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Surpresos com troca de diretor, delegados da PF lamentam instabilidade e cobram "proteção"

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

27/02/2018 20h05Atualizada em 27/02/2018 20h05

Embora estivessem cientes da "situação difícil" do agora ex-diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, delegados da corporação dizem ter sido pegos de surpresa com o anúncio de sua demissão, nesta terça-feira (27).

Horas depois de tomar posse à frente do recém-criado Ministério Extraordinário da Segurança Pública, ao qual a PF passou a ser subordinada, o ministro Raul Jungmann decidiu substituir Segovia pelo delegado Rogério Galloro, que chefiava a Secretaria Nacional de Justiça.

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"A gente foi pego de surpresa com a mudança. Sabíamos que a situação do diretor-geral era difícil por conta das declarações, desde o Carnaval. Mas como houve as explicações e depois a sucessão de fatos nacionais como a intervenção no Rio e a mudança no Ministério, a gente entendeu que parecia que a coisa ia continuar com o doutor Segovia mesmo", declarou ao UOL o presidente da ADPF (Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal), Edvandir Paiva.

Ele se refere às polêmicas declarações de Segovia em entrevista no último dia 9, em que ele disse não haver indício de crime no inquérito que apura se o presidente Michel Temer (MDB) favoreceu empresas no porto de Santos (SP) por meio de um decreto em troca de propinas.

O então diretor-geral indicou ainda que a investigação pode ser arquivada em pouco tempo.

As falas provocaram reações duras dentro da corporação, no STF (Supremo Tribunal Federal) e por parte da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Apesar de já ter manifestado preocupação com as declarações de Segovia, Paiva afirmou que, mais do que a troca de nomes, os delegados lamentam que a Polícia Federal passe por esse tipo de instabilidade. A ADPF representa cerca de 2.300 delegados

Para ele, a Polícia Federal seria mais estável "se houvesse proteções constitucionais para a polícia, se o diretor-geral tivesse mandato ou fosse escolhido por lista tríplice". "Isso ocorre na PGR e veja que lá não houve uma mudança recente a mesma comoção, a mesma instabilidade que está havendo na Polícia Federal", acrescentou.

Mesmo com a surpresa, o nome do escolhido para substituir Segovia agradou. "O doutor Galloro é um policial que já foi [número] 2 da Polícia, já foi diretor-executivo, já foi adido, tem experiência, e é um nome absolutamente natural diante de uma mudança. Se tivesse sido ele o escolhido em novembro, não teria sido surpresa nenhuma", declarou Paiva.

Ele pede que o novo diretor-geral tenha parcimônia e “entenda a posição que ocupa”. "[Desejamos que] nos ajude a obter as medidas que protegem a corporação, que vão garantir não agora, mas principalmente no futuro, que a PF não sofra nenhum tipo de instabilidade nem riscos de interferência interna. Que ele nos ajude a construir o sistema de proteção para a Polícia Federal. Isso é o mais importante", afirmou.

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