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Leia a transcrição da entrevista de Paulinho da Força ao UOL e à Folha

Do UOL, em Brasília

26/09/2013 06h00

Paulinho da Força, deputado federal (Solidariedade-SP), participou do "Poder e Política", programa do UOL e da Folha conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues. A gravação ocorreu em 25.set.2013 no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

 


Paulinho da Força – 25/9/2013

Narração de abertura: Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, tem 57 anos. É idealizador e principal líder do partido Solidariedade, que acaba de ganhar o registro da Justiça Eleitoral.

Paulinho está em seu segundo mandato como deputado federal, pelo PDT de São Paulo. Também já foi filiado ao PTB. É presidente da central de trabalhadores Força Sindical.

Paulinho nasceu em Porecatu, no Paraná. Fez carreira em São Paulo.

Na sua biografia no site da Câmara, sua profissão é metalúrgico, Controlador de Qualidade e Sindicalista.

Em 2002, foi candidato a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Ciro Gomes.

Já foi duas vezes candidato a prefeito de São Paulo, em 2004 e em 2012. Não teve sucesso.

A principal marca de Paulinho é sua ligação com a Força Sindical, a segunda maior máquina de representação de trabalhadores no país, atrás apenas da CUT.

Folha/UOL: Olá internauta. Bem vindo a mais um Poder e Política Entrevista. Este programa é uma realização do jornal Folha de São Paulo e do Portal UOL. A gravação é realizada sempre aqui no estúdio do Grupo Folha em Brasília.

O entrevistado desta edição do Poder e Política é o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que agora sai do PDT para entrar no Solidariedade, o novo partido que ele ajudou a criar.

Folha/UOL: Olá deputado, tudo bem?
Paulinho da Força:
Tudo bem, Fernando. Obrigado pelo convite. É um prazer estar aqui contigo e também com todos os internautas.

Muito bem. Qual é o grau de envolvimento do senhor na criação do partido Solidariedade?
Olha, nós fizemos uma reunião, em novembro do ano passado, na casa de um deputado amigo aqui de Brasília, deputado de Pernambuco, que eu vou até dizer o nome, Augusto Coutinho [DEM-PE], com cerca de 10, 12 deputados. Junto também com um grupo de sindicalistas, com Marcílio Duarte, que foi o nosso presidente até esse momento. E decidimos criar o partido. Então, a partir de novembro, nós nos envolvemos nesse trabalho de difícil, trabalho muito difícil, de coleta de assinaturas de registros do partido nos Estados. Enfim, teve o envolvimento de parlamentares, sindicalistas e também ajuda de muita gente, muita gente, do movimento sindical, do movimento social, até do movimento sem terra. O MST me ajudou também. Tivemos um trabalho muito grande nesse período de desenvolvimento. E tivemos a preocupação de não falar demais. Essa foi, talvez um dos erros que nós cometemos, mas também pode ser um dos acertos, porque na medida em que você fala demais você junta os amigos, mas junta também os adversários.

Em que medida a rede de apoio, no meio sindical, por meio aí da sua influência na Força Sindical, que é a central que o senhor preside, ajudou a criar o partido?
Então, eu tive o apoio de muita militância do movimento sindical, de líderes de fábricas, trabalhadores das fábricas, dos movimentos sociais, das comunidades de base, né? Dos trabalhadores sem terra, como eu disse. Principalmente do Pontal do Paranapanema (SP), tive muita ajuda do pessoal do Zé Rainha, do pessoal do João Paulo, que é um dos líderes do MST. Tive muito apoio do movimento sindical, apoio de militância, por exemplo, dos primeiros de maio, que a nossa militância no Brasil inteiro saiu coletando assinaturas. Enfim, então, foi um movimento muito grande do movimento sindical, muito ligado a nós nesse negócio.

Porque esse nome, Solidariedade, foi escolhido?
Olha, na verdade, até fazendo uma brincadeira. Se você entrar na lista do TSE, nós tínhamos que criar um partido que tivesse um T, por causa da minha origem e da origem das pessoas que estavam trabalhando, ou um S, né? – social, socialista – né?

Um T o senhor disse?
É, um T.

De trabalhador?
De trabalhador, né. Então se você olhar na lista esses ‘T’ e ‘S’ estão todos ocupados. Aí um dos deputados, que nem vira conosco, disse: Vamos por Solidariedade. Aí... acabou...

Quem foi esse deputado?
Foi o... ai caramba... deixa eu lembrar aqui. Roberto Santiago.

Ele que fez a sugestão?
Ele que fez a sugestão de por Solidariedade. Ele, com certeza, não virá conosco, mas a sugestão de Solidariedade foi dele.

E Solidariedade, só para lembrar, foi um nome de um movimento comandado pelo [ex-presidente polonês] Lech Walesa, na Polônia. Mas tem alguma inspiração nesse tipo de...
Não, foi basicamente por falta de opção. E acabou ficando bonito, né? Ficou até famoso já, muita gente falando Solidariedade.

O Solidariedade vai ter uma sigla para se apresentar ao eleitor na urna, para ser citado?
Nós vamos precisar ter. Hoje a sigla que está no estatuto é SDD. Eu falei que parece um pouco desse negócio de mata-mosquito, porque é meio estranho. Nós fizemos esse... a ideia era não ter sigla. Essa era a ideia original e que não estava no nosso estatuto. Aí nós fomos... e teve uma impugnação durante esse período e o impugnador impugnou exatamente porque não tinha sigla.
E aí nós, então, decidimos fazer uma alteração no estatuto e por uma sigla. Qual a sigla que aparecia? É... vamos por SOLl, aí ia confundir com PSOL. Vamos por PS, e aí já tem alguém que tinha assumido PS. Vamos por... é... SD, aí nego: Se por o P, vai ficar PSD. Então já tem o PSD então a gente achou por bem colocar o SDD para suprir apenas essa questão. Mas eu, particularmente, acho que nós devíamos trabalhar e mudar essa sigla, porque, como você sabe, Solidariedade fica grande, mas também não dá pra gente ter uma sigla que não condiz um pouco com a nossa realidade.

Quando que o senhor assume a presidência do Solidariedade?
Nós tínhamos uma convenção marcada pra hoje, só que como atrasou o processo no Tribunal, nós achávamos que iria ser julgadas anteriormente. Aí como atrasou, nós tivemos que suspender essa convenção e remarcar pra frente. Então, nesse momento, nós estamos mais preocupados com a vinda dos deputados, que virão. Com a filiação das pessoas que serão candidatas em 2014. Então nós temos um cronograma: Filiar os deputados, filiar aqueles que querem ser candidatos, principalmente que tenham mandatos como vereadores, prefeitos, que queiram ser candidatos em 2014. E aí sim discutir o negócio da convenção. Então essa coisa de assumir a presidência deve ser nos próximos dias, mas nós estamos mais preocupados com quem será candidato, montar a chapa.

Mas já está definido entre os que lideraram o processo que o senhor assume a presidência do Solidariedade?
É, o nosso presidente é o Marcílio Duarte, a quem eu quero agradecer muito pelo trabalho que fez até agora. Marcílio é uma pessoa muito correta e muito competente. O acordo que nós tínhamos com ele é que eu assumiria a presidência. Mas já fizemos uma discussão de que ele será o secretário-geral nacional do partido e eu assumirei a presidência.

