha", diz oposição sobre Bezerra

 
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), seguiu a linha do ministro e apontou o preconceito contra o Nordeste e os nordestinos como um dos pontos que levou o ministro a ser alvo das denúncias.
 
"Acho difícil que se tivesse havido liberação até maior para Estados como São Paulo tivesse essa celeuma. Isso só acontece quando se trata do Nordeste", afirmou.

O apoio mais expressivo, no entanto, foi visto pelo maior partido da base aliada do governo Dilma, o PMDB. O presidente da legenda, Valdir Raupp (RO), o líder no Senado, Renan Calheiros (AL), e próprio presidente do Congresso, José Sarney (AP), foram recepcionar o ministro na chegada ao Congresso.
 
Durante a sessão, foi a vez do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), se manifestar, apesar de não fazer parte da Comissão Representativa –composta por 17 deputados e oito senadores.
 
“Eu quero dar um testemunho. Não sou do seu partido. O prefeito da sua cidade [Petrolina] é do meu partido, o PMDB, mas eu tenho dever de dar o depoimento da sua ética, do compromisso correto da vida pública [do ministro]”, afirmou.  
 
Alves contou que, há meses, conversou com o ministro e soube da dificuldade dele de achar um substituto para o irmão Clementino Coelho, que ocupava a presidência da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), empresa vinculada ao ministério.
 
“Não sei de quem foi a culpa, mas só não foi a de vossa excelência [se referindo a Bezerra]”, completou.   
 
Alves também rejeitou a acusação de que Bezerra teria favorecido seu filho, o deputado pelo PSB, Fernando Coelho Filho, no atendimento de 100% do empenho das emendas pedidas à pasta.
 
O peemedebista destacou que, da bancada dele, pelo menos dois deputados –um do Mato Grosso e outro do Mato Grosso do Sul–, também tiveram suas demandas contempladas, o que derrubaria a tese de beneficiamento específico ao filho.

Oposição

A oposição, que não contabilizou nem dez parlamentares na sessão, recebeu por parte do ministro as mesmas explicações dadas em notas oficiais e em entrevistas coletivas concedidas desde o início das acusações.
 
“O ministro respondeu o que conseguiu responder (...). O depoimento foi como se esperava e foi importante para difundir os fatos e a população se conscientizar do que acontece na distribuição orçamentária no país”, avaliou o líder do PSDB, Alvaro Dias (PR).   
 
Segundo Dias, o partido apoia a atitude do senador do DEM, Demóstenes Torres (GO), de entrar com representação contra Bezerra, e aguarda reposta da Justiça aos indícios de improbidade administrativa por parte do ministro.

Para o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), as explicações do ministro não encerram o caso nem a crise do governo Dilma, que conta com seis ministros derrubados por acusações de corrupção.

“A crise está ai. Há muita coisa a explicar e muito a se fazer. Até porque este governo já mostrou grande incapacidade técnica na questão do planejamento. O caso da Integração é uma amostra que não se planeja, apenas privilegiam-se os apaniguados”, afirmou Bueno.