Topo

Justiça rejeita último recurso de Lula na segunda instância

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

18/04/2018 13h58Atualizada em 18/04/2018 17h36

A 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) decidiu, nesta quarta-feira (18), não analisar os “embargos dos embargos” apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo do tríplex. Com isso, o mérito do pedido não chegou a ser analisado pelos três desembargadores da Turma. Essa foi a terceira vez seguida que o petista sofreu um revés unânime na segunda instância.

Mesmo se tivesse resultado favorável a Lula, o julgamento não teria efeito sobre a prisão do petista. O ex-presidente cumpre sua pena de 12 anos e um mês de reclusão desde 7 abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba

Com a decisão de hoje, a defesa precisa esperar a publicação do acórdão --o que irá acontecer nos próximos dias-- para recorrer da sentença do juiz Sergio Moro e do TRF-4 nas instâncias superiores, ou seja, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal). A tramitação do processo na segunda instância, agora, está encerrada.

Veja também

Os recursos aos tribunais superiores são pedidos via TRF-4. A defesa deve apresentar a solicitação a partir da próxima segunda-feira (23).

Para sair da prisão, para Lula, resta apenas o caminho das instâncias superiores ou de uma mudança no entendimento do STF a respeito de prisão após condenação em segunda instância.

Hoje, Lula está inelegível com base na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado em segunda instância. No entanto, o PT diz que o ex-presidente é o pré-candidato do partido ao Planalto. No último Datafolha, divulgado no dia 15 de abril, ele foi testado em três dos nove cenários apresentados e liderou todos com 30% a 31% das intenções de voto.

No julgamento de hoje, o relator do processo do tríplex no TRF-4 foi substituído. O desembargador João Pedro Gebran Neto está em férias e seu lugar foi ocupado pelo juiz Nivaldo Brunoni. O presidente da Turma, Leandro Paulsen, e o decano do grupo, Victor Laus, participaram normalmente.

“Não se pode admitir a possibilidade de a defesa buscar a reabertura de discussão de matérias já superadas", disse Brunoni.

Para Paulsen, a Turma não vislumbrou nenhuma alteração necessária. "Novos embargos costumam não ser conhecidos e, inclusive, têm caráter protelatório". Ele ainda salientou que o processo de Lula "foi objeto de uma dedicação muito grande da Turma".

Laus acompanhou o relator e o presidente sobre a inadmissibilidade do conhecimento dos embargos. “Ressente-se dos pressupostos necessários ao seu cabimento, ao seu trânsito inclusive”.

Os advogados de Lula haviam alegado que esse recurso, julgado pelos desembargadores hoje, foi ignorado pelo tribunal da segunda instância e por Moro, da Justiça Federal do Paraná, antes pedir a prisão do petista.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse que o julgamento de hoje "demonstrou que a determinação de cumprimento antecipado de pena imposta a Lula ocorreu antes do exaurimento da segunda instância." Para Zanin, o TRF-4 "apenas esgotará sua jurisdição após realizar o exame de admissibilidade dos recursos dirigidos às instâncias superiores, que serão interpostos no prazo legal."

Ainda segundo o advogado, "nenhum recurso em processo criminal que busque a apreciação de provas de inocência pode ser considerado protelatório." 

Decisões unânimes

Os “embargos dos embargos” servem apenas para a defesa pedir correções em alguns pontos da decisão da 8ª Turma de 26 de março, quando, por unanimidade, o trio de desembargadores negou os primeiros embargos de declaração do petista. Estes eram referentes ao acórdão de janeiro, que elevou, também em decisão unânime, a pena de Lula de nove anos e meio para 12 anos.

Em manifestação ao TRF-4 na última sexta-feira (13), a PRR-4 (Procuradoria Regional da República), que representa o MPF (Ministério Público Federal) na segunda instância, disse que os “embargos dos embargos” eram “mero inconformismo da defesa”.

A defesa de Lula queria que a segunda instância falasse sobre documentos que foram anexados ao processo após o término da etapa de produção de provas não foram apreciados. Entre elas, está uma carta do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto em que diz que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, mente sobre envolvimento do partido em esquemas com a Petrobras.

No recurso ao TRF-4, a defesa negou que os “embargos dos embargos” seriam para retardar o processo do tríplex na segunda instância, como havia indicado o juiz federal Sergio Moro ao pedir a execução da pena. "Não se pode presumir um caráter protelatório de recurso ainda não interposto, como fez o juízo de piso, que sequer integra a 8ª Turma deste Egrégio Tribunal e, portanto, estava realizando considerações que não são de sua função enquanto magistrado e, portanto, estranhos ao interesse da Justiça".

Além do processo do tríplex, Lula é réu em outras seis ações penais. A mais avançada é a em que aguarda a sentença de um processo que investiga obstrução à Operação Lava Jato, que corre na Justiça Federal no Distrito Federal. O ex-presidente também observa os últimos movimentos de acusação e defesa no processo que envolve um terreno para o Instituto Lula e o apartamento vizinho ao de sua propriedade em São Bernardo do Campo, em uma ação sob comando de Moro.

'Continuo acreditando na Justiça', diz Lula em carta

UOL Notícias

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Justiça rejeita último recurso de Lula na segunda instância - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Política