E isso deve acontecer nas próximas semanas?
É... depois do prazo de filiação que termina no dia 5 [de outubro].

Por que durante o processo de criação do Solidariedade o senhor já não aparecia como o principal líder desse novo grupo que se tornou o partido?
Porque eu estou num partido. Eu fui eleito pelo PDT. Se eu assumisse a criação de um partido desde o início eu teria grandes dificuldades dentro do meu partido.

Mas todo mundo já sabia, não é?
Não, não sabia. Foi ficando, foi sabendo. Porque aí todo mundo começou a falar. Vocês queriam que eu falasse e tal e eu tinha um acordo da gente não falar antes da hora certa. Você foi um dos que mais me pressionou para falar, mas eu falei: não vou falar, mesmo que o Fernando fique bravo, mas eu não vou falar. Enfim... então, foi ficando, foi ficando conhecido pelo partido que eu estava criando, mas na verdade não era eu, era um grupo de deputados, de amigos, que estavam trabalhando no movimento sindical, no movimento social que estavam organizando. Agora, eu não podia assumir, não era esse o objetivo. Nós tínhamos colocado o Marcilio exatamente porque ele tinha uma experiência na criação. Eu tenho brincado que ele é o recordista mundial de criador de partido. Ele já criou sete, com esse.

Aliás, a propósito disso, há uma crítica em relação à criação de partidos no Brasil. Para alguns existem mais partidos do que seria necessário. Pra outros não. Qual a sua opinião?
Olha, se você pegar os Estados Unidos, me parece que tem mais de 80 partidos.

Qual a diferença entre lá e aqui, além desse número?
Se nós formos comparar com o número da população nós estamos parecidos.

A diferente não seria que aqui no Brasil, os partidos ao serem criados, no segundo seguinte, já começam a receber dinheiro público e nos Estados Unidos não?
Não sei se é isso. Nós não temos esse objetivo de receber dinheiro público. Até porque...

Mas vai receber.
Vai receber porque faz parte do jogo.

Claro.
Agora, eu acho que no Brasil, Fernando, eu e você devemos ter quase a mesma idade, meio parecido, mas a gente lembra que no passado você tinha partidos que defendia causas, no Brasil, causas populares. Isso acabou. Hoje os partidos defendem os seus interesses. Eu posso dizer do meu, né? O meu foi um partido histórico no Brasil, desde a época do Getúlio [Vargas], Jango [João Goulart], Leonel Brizola. E era um partido que tinha lado. Qualquer causa que fosse defender os interesses populares, dos trabalhadores, meu partido estava do lado. Mas tinha outros, o PT, o PCdoB, o PSB, né? Isso foi se acabando. Os partidos que defendiam os trabalhadores, que defendiam os mais pobres do Brasil e chegaram no poder começaram a defender outros interesses e eu acho que isso que decepciona as pessoas. Você pega a maioria dessa militância que fundou os partidos de esquerda no Brasil, hoje estão decepcionadas, porque os partidos chegaram no poder e abandonaram o povo. Então, eu trabalho com a ideia - e também não será fácil no meu fazer isso -, mas eu trabalho com a ideia de ter um partido pra voltar a defender causas, né. Você pega, por exemplo, não vou nem só falar dos trabalhadores, mas as causas dos trabalhadores no Brasil tá abandonada. Você não tem mais partidos, você tem pessoas, você tem o [senador Paulo] Paim (PT-RS) no Senado, meu caso na Câmara, alguns outros deputados comigo lá também. O Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), por exemplo, defendendo os aposentados. Mas não tem mais partido, são pessoas. Os partidos abandonaram as causas populares. Mas eu vou pegar o outro lado, né, o setor industrial. Quem você pode dizer que está defendendo a indústria no Congresso?

A maioria né...
Não, eles defendem, mas individualmente. Defende a tua turma que te financiou, digamos assim, tá certo? Mas estão quebrando a indústria nacional. Você pega indústria têxtil está acabando, né. Você pega o setor industrial, essa coisa da importação, quebrando as indústrias. O setor... a pequena empresa, não tem ninguém defendendo. Então eu acho que é possível fazer um partido para defender essas causas.

Quais serão as duas ou três principais causas que o Solidariedade vai defender?
Eu acho que uma das principais, nós vamos jogar muito duro nisso, é acabar com o fator previdenciário, né. Que essa questão é uma questão de honra pra nós, porque o fator previdenciário...

Explique o que é o fator previdenciário.
O fator previdenciário é uma maldita conta que inventaram que pega a aposentadoria da pessoa e derruba 40% quando você vai se aposentar, no mínimo. Se for homem, se for mulher vai perder mais.

Estamos tratando do setor privado.
Setor privado... exatamente.

Não é? Eu tô falando aqui só pra quem nós vê.
Os trabalhos do setor privado, quando vão se aposentar, se for homem, perde em torno de 40%. Se for mulher perde mais do que isso, até 45%. Então, essa é uma questão injusta com as pessoas que trabalharam e pagaram a previdência. Então eu acho que essa é uma causa que nós precisamos enfrentar.

O governa rebate sempre, o Ministério da Previdência de vários governos, dizendo que sem o fator previdência o déficit, o rombo, o prejuízo, da Previdência vai aumentar. Como o senhor rebate essa crítica?
Eu acho que é conversa fiada do governo, porque nós estamos oferecendo em troca disso um novo sistema.

Qual seria?
Nós estamos propondo, não é nem acabar com o fator previdenciário, é manter o fator e criar uma alternativa.

Qual seria essa alternativa?
Essa alternativa seria aquela formula 85/95, que combinado o tempo de trabalho com a idade você se aposentaria melhor. Vou dar um exemplo: Uma pessoa que começa a trabalhar aos 16 anos, que trabalha em uma única empresa, ele vai chegar aos 51 com 35 anos de contribuição, né? Se você somar 35 anos de trabalho com 51 de idade ele vai pra 86. Estaria faltando 9. Se ele quiser se aposentar nós não podemos tirar os direitos de quem quiser se aposentar. Se ele quiser se aposentar ele se aposenta, mas entra no fator. Se ele não quiser, o que nós estamos propondo é criar esse novo sistema. Que aí, na nossa conta, faltaria 9, mas como cada ano de trabalho vale dois, porque é um ano de trabalho, um ano de idade, faltaria quatro anos e meio. E aí você cria uma regra que vai subindo a aposentadoria da pessoa na medida que ele trabalha mais. Então, o cara sabe: se eu trabalhar mais um ano, eu vou receber mais 5%, se eu trabalhar mais dois, vou receber mais tanto. Portanto, ele vai ficar mais no emprego e vai contribuir mais com a Previdência e a Previdência vai arrecadar até mais do que hoje.

Deputado, nesse seu exemplo, a pessoa começou a trabalhar aos 16 anos e, em tese, poderia se aposentar já aos 51 anos, se tivesse trabalhado esse tempo todo. É justo ou apropriado, no mundo moderno, ter um sistema que permita a pessoas com 51 anos se aposentar?
Deixa eu te falar. Por isso que nós estamos propondo alternativa. Porque hoje ele pode. Certo? Hoje ele pode.  Ele cai no fator. Perde 40%, mas ele pode. O que nós estamos propondo é incentivar o cara a trabalhar mais.

