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Para Lupi, indicação do PDT para Ministério do Trabalho terá "perfil político"

O ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi - Reprodução
O ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi Imagem: Reprodução

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

30/01/2012 16h03Atualizada em 30/01/2012 17h26

O ex-ministro do Trabalho e presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou nesta segunda-feira (30) que acredita que um novo nome para representar seu partido na pasta que deixou no governo Dilma Rousseff deverá ter “perfil político”.

"Pouco provável [que tenha um perfil técnico]. [Para] o Ministério do Trabalho tem que ter um perfil administrativo, mas é eminentemente político. Não é uma pasta como a Fazenda, Ciência e Tecnologia, como Saúde, que tem perfil mais técnico. Não é o caso do Ministério do Trabalho”, avaliou Lupi, que deixou o posto após uma série de acusações de beneficiamento do partido em contratos e prestação de serviço.

A expectativa de Lupi é que a conversa no Palácio do Planalto seja na próxima semana, antes do Carnaval. Para a negociação com a presidente, Lupi, desgastado com sua saída, deverá ser representado por uma comissão constituída ainda no ano passado e formada pelo vice-presidente da legenda, o deputado federal André Figueiredo, o deputado federal Brizola Neto, o secretário-geral do PDT, Manoel Dias e os dois líderes da legenda no Congresso, Giovanni Queiroz (da Câmara dos Deputados) e Acir Gurgacz (do Senado).

“Ainda não [temos lista]. Vamos aguardar ela [presidente Dilma] dizer o que ela quer. A decisão é dela”, completou Lupi.

Após a saída de Lupi, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto, também do PDT, assumiu o cargo.

Questionado sobre a relação com o governo e o “amor” à presidente Dilma, Lupi reiterou que o apoio continua, independente de uma indicação da legenda assumir ou não a pasta.

“Eu amo todos vocês, inclusive a presidente”, brincou Lupi em referência ao depoimento que deu no Senado no ano passado, quando alegou inocência e disse que amava a presidente.

Presidência do partido

Eleito no ano passado para o mandato de dois anos, Lupi licenciou-se da presidência do PDT enquanto atuou como ministro do Trabalho nos governos Lula e Dilma.

Na reunião do PDT, no último dia 9 deste mês, Lupi reassumiu o posto --ocupado interinamente pelo vice-presidente da legenda, o deputado federal André Figueiredo (CE).

Durante a reunião de hoje, vozes dissonantes do partido foram contra a volta de Lupi ao posto principal do PDT, e o MRLB (Movimento de Resistência Leonel Brizola) chegou a apresentar uma proposta para se realizar uma votação no dia 15 de abril para trocar a presidência.

A proposta foi coordenada por ex-deputado Vivaldo Barbosa, que disse que “o PDT perdeu sua veia ética”. A maioria dos presentes negou a proposta.

Lupi foi questionado hoje, por duas vezes, sobre a manifestação contrária a permanência dele no comando do PDT. Na primeira vez, o ex-ministro disse que teve apoio da maioria: “Tenho condições [totais de continuar como presidente do PDT]. Fui eleito e legitimado mais uma vez hoje. A única votação que teve foi três votos contrários e 247 a favor. Essa é a melhor resposta”.

Na segunda vez, Lupi disse que o documento contra ele era falso, contrariando a fala anterior de que houve uma votação durante a reunião: “É um documento falso. Não tem nenhuma votação. Eu garanto a vocês que a informação é falsa e tenho 250 testemunhas, é só procurar (...). Tem gente que perde a capacidade de diálogo e começa a criar as coisas”.

De acordo com representantes do partido ouvidos pela reportagem, Barbosa expôs a proposta, que, ao ser levada a votação, foi rejeitada e teve apenas três apoiadores.