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Comissão da Verdade vai agilizar trabalho de identificação de ossadas do Araguaia

Daniella Jinkings

Da Agência Brasil, em Brasília

02/07/2012 22h04

A Comissão Nacional da Verdade vai dar suporte ao GTA (Grupo de Trabalho Araguaia) para a identificação dos restos mortais de guerrilheiros mortos durante a Guerrilha do Araguaia.

De acordo com o coordenador da comissão, ministro Gilson Dipp, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o grupo deve requisitar apoio tecnológico de outros países para análise de DNA de ossadas encontradas durante as expedições do GTA.

“Mesmo que a nossa Polícia Federal tenha um instituto de tecnologia e uma perícia muito avançada, no aspecto de DNA, podemos fazer uma requisição para os Estados Unidos [e outros países], porque as ossadas encontradas se desintegram. Essa tecnologia [de identificação por DNA] não existe aqui”, disse Dipp.

Na semana passada, o GTA fez a exumação de dois restos mortais localizados, entre os dias 10 e 20 de junho, na região dos estados do Tocantins e do Pará.

Durante os quatro anos de trabalho do grupo, 19 restos mortais foram encontrados. De acordo com Dipp, a situação dos despojos é precária. “Por mais cuidado que se tenha, as ossadas se desintegram como pó, pois lá a terra é úmida e o calor é intenso."

Os restos mortais passam por exames antropométricos e por extração de DNA. Após a perícia, eles serão armazenados no Hospital Universitário de Brasília.

Um banco de amostras de material genético de parentes de desaparecidos políticos foi criado em 2006 pela Secretaria de Direitos Humanos.

Segundo o coordenador do GTA pelo Ministério da Defesa, Sávio Andrade, o banco está quase completo, cerca de 90%.

No entanto, mesmo com esse mecanismo, a identificação ainda é um desafio. “Há a tentativa de extração de material genético, mas [os despojos] estão muito degradados."

Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região.

Para cumprir a determinação judicial, o Ministério da Defesa criou o GTT (Grupo de Trabalho Tocantins) com o objetivo de localizar, recolher e identificar os restos mortais de desaparecidos políticos da Guerrilha do Araguaia.

Em 2011, o grupo foi reformulado e ampliado e passou a ser conhecido como Grupo de Trabalho Araguaia.

A coordenação é feita conjuntamente pelos ministérios da Defesa e da Justiça e a Secretaria de Direitos Humanos. Parentes de mortos e desaparecidos da guerrilha e representantes do MPF (Ministério Público Federal) também acompanham os trabalhos.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político no começo da década de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Até hoje, dezenas de participantes do movimento estão desaparecidos.