Mas no fator ele também tem esse incentivo se trabalhar mais.
Tem nada. Se ele ficar trabalhando ele vai é perder mais ainda, por causa da expectativa de vida. Cada vez que a expectativa de vida sobe o fator diminui o salário dele. Então se você quando está trabalhando ao invés de receber mais, vai é perder salário. As pessoas quando me perguntam “vem cá, me aposento ou não?”, se aposenta, porque você... quanto mais você trabalhar, mais você vai perder. É o contrário, nós estamos propondo um incentivo pra ele ficar trabalhando e, portanto, arrecadar pra Previdência e se aposentar melhor.

Então uma grande causa vai ser a defesa da reformulação do sistema de aposentadoria dos trabalhadores da iniciativa privada. Cite outras duas causas que o Solidariedade vai defender.
Eu, pra não dizer porque, junto comigo estão vindo muitos deputados ligados ao setor empresarial, e eu acho que nós temos que pegar essa causa da importação. Isso é um escândalo que vem acontecendo no Brasil. Setores industriais importantes sendo destruídos, né. Precisaríamos discutir muito como é que faz pra enfrentar essa coisa da importação. Você não pode ter uma coisa assim de importar, de ter um déficit no setor industrial, no setor produtivo, de mais de 100 bilhões de dólares por ano. Um déficit.

Mas o senhor está dizendo que o Solidariedade vai defender, produzir dificuldades pra importação como existe hoje? Vai ser mais difícil importar. É isso?
Eu acho que nós temos que endurecer as regras de importação. Não é possível você ter um déficit no setor industrial de mais de 100 bilhões. Só no setor de eletroeletrônico um déficit de 30 bi.

Não é melhor, ao invés de proteger o país das importações, melhorar o ambiente de negócio para as empresas nacionais competirem melhor?
Fernando, é exatamente isso. Você tem que combinar isso, né? Você não pode pegar um setor, por exemplo, pra indústria têxtil no Brasil, que é um setor que emprega hoje 1 milhão e 700 mil trabalhadores, então é um setor que usa muita mão de obra, e destruir. Você tem que incentivar esse setor, de melhorar a tecnologia, de melhorar a sua produtividade e a sua qualidade. Agora, não pode é quebrar o setor. O que o governo faz hoje é quebrar o setor, né. E reclamação todos os dias nesse Ministério da Indústria e Comercio, praticamente, não funciona. O ministro está mais preocupado em ser governador de Minas do que cuidar do...

Quem que é o ministro?
Sei lá o nome, eu até esqueci.

Fernando Pimentel, do PT.
É esse aí mesmo. Eu já fui lá 30 vezes e esse cara não atende ninguém. Pergunta ao setor industrial o que acontece. Eu vou lá porque, se importa, quebra a indústria, tira o emprego. Então eu parei, porque eu vou lá e o cara diz que toda hora tá falando com a Dilma, tá falando com a Dilma. Pô, para de mentir. Não é possível que você fala com a Dilma toda hora. E além disso não atende nenhuma das demandas, nenhuma, nenhuma. Várias questões que a gente levou lá, eu tive um episódio, por exemplo, na época que eu falava com a Dilma, eu levei pra ela uns tubinhos que o Brasil produzia. Esses tubos de cosméticos, que as mulheres usam, mais do que nós né? Porque a gente já tá usando também. Aqueles tubinhos, para serem produzidos no Brasil, nós tínhamos 8 empresas que fabricavam.

Só a embalagem?
Só a embalagem, tubo, aqueles tubos, que vai o creme dentro. Tínhamos 8 empresas, em torno de 8 a 9 mil trabalhadores diretos. Pra produzir no Brasil, na época, há três anos atrás, custava, a cada mil tubinhos daquele, 36 reais. A China estava pondo aqui dentro a R$ 3,50 aquele tubo. O que aconteceu? Eu levei lá e falei “isso daqui é um absurdo!”, porque o nosso tubo a Anvisa exigia que fosse pintadinho, que não sei o quê, todo bonitinho. O da China era um caos, podia entrar de qualquer jeito. Não deu outra, eu levei duas vezes para a presidente Dilma e na última eu falei publicamente “presidente, eu te pedi duas vezes, não precisa fazer mais nada porque as empresas todas quebraram”. Não tem mais nenhum emprego nessa área. Ou seja, em vez de incentivar o nosso, de segurar esse produto pirata que tirava o emprego no Brasil, eles simplesmente deixaram entrar, talvez por interesses particulares de alguém no ministério.

O Solidariedade, no espectro ideológico, vai ser um partido de centro, de direita, ou de esquerda?
Vai ser um partido de centro-esquerda. Não dá pra dizer que é de esquerda, mas também não é um partido de centro, porque eu não me considero de centro. Lutei a minha vida inteira do lado das causas populares. Agora, vem gente comigo que está mais no centro, então eu diria que é um partido de centro-esquerda.

O senhor vai aceitar no seu partido deputados ou senadores, ou políticos em geral, que estão aí, vamos dizer, encrencados com a Justiça ou têm algum óbice na área judicial?
Pra mim não terá problema isso não. Importante pra mim é o que ele defende, né? Que ele esteja defendendo as causas corretas, porque se eu fosse pensar nisso eu não poderia entrar. Eu devo ter uns dez processos, por causa... eu sou presidente da Força Sindical e a Força Sindical teve processos e eu respondo como presidente. Então, isso pra mim não decide se ele filia ou não. Porque muitas vezes você tem processo por tá defendendo a coisa certa. Eu, por exemplo, acho isso que aconteceu comigo. Muitas vezes eu defendo a coisa correta e levo um processo por isso.

No dia 24 de setembro, agora, terça-feira, o TSE aprovou o registro definitivo do Solidariedade.
Às 22 horas e 22 minutos, segundo o Jorge, meu assessor de imprensa.

22 horas e 22 minutos e havia 22 deputados presentes, ali nas dependências do TSE, assistindo à sessão.  Esse número, 22 deputados, é o número que deputados que deve aderir e entrar pra legenda?
Nós achamos que terá mais.

Quantos serão?
É... serão de 30 pra cima.

Acima de 30?
Acima de 30.

De quais partidos sobretudo devem vir esses deputados?
Ah, vem de vários. Acho que de todos não, porque se tem mais de 30 partidos.

É, teria que ser um de cada.
[Risos] um de cada. Do PDT deve vir uns 5 ou 6. Do PMDB uns 2 ou 3, enfim... vem variadamente.

O maior fornecedor de deputados será o PDT?
Eu acho que de todos eles o maior será o PDT.

Depois em seguida, o senhor diria que, PMDB?
Rapaz, não dá pra saber não. Eu posso te dar esses números mais tarde.

Mais ou menos? O senhor diria de quais partidos, PDT, PMDB....
PMDB, PR, PP, o PEN tinha dois, provavelmente virão conosco. O PHS tinha um, deve tá conosco. Enfim...

PSD...?
PSD deve vir um ou dois. Enfim, o PSD não perderá muito deputado como o Kassab previa não.

