Pagot diz a revista que foi afastado do Dnit graças a "negociata" entre Cachoeira e empreiteira
O ex-diretor geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Luiz Antonio Pagot disse ter sido afastado do posto por contrariar interesses da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira --ambos investigados na operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A informação está em reportagem publicada nesta sexta-feira (20) pela revista “Época”.
Em julho do ano passado, Pagot pediu demissão do Dnit após a revista "Veja" publicar denúncia sobre um suposto esquema de cobrança de propinas que beneficiaria o Partido da República (PR) nos contratos firmados no Dnit.
Conforme as investigações da PF, o bicheiro era associado ao diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, e indicava pessoas próximas para atuar pelo grupo empresarial atrás de contratos com Estados. Nos grampos captados pela polícia e autorizados pela Justiça, Cachoeira teria dito a Abreu ter “plantado” informações sobre Pagot, na imprensa, na tentativa de derrubá-lo. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, diz Cachoeira em trecho de gravação divulgado pela revista.
Em entrevista exclusiva à “Época”, Pagot, que foi um dos principais nomes do ministério dos Transportes na gestão de Alfredo Nascimento, disse ter sido alvo de “negociata” entre a empreiteira e o contraventor.
“Fui surpreendido por ter sido afastado através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor”, disse Pagot à revista. “Isso serviu para que fosse ditado meu afastamento. É um verdadeiro descalabro.”
Indagado sobre que interesses poderia haver em prejudicá-lo, tendo em vista o crescimento dos negócios entre a Delta e o Dnit quando ele estava no departamento, Pagot alegou ter criado problemas para a Delta em licitações das quais ela participara.
Em uma delas, por exemplo, a Delta teria subcontratado uma empresa para obras de recuperação de um trecho de 18 quilômetros da BR-116, em Fortaleza, mas sem que o Dnit tivesse consentido. Foi aberto processo administrativo contra a Delta pelo departamento.
Procurada pela revista, a Delta informou em nota que “um inquérito do Ministério Público Federal averiguará todas essas questões derivadas da chamada Operação Monte Carlo” e que “[a empresa] falará sobre todos os assuntos nos foros judicial e parlamentar. A empresa repudia, desde já, conclusões parciais e precipitadas oriundas de análises superficiais de informações coletadas.”
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