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Em meio a rixa, secretário de Educação de Crivella é exonerado e fala em "traição"

Cesar Benjamin foi exonerado do comando da Secretaria de Educação nesta quarta (11) - Ricardo Borges/Folhapress
Cesar Benjamin foi exonerado do comando da Secretaria de Educação nesta quarta (11) Imagem: Ricardo Borges/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/07/2018 09h55

O secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro, César Benjamin, foi exonerado do cargo na manhã desta quarta-feira (11). A exoneração acontece após uma série de brigas com o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, e num momento em que o prefeito Marcelo Crivella (PRB) enfrenta pedidos de impeachment na Câmara de Vereadores. Benjamin disse ter tomado conhecimento da exoneração, publicada hoje no Diário Oficial do município, por meio da imprensa, e afirma não ter recebido sequer um telefonema de Crivella informando da decisão.

Por meio das redes sociais, Benjamin disse que sua exoneração já era esperada, pois não cedeu “à politicagem e aos inimigos da educação”.

“Toda a articulação para a minha saída foi feita pelas minhas costas. Não recebi sequer um telefonema. O prefeito agradeceu desta maneira a minha dedicação à causa da educação”, disse ele em texto publicado em seu perfil no Facebook.

No seu lugar, entra a até então chefe de gabinete da pasta, Talma Romero Suane, que foi nomeada no mesmo decreto de exoneração de Benjamin. O agora ex-secretário disse que a gestão de Talma “nasce sob o signo da traição”.

“[Ela] participou dessas articulações sem me avisar. Há algum tempo, depois da primeira crise, o próprio prefeito me disse que ela havia pedido o meu cargo, mas eu não acreditei. Quem age de boa-fé tende a acreditar na boa-fé dos demais”, afirmou.

No texto, ele relatou ainda que a sucessora lhe havia enviado uma mensagem dizendo não estar se sentindo bem porque, segundo ele, ela já sabia da nomeação. “Quando retornei à SME [Secretaria Municipal de Educação] já não a encontrei. Ela já sabia que havia conseguido a nomeação, mas não teve coragem de olhar nos meus olhos. Sua gestão nasce sob o signo da traição.”

Procurado pela reportagem do UOL, Paulo Messina elogiou a nova secretária de Educação e evitou comentar as brigas com Benjamin. "Talma é uma professora de carreira da rede municipal e certamente dará continuidade ao que havia de bom nos projetos da SME [Secretaria Municipal de Educação], assim como tem capacidade de implementar muitos outros grandes vindouros. No mais, quanto ao que passou, 'há coisas que melhor se dizem calando'", afirmou o secretário da Casa Civil.

Disputa interna

Benjamin e Messina protagonizaram uma série de desentendimentos. O ex-secretário de Educação chegou a chamar o então colega de secretaria de "espertalhão" e "napoleão de hospício".

Os dois se desentenderam pela última vez após a decisão de Messina de instalar na Câmara Municipal do Rio uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar 19 contratos emergenciais firmados pela Secretaria Municipal de Educação.

Messina chegou a pedir demissão do cargo no dia 4 de julho "em virtude dos ataques incessantes que vem sofrendo do secretário de Educação”, mas voltou atrás e decidiu permanecer no cargo.

Em carta divulgada ontem, também nas redes sociais, ele reiterou que permanece no cargo e disse que uma possível saída da gestão municipal durante “movimentos na Câmara Municipal para fragilizar o Executivo”, se referindo aos pedidos de impeachment que tramitam na Casa contra Crivella, seria “inoportuna” e poderia ser vista como “deslealdade e oportunismo”.

Vereadores da Oposição conseguiram assinaturas para interromper o recesso da Câmara e, nesta quinta-feira (12), realizar uma sessão extraordinária para discutir a admissibilidade dos pedidos de impeachment contra o prefeito. Os parlamentares acusam Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, de oferecer facilidades a pastores e frequentadores de sua igreja no atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e no pagamento de impostos.

Conforme revelado pelo jornal "O Globo", o prefeito promoveu um encontro reservado no Palácio da Cidade, sede da prefeitura, na última quarta-feira (4), com líderes evangélicos. Em entrevista ao "SBT" exibida ontem, Crivella se disse vítima de perseguição religiosa e afirmou que reuniões na prefeitura são uma "coisa normal".

“Justamente neste momento em que a Prefeitura ensaia sua recuperação fiscal, e dá os primeiros passos sólidos para afastar a crise, é estarrecedora a possibilidade de ser engolida numa crise política que só traria danos, muitos deles irreversíveis no curto prazo, para os cidadãos cariocas, bem como jogaria ralo abaixo todos os esforços dos últimos meses. Por conta disso, e com a concordância do Prefeito, continuarei à frente da Secretaria da Casa Civil”, afirma Messina no texto.

Em nota enviada ao UOL, a nova secretária de Educação diz estar "honrada com o convite e escolha do prefeito" e que irá desempenhar "com respeito e responsabilidade, a importante missão que lhe foi confiada", sem contudo se posicionar sobre as críticas feitas pelo antigo secretário, a quem substituiu.