Ah é? Por quê?
Não sei. Tinha lá atrás, tinha-se um descontentamento grande no PSD, né. Até porque o PSD tem muitos deputados concentrados em alguns Estados. Pega São Paulo, me parece que tem 9. Na Bahia, tem 6 ou 7, no Rio, em Minas também. Então isso acaba levando os deputados na contabilidade saber que não será reeleito.

Do PSB vem alguém?
PSB?

Partido Socialista Brasileiro.
Acho que sim, um ou dois deve vir. Do PPS deve vir, um ou dois.

Cerca de 30 deputados. Quantos senadores, governadores ou prefeitos aproximadamente?
Até agora nós tem temos um senador acertado, o Vicentinho [Alves] (PR), de Tocantins.

De qual partido?
Boa pergunta! Ele não sabe de  qual partido ele é não [risos]. E prefeitos, essa conta a gente tem um mês.

Porque prefeitos não precisam se filiar até o dia 5.
Não. Só quem será candidato [em 2014] tem que se filiar até o dia 5. Mas prefeitos e vereadores que simplesmente querem mudar de legenda a gente ainda tem um prazo de 29 dias.

Governadores e vice-governadores, algum?
Nós não conversamos sobre isso. Eu tive algumas conversas com governadores, começou a pegar mal essa história de conversar com governadores e eu parei. Começaram a dizer que eu estava indo lá vender a legenda e eu parei. Não pode nem conversar...

Houve essa conversa mesmo? Foi noticiado, só para recapitular, que o apoio seria no seguinte sentido: entram alguns deputados, alguns senadores, enfim, do Estado, faz-se o acordo e o tempo de TV do partido iria, oficialmente, no Estado, em apoio àquele governador que ajudasse a trazer os deputados. Houve essa conversa?
Então, deixa eu te falar. Esse é o desejo dos governadores.

Como assim?
Porque é tudo muita gente muito esperta, né. Você sabe por que, normalmente, em uma cidade tem só dois candidatos sempre? Porque o prefeito, daquela cidade, traz tudo quanto é legenda pro lado dele e a oposição fica lá com dois ou três. Então, depois só sai aqueles dois. Então, isso no Estado também é assim. Quando começa a surgir um partido com possibilidade de ser registrado, todo o mundo político começa a procurar.

O senhor foi procurado por qual governador, por exemplo?
Ah, foram vários. Não vou falar nome não.

É mesmo?
É.

Vários, muitos?
“Vamos conversar, vem aqui, tal”

E a oferta era qual? Eu ajudo a entrar alguns deputados no seu partido e em troca você me apoia a minha reeleição.
Em troca eu controlo o partido aqui.

É isso?
Mas aí eu parei de ir porque estava dando muito problema. E nesses Estados que estava acontecendo isso, que eu percebi que o governador estava querendo controlar, nós vamos fazer exatamente o contrário.

Como assim?
Nós vamos mudar para a oposição dele.

E... então o senhor ainda não tem nenhum acordo fechado em nível estadual?
Não. Não dá pra dizer nenhum. Eu, por exemplo, sou amigo do [governador de São Paulo] Geraldo Alckmin [PSDB], estive com ele várias vezes durante esse período. Fui oposição a ele na eleição passada. Durante o mandato ele nós convidou para participar do governo. Hoje nós temos um secretaria no governo dele e devemos apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin.

Isso então no Estado de São Paulo é algo mais ou menos...
Estou falando no Estado que eu estou hoje.

O Solidariedade deve apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin, do PSDB.
Exatamente. Nos outros Estados, aí vamos discutir pra frente. Tem que montar ainda os diretórios. Nosso partido não terá comissão provisória.

É isso que eu ia perguntar pro senhor.
Esse é um grande problema dos partidos, que os partidos controlam os Estados com comissão provisória. Os nossos todos serão diretórios.

Isso que eu ia perguntar pro senhor. Pra que quem assiste entenda, os partidos, quando são criados, estabelecem nos Estados comissões provisórias, um dirigente do partido – presidente, ou um homem forte do partido – tem  uma procuração com o poder pra destituir a qualquer momento aquela comissão provisória. Então ele fica, na prática, dono do partido e determina ao partido o que fazer em cada Estado. O senhor está dizendo que no caso do Solidariedade, claro, no início não tem como, tudo vai ser provisório. Qual é o prazo que o senhor estima pra que o partido tenha direções partidárias estaduais realmente eleitas e com poder de atuação autônomo nos Estados?
Fernando, tem uma coisa no nosso estatuto. Você tem que cumprir estatuto agora. No início, tudo provisório, hoje [25.set.2013] nós devemos estar pegando a senha do Filiaweb [sistema do Tribunal Superior Eleitoral para o cadastro de filiados]. Com isso a gente pode autorizar as comissões provisórias, para que os Estados possam funcionar a partir de agora, pra poder fazer filiações. Com essa senha, a gente então vai fazer as comissões provisórias nos 27 Estados. A partir daí, o estatuto nosso, é muito simples você fazer um diretório no Estado. Precisaríamos ter 3%. Eu acho até que é muito simples demais. Porque aí fica muito fácil pro Estado. Se precisa de ter 3% dos municípios com diretório. Então pego São Paulo, nos precisaríamos fazer 19 municípios, muito pouco. Eu acho que o ideal em São Paulo seria ter pelo menos 100 diretórios.

Diretórios municipais.
Aí você pega o Acre, precisa de um.

São poucas cidades.
Mas lá no estatuto nós precisamos de no mínimo 2 cidades. Então, é muito fácil. Com isso pra fazer os diretórios municipais, é muito simples também, é uma tabelinha de filiados, que vai de 20 a 350. Portanto, pouco filiados. Você faz o diretório e com esses diretórios, com esses 3% de diretórios, ele faz os diretório estadual. Então, todo o nosso partido vai seguir o estatuto, e a princípio, vai fazer por esse estatuto. Mas acho que a gente devia exigir dos diretórios que tenha mais diretórios municipais. Porque também a direção estadual, a gente também tem que pensar um pouco lá. A direção estadual vai querer controlar os municípios, se você não tomar cuidado, com comissão provisória.

Mas a minha pergunta é: em quanto tempo o senhor acha...
Acredito que até o final do ano.

Todos serão diretórios estaduais eleitos, e não mais provisórios?
Não mais provisórios. E lógico que poderá decidir o destino do Estado lá, democraticamente decidido por eles.

Deputado, durante o processo de criação, de registro do Solidariedade, houve várias acusações de fraudes na coleta de assinaturas de apoio ao partido. O que aconteceu com essas fraudes e assinaturas que foram descartadas durante o processo e outras nem tanto?
Então, Fernando, eu acho que essa questão... vou explicar bem. Não tem fraude. O que tem, é que você coleta milhares de assinaturas e encaminha pro cartório. No encaminhamento pro cartório, o cartório tem vários... não tem um procedimento, ontem [24.set.2013] vários juízes falaram sobre isso. Não tem um procedimento único no TSE, pra regulamentar. Então tem cartório que exige assinatura do dia que você tirou o título, tem cartório que exige assinatura do dia que você votou...

