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Conselho de Ética da Câmara adia votação de relatório da investigação sobre elo entre Protógenes e Dadá

Protógenes Queiroz é investigado por suposta ligação com Dadá, tido como braço-direito de Cachoeira - Lula Marques/Folhapress
Protógenes Queiroz é investigado por suposta ligação com Dadá, tido como braço-direito de Cachoeira Imagem: Lula Marques/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

04/07/2012 21h20

O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), definiu na noite desta quarta-feira (4) adiar para a próxima terça-feira (10), às 14h30, a votação do relatório do preliminar do deputado Amauri Teixeira (PT-BA), que pede para que seja iniciado um processo de investigação sobre a relação do deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) com o ex-sargento da Aeronáutica, Idalberto Matias de Araújo, conhecido como Dadá, integrante da organização chefiada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Na tarde de hoje, a reunião chegou a ser aberta e encerrada por duas vezes com intuito de tentar votar o relatório, mas, por falta de quórum e pela necessidade de presença dos deputados no plenário da Casa para votação de projetos, a comissão não conseguiu concluir a tarefa.   “Esta demora é ruim, mas é pior para o próprio Protógenes, que só prolonga a indefinição sobre o caso”, avaliou o relator. 

Em seu relatório, o deputado petista apontou que “há indícios suficientes” que justifiquem a instauração de processo ético-disciplinar por quebra de decoro parlamentar para apurar a relação de Protógenes e Dadá.

O pedido de abertura de processo contra Protógenes teve como base reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" que relatava gravações entre ele e Dadá, que é o suposto braço-direito de Cachoeira em negócios ilegais. Nas gravações, Protógenes instrui Dadá a como falar nos depoimentos que prestaria à Polícia Federal na Operação Satiagraha, que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas.

No último dia 13 de junho, a votação foi iniciada, mas adiada depois do pedido de vista do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que teve apoio de outros parlamentares.

O anúncio do relatório preliminar do petista chegou a causar divergências dentro do próprio PT –que tem o PC do B, de Protógenes Queiroz, como legenda coligada e aliada histórica.

O deputado Sibá Machado (PT-AC) chegou a apresentar voto em separado no qual argumenta que não há "motivos" para a investigação. Até o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), orientou a bancada de deputados a dar apoio ao parecer de Machado no lugar de apoiar o de Amauri Teixeira. 

A postura do líder foi criticada pelo presidente do Conselho de Ética, que disse não querer ingerências dos partidos sobre as decisões do Conselho. "Nós recomendamos a nossos conselheiros que não levem isso [a orientação do partido] em consideração aqui no seu julgamento”, falou na reunião do último dia 13 de junho.