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ONG de Direitos Humanos quer que coronel Telhada deponha à Comissão da Verdade

Telhada é coronel da reserva e chefiou a Rota antes de ser eleito vereador - UOL Notícias
Telhada é coronel da reserva e chefiou a Rota antes de ser eleito vereador Imagem: UOL Notícias

Izabelle Mundim

Do UOL, em São Paulo

22/03/2013 18h34

A ONG Conectas Direitos Humanos divulgou nota nesta sexta-feira (22) em que afirma que o vereador de São Paulo Coronel Telhada (PSDB) deveria prestar esclarecimentos sobre as ações da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) por seu papel durante a ditadura à Comissão da Verdade - comissão que visa investigar violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 no Brasil.

Telhada é coronel da reserva e chefiou a Rota antes de ser eleito vereador, em 2012, com a quinta maior votação do município

A nota foi publicada após a apresentação de um projeto, de autoria do vereador, em que propõe que a tropa de elite da Polícia Militar seja homenageada com a Salva de Prata -- uma das comendas mais importantes do município concedidas pela Câmara Municipal.

No texto do PL, Telhada lembra do "passado heróico" do Batalhão e diz que "guerrilheiros estavam implantando o terror em São Paulo", até serem "sufocados" pela Rota. Pela proposta, a Salva de Prata seria concedida em sessão solene na Câmara, com todas as despesas pagas pelo Poder Público.

O texto do projeto justifica a homenagem, dentre outras coisas, pelas “campanhas de guerra”, como os feitos da companhia chamada Boinas Negras que atuou durante a ditadura militar perseguindo guerrilheiros da esquerda como Carlos Lamarca e Carlos Marighella.
 
"A Conectas alerta para o risco deste erro histórico e acredita que a Comissão Estadual da Verdade deveria convocar Telhada a prestar esclarecimento sobre qual foi exatamente o papel da Rota neste momento histórico", afirma a ONG, em nota.
 
"Embora a proposta de condecoração seja esdrúxula, ela enseja a oportunidade de que o vereador Telhada dê a conhecer na Comissão da Verdade uma parte importante da triste história recente do Brasil. Ele deveria ser convidado a partilhar seus conhecimentos", disse João Paulo Charleaux, porta-voz da Conectas Direitos Humanos.