Da última eleição.
Da última eleição. E a assinatura da última eleição você sabe, quando vai votar, que é um quadrinho pequenininho pra votar. Você vai lá, faz a tua assinatura, que muitas vezes não dá pra fazer direito. E muitas vezes você pega assinatura na rua, das pessoas que estão passando, e essas pessoas assinam de qualquer jeito. E muitas vezes o cara assina até pra se livrar de você, né “esse cara está me enchendo o saco vou assinar aqui”. E você leva no cartório, e vou te dizer aqui, todo mundo que fez, não é só o Solidariedade, a [ex-senadora] Marina [Silva] está passando por isso, o [ex-prefeito Gilberto] Kassab passou. O Kassab coletou 1 milhão e 200 mil assinaturas. No caso do Solidariedade foi menos. Nós devemos ter coletado em torno de 900 mil assinaturas. Então a tendência é de chegar no cartório e várias dessas assinaturas não conferirem. E tem muitos lugares que o cartorário tem lado. Tem lado, entendeu? Dá pra ver claramente, durante o processo, o lado dele.

Tem lado, tem preferência partidária?
Tem preferência partidária. Isso porque eu não disse que era eu. Se eu tivesse dito que era eu desde o início teria sido bem pior. Você está vendo com a Marina. Porque aí os lados começam a agir desde lá debaixo. E, muitas vezes, os seus adversários também agem. Você está em uma cidade coletando assinaturas, chega alguém te da lá 10, 20 assinaturas e você: “ou legal, o cara está me trazendo”. Muitas vezes essas 10, 20 é de gente só pra te sacanear na frente, como aconteceu comigo. Então...

Houve um caso, por exemplo, em São Paulo, mais de um na verdade, em dois cartórios, em que os chefes dos cartórios disseram que os seus nomes e as suas assinaturas estavam presentes. Esse caso seria... o que aconteceu nesse caso?
Vamos pegar esse caso.

Foram duas cidades: Suzano e Várzea Paulista.
Várzea Paulista. Na verdade, a denúncia que saiu, inclusive na Folha de ontem, dessa semana aí, foi de Várzea Paulista. Várzea Paulista todo mundo que mora em São Paulo talvez não conheça. É uma cidadezinha, uma cidade importante ali do lado de Jundiaí. Que deve ter lá não sei quantos mil habitantes. Nós pegamos na cidade 168 assinaturas. Seria muito imbecil alguém que falsificasse assinatura do dono do cartório. Então, eu só posso dizer que isso é coisa armada. Coisa armada na cidade, já preparada pra na seguida denunciar, entendeu? Porque não é possível que alguém imbecil ia fazer um negócio desse.

Você está dizendo que alguém infiltrado colocou lá uma assinatura do dono do cartório, o nome do dono do cartório, uma assinatura, pra dizer depois que houve a fraude?
Só pode. Teve um lugar que pegaram do... que nos deram a assinatura e que foi pega em um cartório, nem saiu, do chefe do presídio, do diretor do presídio. Então você está coletando assinatura na cidade e adversário fala “vou dar uma ajuda pra esse cara aqui”.

Entendi.
Agora, o que nós estamos discutindo aqui, esse que era a discussão que nós estávamos fazendo: é que ficha é uma coisa do passado. As fichas que não valeram ficaram pra trás e nem devolvidas não são. Você viu que a Marina tá reclamando disso. Essas fichas que não batem. Você viu que no caso dela, um diretor dela, duas vezes foi recusada a assinatura dele. Então, as fichas que não batem, não vêm pra cá. O que vem pra cá é certidão. Certidão tem fé pública. O juiz do cartório é quem assina. Muitas vezes com a lista dos nomes atrás, muitas vezes não. E essa foi a discussão de ontem, aqui no, TSE Então o que vem pra cá são as que foram certificadas, as que conferiram. Essas nós tínhamos de sobra. Nós tínhamos ontem na mão, né, porque estavam dizendo que faltava assinatura, então vamos levar o que nós temos. Nós temos umas 30 mil assinaturas que a gente não entregou no TSE que sobraram, porque agora os cartórios, como você entregou muito, os cartórios estão pedindo pra você ir buscar.

Nesse caso de Brasília, em que houve a acusação da utilização indevida da lista de filiados a um sindicato, Sindilegis (Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e Tribunal de Contas da União), dos trabalhadores no Poder Legislativo... o que que aconteceu?
Em Brasília, pra mim é muito claro. Aqui em Brasília, no Sindilegis, lá atrás, eu apoiei uma pessoa chamada Magno [Antonio Correia de Mello] pra ser presidente do sindicato do Sindilegis. Ele ganhou, fez um péssimo trabalho, ninguém aguentava mais ele. Tanto é que teve cinco chapas nas eleições passadas e eu apoiei uma chapa de um outro companheiro, que é o Nilton Paixão. E a chapa do Nilton Paixão ganhou. Além disso, pra ajudar, a mulher desse rapaz trabalhava no meu gabinete, porque quando eu cheguei aqui, há sete anos atrás, seis anos atrás, é... eu tinha apoiado a chapa deles anteriormente, a Força Sindical tinha apoiado, eles me indicaram uma assessora pra trabalhar no gabinete. Combinado ali, era a mulher dele.

Combinado como?
O cara falou “me indica um assessor”, aí o cara indica a mulher, né? Eu só fui descobrir que era a mulher dele depois, né? Ou seja, aí teve alguns problemas e eu demiti a mulher dele e por isso ele virou meu inimigo. Agora, o problema não é aí, né. O problema, Fernando, é que nós estamos mexendo com coisas maiores do que isso. Nós estamos mexendo, quando você cria um partido, numa hora dessas, você muda o jogo eleitoral de 2014, então tinha grandes interesses envolvidos nisso. Os poderes todos envolvidos, eu sei que o Palácio do Planalto se envolveu nisso, enfim, pra impedir. Porque você muda o jogo e aí aproveita este tipo de coisa pra tentar inviabilizar. Eu sei que as denúncias, as supostas denúncias de fraude, eram muito direcionadas, muito bem feitinhas.

Eu vou perguntar já sobre o cenário de 2014. Mas só pra finalizar esse caso, a acusação era que a lista de filiados do Sindilegis foi entregue de forma indevida. Isso ocorreu ou não ocorreu?
Nós tivemos essa preocupação, mas teve muita coisa armada, dentro disso que eu estou te falando, de gente que já se preparava para lá na frente denunciar. Então, eu estou tranquilo com isso, porque aqui [Brasília] nós fizemos coleta de assinaturas nas ruas, nós tiremos fotografias já sabendo disso. As pessoas foram para as ruas, aqui nos bairros, e aí coletou assinatura de todo mundo. Mas aqui armaram pra gente, bem armado, infelizmente a gente só foi perceber agora.

Uma das últimas perguntas sobre criação de partido. O senhor passou por esse processo, não tem uma pessoa que olhando o processo de criação de partido não tenha alguma crítica a fazer e não tenha uma ideia de como melhorar esse sistema. Quais são as suas ideias sobre isso?
Olha, é muito sofrido criar partido.

É um bom sistema o que existe hoje?
É muito difícil criar partido. Muito difícil. Eu até tive uma conversa com Marco Aurélio [Mello] sobre isso. “Ah, mas todo mundo diz que é fácil?”, Marco Aurélio, então o senhor conhece...

