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Collor pede a inclusão de mais jornalistas e procuradores no relatório da CPI do Cachoeira

Da Agência Senado, em Brasília

27/11/2012 12h23

O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou ao relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), um ofício pedindo a inclusão do presidente do Conselho de Administração da Editora Abril,  Roberto Civita, no rol de indiciados de seu relatório final pela prática do crime de formação de quadrilha. Collor também pede o indiciamento de outros cinco jornalistas da revista Veja por envolvimento com a organização criminosa comandada por Carlos Augusto Ramos.

Procuradores

No mesmo documento, o senador solicita que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) investigue a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques, mulher do procurador-geral Roberto Gurgel. O relator já havia pedido ao órgão a investigação contra Gurgel, o que causou grande polêmica entre os integrantes da comissão.

De acordo com Fernando Collor, a participação de Cláudia Sampaio no “engavetamento do inquérito da Operação Vegas da Polícia Federal é inequívoca”. Ainda segundo ele, “restou comprovado que a subprocuradora mentiu à imprensa” ao declarar que a paralisação das investigações se deu em comum acordo com o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso.

O senador acusa também os procuradores Alexandre Camanho de Assis, Daniel Resende Salgado e Lea Batista de Oliveira de terem vazado informações dos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo à revista "Veja".

O pedido foi anunciado pelo senador Fernando Collor nesta segunda-feira (26), durante pronunciamento em que também informou que pretende apresentar emendas à PEC que consta no relatório da CPMI, para prever a presença no Conselho Nacionais de Justiça (CNJ) e no CNMP de dois representantes da Defensoria Pública, o que em sua opinião garantiria maior equilíbrio representativo nas instituições.

Polêmica

O indiciamento de jornalistas e o pedido de investigação ao CNMP contra Roberto Gurgel foram dois dos pontos polêmicos do relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG), cuja leitura já foi adiada duas vezes. Na primeira, integrantes da CPI alegaram que o prazo entre a entrega e a leitura do texto deveria ser de pelo menos 24 horas. O segundo adiamento ocorreu a pedido do próprio relator, que disse precisar de mais tempo “dialogar com seus pares” a fim de conseguir um relatório que agradasse à maioria na comissão.

O documento deve ser apresentado nesta quarta-feira (28) pela manhã, mas ainda não deve ser votado. Isto porque já há pedido de vista coletivo apresentado na comissão, o que implicará a abertura de prazo de cinco dias úteis para apreciação da matéria.

O relator Odair Cunha pediu o indiciamento de 34 pessoas, incluindo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, além da responsabilização de 12 pessoas que têm foro privilegiado, incluindo o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os trabalhos da CPI têm encerramento previsto para 22 de dezembro.

Os pontos polêmicos do relatório de Odair Cunha:

* Requerimentos: Os trabalhos investigativos da comissão terminaram e quase 700 requerimentos de convocação e quebras de sigilo nem sequer foram analisados;

* Laranjas: Quase R$ 500 milhões foram repassados pela construtora Delta a empresas consideradas laranjas, e a CPMI só quebrou o sigilo de 20% delas;

* Governadores: O relator deixou de fora do relatório os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT); do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB); e do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB), apesar de indícios de supostas irregularidades em contratos com a construtora Delta.

* Vingança: Para a oposição, relatório de Odair Cunha serviu de instrumento de vingança política ao incriminar o governador tucano Marconi Perillo e deixar e poupar aliados do governo.

* Cavendish: Foi indiciado apenas por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O relatório não lista outros crimes que teriam sido cometidos pelo dono da Delta;

* Contas no exterior: Carlinhos Cachoeira teria contas fora do país, fato que não chegou a ser apurado pela comissão;

* Rodoanel em São Paulo: Apesar de a CPI ter ouvido o ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), Paulo Preto, denúncias de corrupção nas obras do Rodoanel não foram investigadas;

* PT: O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, confirmou em depoimento que pediu a empreiteiras recursos para campanha do PT, mas o assunto não foi levado adiante;

* Ministério Público: Pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, desagradou a vários parlamentares. O relator sugeriu ao Conselho Nacional do Ministério Público que apure a possível omissão dele em relação à Operação Vegas, conduzida pela Polícia Federal.

* Jornalistas: Também desagradou à parte dos parlamentares o indiciamento do jornalista da Veja Policarpo Júnior por formação de quadrilha. Para o relator, ele teria “extrapolado o limite da relação entre fonte e jornalista”.