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PGE quer multa contra Aécio Neves por propaganda antecipada no Programa do Ratinho

O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), dá uma gargalhada durante sua participação no "Programa do Ratinho", no SBT. Ao ser provocado pelo apresentador, que afirmou que Dilma Rousseff "manda no Senado", o tucano afirmou que a presidente "manda em todo lugar e ai de quem não obedece" - Leandro Moraes/UOL
O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), dá uma gargalhada durante sua participação no "Programa do Ratinho", no SBT. Ao ser provocado pelo apresentador, que afirmou que Dilma Rousseff "manda no Senado", o tucano afirmou que a presidente "manda em todo lugar e ai de quem não obedece" Imagem: Leandro Moraes/UOL

Do UOL, em São Paulo

25/06/2013 18h35

A vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nesta terça-feira (25), que aplique multa ao senador Aécio Neves por fazer propaganda eleitoral antecipada durante o Programa do Ratinho, transmitido no dia 23 de maio. Ela também quer a aplicação de multa de R$ 25 mil contra o apresentador e o SBT.

Conforme explica Sandra Cureau, "há referência explícita à campanha eleitoral vindoura e exaltação do nome do senador, caracterizando nítido propósito de propaganda eleitoral antecipada, a qual afetou o equilíbrio da disputa entre os potenciais postulantes ao cargo".
Para ela, a divulgação da imagem pessoal começou pela apresentação da trajetória política do entrevistado.

A vice-procuradora-geral eleitoral ressalta também que a a entrevista apresenta longa duração e foi feita de forma exclusiva, em programa de grande audiência e transmitido em rede nacional. "E nem se diga que o candidato ou os demais representados não tiveram conhecimento da propaganda veiculada, pois todos concorreram direta e pessoalmente para a prática da propaganda eleitoral antecipada."

De acordo com a representação, a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 5 de julho do ano da eleição e antes desse período fica vedada a propaganda que faça referência às eleições, à candidatura, que busque divulgar a ação política que o candidato pretende desenvolver, as razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício da função pública, além daquela em que haja pedido de voto explícito ou implícito.

Aécio no Ratinho

O senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG), principal nome tucano para a disputa presidencial em 2014, afirmou durante participação no Programa do Ratinho que o PSDB é o "verdadeiro pai" do Bolsa Família.

"Se nós tivéssemos jeito de pegar o programa Bolsa Família, botar no berço e trazer na sexta-feira aqui no ‘Teste de DNA’ e levasse na clínica para fazer exame, o pai dele estaria escrito ‘PSDB-FHC (Fernando Henrique Cardoso)’", disse o senador.

Segundo Aécio, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas teve a “virtude” de unificar programas sociais criadas na era FHC (1995-2002). “O decreto que criou o Bolsa Família diz: fica unificado o bolsa-escola, criado pelo Fernando Henrique em 2001, o bolsa-escola e o vale-gás. O que o Lula fez? Juntou, inteligentemente, e ampliou, ampliou muito.”


No final de sua participação, Aécio voltou a reivindicar a paternidade do Bolsa Família e afirmou que o programa social de Lula era o Fome Zero. "Os programas de transferência de renda já eram nossos. O programa do Lula era o Fome Zero. Lembra dele? Pois é, desapareceu”, afirmou.

Em seguida, o tucano disse que, caso o PSDB conquiste a Presidência, não irá acabar com o Bolsa Família. "Ao contrário, vamos ampliar. O Bolsa Família faz parte da paisagem econômica e social do Brasil", disse. Aécio, no entanto, afirmou que o programa é "pouco para o Brasil". "É muito pouco para o Brasil o pai deixar de herança para o filho o cartão do Bolsa Família. É preciso muito mais."

A ida de Aécio ao programa coincide com o momento de maior exposição do senador, que busca construir uma imagem que o aproxime das classes C e D, fatia do eleitorado atraída pelos candidatos petistas nas últimas eleições. Por esta razão, o senador bate na tecla de que o Bolsa Família, carro-chefe dos governos do PT, foi gestado pelos tucanos.

Candidatura

O senador brincou quando um internauta, que enviou uma pergunta ao programa, se referiu a ele como candidato. "Vamos com calma”, disse. “Não tem candidato, se não eu e você [Ratinho] levamos uma multa", afirmou. Ratinho já foi multado por propaganda antecipada quando Lula levou o então pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Fernando Haddad ao programa --os petistas também foram multados pela Justiça Eleitoral.

Embora tenha evitado falar em candidatura à Presidência, o senador mineiro disse ter "muita vontade de conhecer o Brasil e ouvir mais as pessoas". O discurso alinha-se com o lançamento do site "Conversa com os brasileiros", estrelado por Aécio, lançado nesta semana pelo PSDB.

Críticas ao governo

Aécio fez várias críticas ao governo e também à presidente Dilma Rousseff. "O Brasil não está bem. A propaganda oficial do governo que está muito bem", afirmou. “O ciclo do PT precisa encerrar. Respeito a presidente da República, mas o PT perdeu a capacidade de transformar o país.”

Provocado por Ratinho, que afirmou que Dilma “manda no Senado”, o tucano disse que a presidente “manda em todo lugar e ai de quem não obedece".

O apresentador citou entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ao jornalista Josias de Souza, na qual o parlamentar disse que o país vive um momento pior do que durante a ditadura militar (1964-1985), referindo-se a uma suposta interferência do Executivo no Congresso.

"O que ele [Vasconcelos] fala é absoluta verdade. O governo federal, através de MPs (Medidas Provisórias), ocupa toda a pauta da Câmara e do Senado", afirmou Aécio.

Apoio a Alckmin

O senador manifestou apoio à proposta do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de aumentar de três para oito anos o tempo máximo de pena para menores que cometerem crimes graves. "Menor que rouba e mata passa três anos internados. É muito pouco", disse a Ratinho, defensor contumaz da redução da maioridade penal.

O apoio público de Aécio à proposta de Alckmin pode ser visto como uma retribuição ao papel cumprido pelo governador, que unificou o diretório paulista em torno da candidatura de Aécio à presidência nacional do PSDB --o senador foi eleito para comandar a sigla na convenção do partido, no último sábado.

"Serra é um homem de partido"

Perguntado por Ratinho sobre uma possível insatisfação de Jose Serra (PSDB) caso Aécio seja confirmado candidato à Presidência, o senador afirmou que o ex-governador de São Paulo é "um homem de partido, que tem enorme responsabilidade com o país, e vai apoiar o candidato do PSDB quem quer que seja."

Aécio se consolida

No último sábado, Aécio, que nunca foi unanimidade dentro do PSDB, elegeu-se presidente nacional da legenda --com 97,3% dos votos dos 535 delegados presentes-- durante convenção nacional do partido em Brasília.

Nesta semana, estão sendo exibidas, em rede nacional, três inserções do PSDB, nas quais o senador mineiro aparece como estrela solitária. As peças, exibidas na última terça-feira (21), no sábado (25) e na próxima terça (28) durante os intervalos publicitários de TV, têm tom de campanha.

A primeira mostra a biografia de Aécio; na segunda, o senador utiliza o aumento da inflação para criticar o governo e lembrar o Plano Real; na terceira inserção, mais amena, Aécio cumprimenta populares na rua, exalta seu governo em Minas Gerais e convida o povo a “conversar”.

Também nesta semana o PSDB lançou o portal “Conversa com os Brasileiros”, novamente estrelado por Aécio e idealizado pelo marqueteiro Renato Pereira, substituto de Luiz Gonzalez, que deixa as campanhas tucanas após 19 anos.