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo?
O ministro Marco Aurélio. Isso. O senhor que conhece as regras, você imagina cumprir todas essas regras. Agora, eu acho que essa coisa de coletar assinatura não é um negócio muito correto.

Deveria ser como?
Poderia mudar aquilo dali. Sei lá, até ontem eu estava pensando, pra tirar essa dúvida deveria ter um vídeo. Que as pessoas chegassem e: “eu estou apoiando o partido tal”

Mas daí meio milhão de vídeos?
É, você sai gravando o cara. “Você vai apoiar? Vou” então grava aqui que você vai apoiar. Meu número do título é tal, tá certo? Porque aí inibe essa história de que você está falsificando. Aliás, eu resolveria isso no 1º de maio.

Que tem muita gente nas festas promovidas pela Força Sindical, é isso?
É.

Por que o senhor quis sair do PDT e o que vai acontecer com o PDT agora?
Olha, eu nunca quis sair do PDT.

Mas está saindo?
Estou saindo.

O senhor se filia oficialmente, aliás, hoje, 25 de setembro, no Solidariedade?
Isso, estou me desfiliando [do PDT] hoje e me filiando no Solidariedade hoje mesmo. Eu nunca quis. Como esse grupo de parlamentares me chamou, e eu só descobri depois porque que eles me chamaram, porque você teria que ter uma condição de trabalhar nacionalmente. Eu tinha muita crítica ao modelo de administração do PDT.

O PDT tem muitas comissões provisórias nos Estados?
Vou te explicar isso. Mas eu nunca quis disputar a presidência com o ex-ministro Carlos Lupi, né? Porque eu achava que ele devia tocar aquilo. Quando o Brizola morreu, eu era muito amigo do Brizola, acho até que se o Brizola tivesse vivido um pouco mais ele teria me feito presidente do partido. Eu tinha uma grande relação com o Brizola, quase todo final de semana estava com ele. Mas depois, como o Lupi, uma crítica aqui que eu faço, talvez ele poderia, ao invés de ficar brigando comigo, dar uma olhada no que ele tá fazendo. Não dá pra se administrar um partido só com comissão provisória. O PDT tem nove diretórios, só o que a lei manda. E mesmo pra fazer esses diretórios tem que ter autorização da direção nacional, e mesmo pra renovar, se a direção nacional não te der, você não renova. Então é um partido comandado, muitas vezes, por gente que não tem voto. Você tem um Estado como a Bahia, que tinha quatro deputados federais, quem manda é uma pessoa, amiga minha, mas que nunca teve voto,  tá certo? E os deputados não têm nenhuma preferência, nenhuma autoridade no Estado dele. E isso vai criando um clima de insatisfação dentro dos parlamentares. Então eu acho que esse modelo que eu aprendi dentro do PDT eu quero fazer completamente diferente no Solidariedade.

O PDT vai sobreviver?
Acho que vai, porque tem história. Mas vai minguar muito por causa desse tipo de administração.

De que forma o Palácio do Planalto atuou, como o senhor disse, para impedir a criação do Solidariedade?
Atuou lá atrás com aquele projeto de lei que inibia a criação de partido. Nós conseguimos uma liminar no Supremo que suspendeu a tramitação do projeto e que perdemos, né? Perdemos lá no Supremo, mas quando perdemos o povo foi pra rua, aí o Palácio recuou e o Congresso também recuou, porque era uma coisa antipática, principalmente contra a Marina. Não era nem contra nós, mas era mais contra a Marina se votasse aquele projeto.

Esse projeto, na realidade, acabava com a possiblidade da criação de um novo partido e a permissão pra deputados eleitos por outra sigla passarem pra esse partido levando o tempo de rádio e TV.
Você podia passar, mas não levava nem fundo partidário nem tempo de TV. Ou seja, você inviabilizava na medida em que o partido não tinha condição de se comunicar.

O senhor acha que, a partir de agora, não é necessário repensar esse mesmo projeto, agora, passando o período de 5 de outubro?
Eu acho que quanto mais partido melhor, cada grupo tem que ter o seu partido, tem que ter democracia. Na rua é que as pessoas decidem qual o melhor partido. Essa história de inibir partido, acho que tem que criar partido. Cada um que achar que o partido não tá bom, muda e faz outro.

Muito bem. E como, mas a presidente Dilma Rousseff esteve envolvida nessa operação?
Eu acho que teve, eu acho que teve.

Mas o senhor tem informação objetiva sobre isso?
Ah tem viu.

Conta então um pouco.
Eu vou contar essa história toda aqui, está doido?

Mas por que não? Se são informações objetivas?
Eu só estou te dando indícios. Tem um projeto, que o PT, juntou lá com o PMDB, PSD tal, e joga muito pesado e aprova na calada da noite. Aprova um requerimento de urgência hoje e vota em seguida, sem ninguém tá sabendo, ou seja, todo um ritmo. No outro dia vai pro Senado e tenta empurrar lá. Agora, nós tivemos sete pareceres do Ministério Público favoráveis e aí vem um outro, indicado pela presidente Dilma que faz um parecer contrário.

O senhor está se referindo ao vice-procurador eleitoral, o [Eugênio] Aragão?
Ontem eu falei e vou repetir: esse relatório dele foi encomendado pelo Palácio do Planalto.

Mas ele foi indicado pelo procurador-geral [Rodrigo] Janot.
Então, pega o histórico de quem eu estou falando, o Aragão. Pega o histórico dele, você vai ver de quem ele é.

O sr. acha que a presidente Dilma diretamente determinou isso?
Aí eu não sei se foi ela, né? Mas deve ter sido.

E o sr. acha que ela aprovou essa operação?
Acho que teve um desespero ali no Palácio do Planalto na hora que o PSB decidiu sair do governo. Aí o governo ficou meio desesperado. Começa a perder as suas bases, não é? A história do PT foi com o PDT, PC do B e o PSB. Como esses três partidos, quando eles [PT] casaram com o PMDB –eles casaram lá atrás– esses três partidos ficaram, os aliados históricos, ficaram de lado. Isso a gente reclamava lá há algum tempo. E esses partidos se sentido de lado, quem mais tem coragem, como o Eduardo Campos [governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB], rompe com o governo antes da hora. Isso os deixou um pouco desesperados. E na medida que você tem mais... A Marina [Silva] criando um partido e em segundo lugar nas pesquisas. E um outro partido do qual na verdade eles tinham dúvidas, por causa da minha posição com relação à presidente Dilma, de que lado nós estaríamos. Então, tinha toda uma pressão ali do Palácio e o medo de 2014.

Mas só para recapitular. O sr. acha que a presidente Dilma não desejava a criação do seu partido?
Eu acho. Eu acho, não. Tenho certeza.

Porque em 2014 a chance de o Solidariedade apoiar a reeleição da presidente Dilma é pequena... nenhuma?
Se depender de mim, nenhuma. Só que agora eu vou ter de falar como presidente de um partido, e no meu partido tem muita gente que hoje está na base do governo –aliás eu acho que quase todos estão na base do governo, não é?

Então como vai ser isso?
Nós vamos ter de discutir isso aí internamente.

Então, tem chance de apoiar a presidente Dilma?
Não sei... Se depender de mim, não.. Mas meus parlamentares lá...

O sr. vai fazer o que for possível para não apoiar a reeleição da presidente Dilma?
No que depender de mim o meu partido vai para a oposição.

