República não está bem e delação de Delcídio preocupa, diz ministro do STF
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
03/03/2016 18h44
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou nesta quinta-feira (3) que a República não "está bem” e que o já divulgado sobre a suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) “preocupa muito”.
“Preocupa muito, porque acaba revelando precedentes dados que não poderíamos sequer imaginar”, disse o ministro, em entrevista a jornalistas ao deixar a sede do STF.
“Não sei se a República está bem, considerados os fatos que estão surgindo”, afirmou.
Veja também
Nesta quinta-feira, o STF concluiu o julgamento que decidiu por abrir um processo criminal contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se tornou réu pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ministro afirmou que toda suspeita de irregularidade deve ser investigada e que é “muito cedo” para projetar as eventuais consequências políticas caso a delação de Delcídio seja confirmada na Justiça.
Segundo reportagem da revista “IstoÉ”, o senador teria feito acordo de delação premiada no qual citaria a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT.
Após a reportagem ser publicada, Delcídio divulgou uma nota na qual diz não confirmar as informações da reportagem. A revista mantém as informações publicadas.
Segundo a reportagem, Delcídio teria feito um acordo de delação premiada com a Operação Lava Jato no qual ele apontava Lula como o mandante dos pagamentos feitos ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e no qual a presidente Dilma teria interferido ao menos três vezes nos processos contra executivos de empreiteiras presos pela Lava Jato.
Marco Aurélio afirmou que as revelações comprometem a imagem do país. “Sem dúvida alguma isso fragiliza o Brasil em termos de respeitabilidade internacional”, disse.
Gilmar Mendes
O ministro do STF Gilmar Mendes afirmou que o processo contra Cunha agora entra na fase de análise de provas e que o julgamento não deve ter um desfecho nos próximos meses.
“Agora começa fase de instrução. Isso vai consumir algum tempo”, disse. “Havia elementos adequados para o recebimento da denúncia, esse foi o entendimento unânime do tribunal”, afirmou Mendes.