Topo

Bretas desabafa antes de interrogar Cabral na Lava Jato

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

08/06/2018 15h27Atualizada em 08/06/2018 19h47

Em tom de desabafo, o juiz da Lava Jato no Rio, Marcelo Bretas, afirmou nesta sexta-feira (8) que "juiz não é robô" e que "não espera que as pessoas entendam isso". O magistrado demonstrou ter ficado irritado com as críticas direcionadas a ele após ter autorizado que o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB) conhecesse o neto, na última terça-feira (5).

O encontro ocorreu depois de Cabral acompanhar, por videoconferência, o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como sua testemunha de defesa.

"Não causaria mal nenhum para a sociedade se o senhor encontrasse sua família. Cansei de fazer isso com acusados pobres e presos", disse. "Se tiver que tomar pedrada por entender que o senhor tem algum direito, eu vou tomar", completou.

O desabafo ocorreu pouco antes de Cabral ser interrogado em ação penal derivada da Operação Eficiência. O ex-governador foi ouvido hoje depois de pedir a Bretas para ser reinterrogado no processo. Na primeira oportunidade, em fevereiro deste ano, o ex-governador se recusou a prestar esclarecimentos. Na ocasião, ele estava detido em Curitiba.

Por videoconferência, Cabral reclamou que, no período em que esteve na capital paranaense, não conseguia se reunir com o seu advogado e não tinha acesso aos familiares. Por esse motivo, decidiu ficar em silêncio como forma de protesto.

"Meu direito de defesa está prejudicado. Estou há mais de 30 dias em Curitiba. Não tive oportunidade de estar com meu advogado, que está no Rio respondendo a prazos. Não há nenhum preso em Curitiba com 20 processos no Rio", alegou à época.

Cabral havia sido transferido para Curitiba, em janeiro, por conta das supostas regalias na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte carioca. Depois de quase três meses, a defesa obteve no STF (Supremo Tribunal Federal) autorização para que ele voltasse ao Rio de Janeiro.

Desde então, ele ocupa uma cela do presídio Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste da cidade.

O interrogatório desta sexta diz respeito a ação penal derivada da Operação Eficiência. Após delações premiada, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, há suspeita de crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção passiva.

Além de Cabral, são réus o operador financeiro do ex-governador, Carlos Miranda, os doleiros Vinicius Claret (Juca Bala) e Cláudio Barbosa (Tony) e outros denunciados.

Cabral é réu em 24 ações penais no âmbito da Lava Jato, sendo 23 no Rio de Janeiro e uma em Curitiba. Ele já acumula cem anos em condenações.