Dos nomes que já estão pré-lançados a presidente da República, quais o sr. considera que poderiam ser ou ter o apoio do Solidariedade?
Eu tenho uma grande relação com a Marina [Silva], com o Eduardo Campos. Mas muito boa relação com o senador Aécio Neves [PSDB-MG].

O que se ouve em Brasília é que a possibilidade maior é de apoio à candidatura de Aécio Neves, do PSDB...
Até porque o Aécio é muito meu amigo. Desde quando ele era apenas presidente da Câmara... Apenas deputado... Antes disso eu como sindicalista tinha uma grande relação. Mesmo na eleição de 2002, quando fui candidato a vice[-presidente] do Ciro [Gomes] a Presidência da República, eu fui a Minas apoiar o Aécio, que era de um outro partido. Quer dizer, então, tenho uma grande relação com ele e, por isso, as pessoas já dizem que nós já estaríamos nesse embalo. Agora... ele pode ser o nosso candidato.

O sr. vai, se depender do sr., trabalhar para que isso ocorra?
Eu vou trabalhar com ideia de a gente –essa é a minha opinião– de a gente fazer um acordo com o Aécio, com o Eduardo Campos, com a Marina, de ter uma grande composição no segundo turno das eleições...

E no primeiro?
...E para isso, eu acho que esses três candidatos deveriam ter as condições iguais de disputar as eleições. E, aí, com o acordo de quem for melhor, no segundo turno, ter o apoio dos outros.

Mas e o seu partido, no caso, iria apoiar um dos três?
Então, dentro desse acordo, desse jogo que vai acontecer em 2014, nós estaríamos dentro disso.

Como funciona esse jogo? Como é essa igualdade de condições?
Vou dar um exemplo assim... Você para disputar a eleição no Brasil, eu já fui candidato a vice-presidente e sei, não adianta você só ficar andando na rua, fazendo comício, fazendo discussão ou reunião. Você tem que ter tempo de rádio e de televisão. Sem isso você não consegue falar com os cento e tantos milhões de eleitores que o Brasil tem. E você então só pode falar pelo rádio e pela televisão. Principalmente pela televisão. Então, nós teríamos de ter a capacidade de dar essa condição para cada um dos três candidatos.

O tempo de televisão mais ou menos distribuído entre os três?
Exatamente.

Para que os três tenham condições de ter um desempenho mais competitivo. É isso?
Exatamente. Eu acho, por exemplo... Vamos supor que essa guerra que está contra a Marina não deixe ela ter um partido, criar o partido dela que é o sonha dela. A gente poderia estar verificando as possibilidades de ela ir para um ou para outro desde que tivesse esse acordo.

Ou seja, o Solidariedade vai trabalhar para ter mais candidatos de oposição competitivos contra a reeleição de Dilma?
Essa é a minha ideia. Não significa que seja a do meu partido, com quem nem me reuni ainda... Vou me reunir hoje às 14h.

O que a presidente deveria fazer para trazê-lo de volta ao campo governista e para apoiá-la?
Fernando, o seguinte... Você sabe, a gente já se conhece há muito tempo. Eu sou sindicalista e estou deputado. E eu tenho um lado. Os maiores problemas que eu tive na vida é porque eu tenho um lado. Se eu não tivesse lado, eu não teria esses problemas que eu tive, de processos e essas coisas todas. Mas eu não mudo. Eu defendo os trabalhadores aqui na Casa. Aqui, eu sou um defensor dos trabalhadores. E quando a Dilma foi candidata... Eu fui fundador do PT, em 1982, e nunca votei no PT. Nunca. Certo? Saí em 1982 e nunca votei. Aliás, votei em 1982. Fui fundador em 1980 e em 1982 fui candidato a vereador numa cidade e depois abandonei a política e nunca mais votei no PT. E depois, no segundo mandato do presidente Lula, ele tratou muito bem o movimento sindical. Tratou tão bem que no final disse assim: ‘Paulinho, você apoia a Dilma?’. E eu falei: ‘Apoio’. E ele chegou a dizer para a presidente Dilma o seguinte: ‘Você conseguiu o que eu nunca consegui: que as seis centrais sindicais te apoiassem’. E ela fez um acordo dentro do prédio dos metalúrgicos de São Paulo, com as seis centrais de que ela iria acabar com o fator previdenciário, de que ela iria reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, ela iria fazer uma política salarial para os aposentados, ia fazer uma tabela de correção do Imposto de Renda com o menor salário todos os meses, correta, e ela não fez. Enfim, ela assumiu uma série [de compromissos]. Ela ia fazer os 10% do PIB para a educação. 10% do PIB para a saúde...

Ela não fez o que prometeu?
Não fez nada. Não cumpriu uma [promessa]. Nenhuma. E virou minha inimiga dois depois que foi eleita. Por quê? O salário mínimo de 2010, por causa do PIB de 2008, não ia subir praticamente, não ia crescer nada. Eu fiz uma emenda propondo uma antecipação de R$ 25 do salário mínimo porque o [aumento do] salário de 2011 ia ser grande por causa do PIB de 2009. Ia ser 14%. E eu disse, eu fui numa reunião com ela e falei: ‘Presidente, é um erro o que você está fazendo. Este ano não sobe nada e no ano que vem sobre 14%. Vai penalizar as pessoas que vão ter que pagar, inclusive, esse aumento em 2011. Vamos antecipar’. E eu fiz... eu fiquei naquela emenda minha ali na medida provisória dela. E ela virou minha inimiga por causa disso, entendeu? Além de... a partir dali, não cumpriu nada. Ela mudou. Na verdade, ela já tinha mudado.

Hoje, Dilma é inimiga sua?
Eu acho que sim. Não chama mais as centrais, não reúne, não conversa.

Por que ela não cumpriu esse acordo que o sr. disse que ela fez com as centrais?
Porque eu acho que ela não entende disso não. Ela nunca esteve deste lado mesmo não. Ela aproveitou ali... Ela vive hoje da fama que o Lula tinha nessa área. Você pode ver o discurso dela é: ‘Porque o Lula fez, o Lula fez’. Pergunte o que ela fez? Ela não fez coisa nenhuma. Para os trabalhadores, não.

Ela fez esse acordo na campanha de 2010 com a centrais. É isso?
Eu não me lembro do dia... Mas no segundo turno das eleições ela ficou dois dias dentro do prédio da Força Sindical, com reuniões em todo quanto é andar. Eu tomei R$ 37 mil de multa por causa dela. Entendeu? Até por usar a estrutura do sindicato lá para ajudar ela. E aí ela assinou... Não assinou, ela se comprometeu junto com o Lula. E não cumpriu coisa nenhuma. Eu não tenho como apoiar alguém que concorda de fazer as coisas para os trabalhadores e no outro dia muda de lado. Ela não é minha mãe.

Ao ter prometido, feito um acordo e não cumprido, ela cometeu o quê? É um ato de traição? O que é?
Não sei o que dá para qualificar. Isso aí as pessoas têm que medir...

Mas e o sr.? Qual é a sua descrição?
Ela abandonou as causas trabalhistas, entendeu? Aquilo que a gente vinha tendo com o Lula... Eu falei isso para o Lula: ‘Lula, não peça fazer nada por essa mulher que eu não faço”.

