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Para líder do PT, CPI da Petrobras seria "palco político"

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

24/03/2014 21h44

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou nesta segunda-feira (24) a intensa mobilização da oposição para criar a CPI da Petrobras por considerá-la “um palco político de projetos para eleição”.

O petista citou como exemplo a CPI do Cachoeira, em que os parlamentares se debruçaram durante meses sobre as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira com políticos e empresários e, ao final, foi aprovado um relatório que não resultou, para ele, em nada concreto. 

“Nós entendemos que não cabe uma CPI. Até porque o último exemplo de CPI, que foi a CPI do Cachoeira, terminou com um relatório de duas páginas e não indiciou ninguém. Então, foi muito mais um palco político de projetos para eleição”, afirmou Costa, após se reunir com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e outras lideranças do governo para discutir a pauta desta semana no Congresso.

Parlamentares opositores querem investigar contratos suspeitos feitos pela estatal, entre eles a aquisição pela Petrobras de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.
A iniciativa também chegou a ser defendida pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), potencial rival da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, e recebeu endosso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Segundo Costa, a estratégia para barrar a criação da CPI será “esclarecer os senadores e deputados”. “Há muita especulação, as pessoas talvez não tenham tido as explicações sobre como, de fato, as coisas aconteceram.”

O senador frisou que os contratos já estão sendo investigados pelos órgãos competentes e que o governo está interessado em dar explicações.

“No nosso entendimento, toda essa temática da Petrobras está sob investigação. O Tribunal de Contas, a Controladoria Geral da União, a Polícia Federal, a própria Petrobras está fazendo vários inquéritos e sindicâncias dentro da empresa”, afirmou.

“Nós queremos que os ministros possam vir ao Congresso para explicar, que a presidente da Petrobras [Graça Foster] possa também estar, que se possa ter acesso a todos os documentos. Essa transparência todos nós queremos e o governo vai dar.” Deputados aprovaram convite para a presidente da estatal ir à Câmara prestar esclarecimentos.

O líder petista saiu ainda em defesa da compra da usina nos Estados Unidos e disse que, naquele momento, em 2006, “do ponto de vista do mercado, era uma proposta que interessava ao Brasil”. “Deixou de ser uma proposta rentável por conta da crise [econômica mundial], mas já está voltando novamente a ser rentável. Tanto é que a Petrobras não considerou a refinaria no seu plano de desmobilização para elevar o seu caixa”, afirmou.

A polêmica está no valor do negócio: a Petrobras comprou da empresa belga Astra Oil metade da refinaria por US$ 360 milhões, oito vezes mais do que a belga havia pagado pela unidade inteira no ano anterior.

A presidente Dilma Rousseff, que à época era ministra da Casa Civil e presidente do conselho de administração da estatal, justificou o seu aval ao negócio dizendo que não dispunha de informações completas. A versão contradiz explicação dada anteriormente por José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, de que a operação havia sido embasada em estudos.