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Palocci quer que e-mails de Odebrecht fiquem fora de processo da Lava Jato

Palocci em depoimento à Justiça, em setembro de 2017 - Reprodução - 6.set.2017/Justiça Federal do Paraná
Palocci em depoimento à Justiça, em setembro de 2017 Imagem: Reprodução - 6.set.2017/Justiça Federal do Paraná

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

12/03/2018 20h28

A defesa do ex-ministro Antonio Palocci pediu nesta segunda-feira (12) ao juiz Sergio Moro que sejam retirados de um processo da Operação Lava Jato e-mails  sobre a compra de um terreno pela Odebrecht e sua suposta destinação para o Instituto Lula, que cuida do acervo histórico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As mensagens foram entregues à Justiça em fevereiro por Marcelo Odebrecht, que tem acordo de delação premiada e comandava o grupo que leva o nome da família. Alguns dos e-mails do empresário citam "Italiano" como seu interlocutor para assuntos relativos ao terreno. Segundo delatores da Odebrecht, "Italiano" era o apelido usado para se referir a Palocci.

Neste processo, Palocci é réu sob a acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), ele teria atuado para dissimular a compra do terreno, no valor de R$ 12,4 milhões, e que teria sido adquirido com dinheiro oriundo do esquema de corrupção na Petrobras desvendado na Lava Jato.

Segundo os advogados do ex-ministro, a inclusão dos e-mails no processo "foi tardia", e "grande parte deles não possui relação direta com o objeto do processo".

A defesa de Marcelo Odebrecht, que também é réu no processo, diz que não entregou as mensagens antes porque elas estavam em um laptop apreendido pela Polícia Federal em 2015, quando o empresário foi preso. No fim do ano passado, ao passar para prisão domiciliar, ele enfim teria tido acesso a uma cópia dos arquivos.

Moro autorizou a inclusão dos e-mails com base na justificativa de Odebrecht e no artigo 231 do Código de Processo Penal, segundo o qual "salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo".

Palocci deixou o PT em setembro do ano passado dizendo que Lula havia sucumbido ao "pior da política", dias depois de ser interrogado no processo sobre o terreno e dizer que a Odebrecht e o partido tinham um "pacto de sangue". O ex-ministro cumpre prisão preventiva por ordem do juiz Sergio Moro desde setembro de 2016 e estaria negociando um acordo de delação premiada desde o ano passado. 

Em junho passado, Moro condenou Palocci a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a sentença, enquanto era ministro da Casa Civil, Palocci participou do esquema de pagamento de US$ 10 milhões, fora do país, para os marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que fizeram campanhas presidenciais do PT. O dinheiro foi pago pela Odebrecht. Ao menos parte dele seria uma contrapartida à interferência de Palocci a favor da empresa em contratos com a Petrobras.