Se o ex-presidente Lula fosse candidato a presidente aí as coisas seriam diferentes?
Eu acho que seriam. Eu cheguei dizer isso para ele.

Mas a chance de ele vir a ser candidato em 2014 não existe...?
Não existe. Se ele falar hoje que é candidato... ele acaba com o governo da Dilma. Se ele não fala e deixa para mais para frente, as pessoas vão assumindo outros compromissos. Então, ele sabe que está inviabilizado.

Ou seja, a candidata é Dilma e como o sr diz ela virou sua inimiga... Inimiga das suas causas?
Não é inimiga minha. Ela é inimiga das causas trabalhistas.

Quanto tempo de TV é a expectativa de o Solidariedade ter no ano que vem, por conta dessas filiações?
Esse tempo de televisão é complicado, né?

É um cálculo difícil, mas o sr. deve ter mais ou menos estimado...
Acho que em torno de dois minutos.

É um déficit grande que vai ser imposto à aliança do lado governista... O sr. estima que quem vai acabar ficando com a presidente Dilma? Ela teve dez partidos a favor dela em 2010...
Ah, isso é muito difícil, porque depende muito desse...

Porque o sr. vai sair com vários deputados do PDT. O PDT vai ficar desidratado. O PSB pode sair...
Eu não sei se o PDT apoia ela...

...Também tem isso. Mas por outro lado ela pode ter o apoio do PSD...
O [Carlos] Lupi [presidente nacional do PDT] eu sei que ele tem uma grande relação mesmo com o Aécio, mesmo com o Eduardo Campos. Então essa é uma coisa que vai, para onde, não sei...

Mas, por outro lado, a presidente Dilma deve ter o apoio do PSD, que é um partido grande em termos de TV...
Será que tem? Vamos ver, né?

Isso é o que tem dito o ex-prefeito Gilberto Kassab...
É... Mas vamos ver.

O sr. acha que ele vai acabar não apoiando a presidente Dilma?
Vamos acompanhar. Só posso dizer isso no final [risos].

Mas o sr. o que acha? Qual é o seu palpite?
Se você ler o que está hoje, vai. Mas eu acho que muitas coisas vão acontecer ainda daqui até junho de 2014.

Qual é, pela sua experiência, o cenário que a gente vai ter no final deste ano, começo do ano que vem, em termos de gride de largada aí para a presidência da república? Quantos por cento, mais ou menos, que cada um vai estar e em que faixa?
Eu acho que a tendência é a presidente Dilma estar na frente, por causa da exposição que ela tem.

Hoje ela tem perto de 35% dos votos.
Segundo deve continuar a Marina, porque a Marina também tem uma exposição grande e tem um apelo né? Da juventude e tal. Depois deve estar o Aécio, Eduardo Campos, eu acho que...

O senhor acha que não muda, que não vai mudar esse cenário até o meio do ano que vem?
Só muda com televisão. A hora que todo mundo tiver o espaço igual.

O senhor acha que Eduardo Campos fez bem em tomar as decisões que tomou recentemente, sinalizando que vai ser candidato a presidente, saindo do governo Dilma, com o PSB?
Eu acho que sim, porque é aquilo que quando você prende um gato num quarto e começa a bater nele, ele vai pular, né? E o que eles fizeram com o Eduardo, eu acompanhei um pouco.

E o que eles fizeram?
Porrada pra todo lado. É o mesmo modelo, põe gente dentro do partido para tentar tomar o partido, pra tentar inviabilizar. Fizeram isso com o PDT, com o PP, com o PR, né? Inventam lá uma história de corrupção e põe gente dentro pra ficar batendo. E com o Eduardo não é diferente. Você viu que até hoje tão batendo.

O senhor foi candidato a vice-presidente da República, em 2012, na chapa encabeçada por Ciro Gomes. Ciro Gomes tá um pouco fora do cenário nacional. O que aconteceu? Ele deixou de ser um nome possível como candidato a presidente? Por quê?
Eu nunca mais falei com o Ciro. Acho que faz uns três anos que eu não falo... Depois que ele saiu de deputado nunca mais consegui falar com ele. Estive no Ceará recentemente, mas ele não estava lá, não consegui falar. Não sei o que aconteceu. Talvez se desiludiu mesmo, com a política nacional. Porque se desilude. Se ficar aqui muito tempo e tiver um pouco de vontade você fica meio desiludido.

O senhor citou já, aqui na entrevista, vários processos que tem por conta das posições que ocupa. Vou citar uns dois aqui, que eu anotei. Em 2010, o senhor e a Força Sindical foram condenados em primeira instância a devolver R$ 230 mil que teriam sido desviados do FAT, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, e ainda uma multa R$ 471 mil. Aí a acusação era que os recursos do FAT foram usados para contratar escolas e cursos sem licitação. O outro, outra condenação: por improbidade administrativa, em 2011, por aplicação irregular, segundo a acusação, de R$ 2 milhões e 850 mil de recursos públicos na compra de uma fazenda em Pirajú, no interior paulista, para reforma agrária. E em 2012, a Justiça, aqui do Distrito Federal, determinou bloqueio dos seus bens em processo que o acusou e também a outros por desvio de R$ 64 milhões em recursos públicos. Segundo a promotoria, o senhor fechou convênios irregulares entre a Força Sindical e o Ministério do Trabalho, com recursos do FAT. O que são essas acusações todas e essas condenações?
Rapidamente. Primeiro que essas questões são todas de antes de 2002. Até 2002 a Força Sindical tinha vários convênios com o governo na área de qualificação, na área da terra. Nós tínhamos um convênio de treinar as famílias na área da terra, qualificar as famílias pra produzir. Em 2002, teve várias acusações, como eu fui candidato a vice-presidente e o Ciro começou a subir, a gente tinha chance de ganhar a eleição, então apareceu várias acusações de desvio disso, desvio daquilo. E era bem encomendado. E eu decidi, a partir dali, que a Força Sindical não teria mais convênio nem com governo federal, nem com o governo estatual. Com nada. Nós não trabalhos mais com o governo. Nós não temos nada de recurso público, nada. A Força Sindical não tem um centavo de dinheiro público, nós temos imposto sindical, que nós não consideramos dinheiro público. Agora, não tem nenhum convênio, então essas acusações, esses processos são antes de 2002, que eu respondo pela Força Sindical. Mas veja bem como é que é isso: em 2002, no meio da campanha, eu fui acusado de comprar uma fazenda em Pirajú.

Uma cidade no interior de São Paulo.
Primeiro que eu não comprava terra, quem comprava eram os agricultores. Eu só treinava as famílias. O meu convênio com o governo era pra treinar. Sabe quando foi a última vez que eu depus nesse processo?

Hum?
Em 2002, nunca mais me chamaram pra depor. Em 2002 fizeram um estardalhaço danado, nunca mais fui chamado pra depois, 11 anos depois.

Mas o processo continua por aí?
Eu sei. Porque que continua? Pra quando eu for candidato a alguma coisa voltar com o processo. É o sistema.

Deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical. Paulinho da Força Sindical, ex-PDT já, e agora pra entrar no Solidariedade, muito obrigada pela sua entrevista.
Eu que agradeço.