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"Tem tubarão e vão atrás de peixinho?", diz Rui Falcão sobre filho de Lula

Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, em foto de 2008 - João Sal - 5.mai.08/Folhapress
Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, em foto de 2008 Imagem: João Sal - 5.mai.08/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

28/10/2015 17h05

O presidente do PT, Rui Falcão, afirmou nesta quarta-feira (28) que a ação da operação Zelotes que executou mandados de busca e apreensão no escritório do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o empresário Luís Cláudio, se deve a uma "perseguição" contra o PT.

"A operação Zelotes envolve bilhões e empresas grandes do nosso mercado. A única busca e apreensão para valer que nós vimos foi na casa do filho do Lula, por uma coisa transversa de que ele teria participado de venda de uma medida provisória, sem comprovação", afirmou.

"Você entende? Tem um monte de tubarão, você vai correr atrás de um peixinho que sequer tem provas contra ele", disse Falcão.

Segundo o dirigente petista, tal perseguição seria "nítida" e praticada por "setores da mídia, por setores da oposição e, porque não, do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário. Setores", disse.

"Como nós temos dito repetidamente: há uma campanha direcionada para atingir o PT, a Dilma e o Lula. É nítido isso", afirmou Falcão.

O presidente do PT participou nesta quarta-feira de reunião da Executiva Nacional do partido, na sede da legenda em Brasília. O encontro discutiu o teor da resolução que deve ser apresentada na reunião do Diretório Nacional, nesta quinta-feira.

A Executiva pretende inserir no documento, que fará uma espécie de análise da conjuntura política, a defesa do presidente Lula face às investigações que atingem a ele e seus familiares.

Falcão rebateu as versões publicadas na imprensa de que o texto seria um "desagravo" a Lula pois, segundo o dirigente, "Lula não está agravado".

"Nós consideramos [que há] uma manipulação, uma perseguição, inominável, inexplicável a um dos seus filhos [de Lula]. Nós vamos seguramente mencionar no documento de conjuntura essa agressão"

No encontro do Diretório Nacional, nesta quinta-feira, o PT decidiu transmitir ao vivo, pela internet, o discurso do ex-presidente Lula. Segundo o secretário nacional de Comunicação do partido, Alberto Cantalice, será um "pronunciamento à nação", disse nesta quarta-feira.

Suspeitas

Na segunda-feira (26) a empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, em São Paulo. A empresa de Luís Cláudio está na mira da operação Zelotes, que apura um suposto esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.

Os policiais identificaram que a empresa de Luís Cláudio recebeu pagamentos da consultoria Marcondes & Mautoni, investigada por suspeitas de ter negociado a edição de uma Medida Provisória que concedeu incentivos fiscais ao setor automotivo.

Um dos sócios da consultoria, Mauro Marcondes, afirmou que o pagamento se referia a um projeto esportivo, área de atuação da LFT. O advogado do empresário afirmou que a ação da Zelotes foi "despropositada" e que o pagamento é relativo a serviços que foram efetivamente prestados.

Além da Zelotes, a operação Lava Jato e o Ministério Público do Distrito Federal também têm voltado as investigações para fatos que podem estar ligados ao ex-presidente.

No domingo, em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, confirmou ter levado o empresário João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, a um encontro com o ex-presidente, no Instituto Lula. A interseção de Bumlai a favor do encontro, segundo confirmou o pecuarista, foi um pedido do lobista Fernando Soares, o Baiano, delator na operação Lava Jato.

Baiano afirmou em sua colaboração premiada ter repassado R$ 2 milhões a Bumlai, em pagamento que seria destinado a uma das noras do ex-presidente Lula. Segundo Baiano, Bumlai havia ajudado a intermediar um contrato no setor de petróleo. O pecuarista negou a versão e disse que o repasse foi um empréstimo.

O instituto do ex-presidente divulgou nota na qual nega que qualquer nora de Lula tenha recebido dinheiro e diz que "jamais autorizou que o senhor José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome [o de Lula] em qualquer espécie de lobby", diz o texto da nota.

A atuação do ex-presidente a favor de empresas privadas também é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal, que apura se Lula praticou tráfico de influência para que grandes empreiteiras nacionais conseguissem contratos em outros países financiados pelo BNDES.

No dia 15 deste mês, Lula prestou depoimento voluntariamente à Procuradoria e negou as acusações e disse que jamais interferiu nas decisões do banco. "Os presidentes e ex-presidentes do mundo inteiro defendem as empresas de seus países no exterior", afirmou, segundo nota divulgada pelo Instituto Lula na época.