Mantém ou corta na Educação? 13 vezes em que o bolsonarismo bateu cabeça
Vanessa Alves Baptista
Do UOL, em São Paulo
15/05/2019 18h15
A divulgação de informações contraditórias ontem à noite sobre os cortes orçamentários no Ministério da Educação (MEC) não foi o primeiro episódio em que o governo Jair Bolsonaro (PSL) bateu cabeça -- sozinho ou com seu entorno.
Em ao menos 13 episódios, o Planalto e seus aliados se contradisseram ou divergiram. Relembre:
1) Bolsonaro anuncia alta do IOF, mas secretário da Receita e ministro negam
No quarto dia de governo, Bolsonaro enfrentou o primeiro bate cabeça em equipe. O presidente anunciou que aumentaria a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas no mesmo dia, o secretário da Receita, Marcos Cintra, e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, desmentiram Bolsonaro.
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"Não, não. Deve ter sido alguma confusão. Ele não assinou nada",
Marcos Cintra, secretário da Receita.
2) Presidente sugere reduzir IR e é desmentido
No mesmo dia em que falou do IOF, Bolsonaro declarou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciaria a "possibilidade de diminuir a alíquota do Imposto de Renda". Poucas horas depois, o secretário da Receita, Marcos Cintra, negou a redução do IR, dizendo que o assunto ainda era estudado.
3) Secretário fala em taxar igrejas e é desautorizado
Em abril, o secretário da Receita disse que criaria um imposto sobre todas as transações financeiras, o que incluiria as contribuições de fiéis para igrejas. Bolsonaro foi às redes negar a medida.
4) Bolsonaro fala em 'acordo' de levar Moro ao STF; ministro nega
Depois de o presidente ter afirmado que vai honrar o que acertou com o então juiz, o ministro da Justiça contradisse o presidente e afirmou que não colocou qualquer condição quando aceitou convite para fazer parte do governo.
5) Presidente e Guedes divergem sobre a reforma da Previdência
Enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, e integrantes da equipe econômica defenderam idade mínima igual para homens e mulheres se aposentarem, Bolsonaro afirmou que considerava 57 anos para mulheres e 62 para homens.
6) Governo muda compra de livros didáticos, desiste e culpa gestão anterior
Em 9 de janeiro, o Ministério da Educação anunciou mudanças em edital para compra de livros didáticos, deixando de exigir referências bibliográficas, o que poderia abrir brecha para erros. Após pressão, o presidente Bolsonaro recuou da decisão e, no Twitter, colocou a culpa no governo anterior.
9) Incra anuncia rompimento de relações com MST, mas governo muda de ideia
Medida anunciada em fevereiro pelo ouvidor do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) chegou a ser comemorada por bolsonaristas nas redes sociais, mas após recomendação da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (ligada à Procuradoria-Geral da República), o governo recuou. Em janeiro, o órgão havia suspendido a política de reforma agrária no país, mas voltou atrás cinco dias depois.
10) Ministro pede que escolas filmem alunos, mas desiste
Após repercussão negativa da medida entre diretores de escola e educadores, o então chefe da pasta da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, admitiu ter errado e desistiu dos planos de filmagem já no dia seguinte do pedido, em 27 de fevereiro.
11) Contrariando 'liberais', governo taxa leite importado
Produtores de leite em pó pressionaram o governo para compensar o fim da taxa sobre o produto importado da União Europeia. Contrariando os ideais de livre comércio de Paulo Guedes e equipe, Bolsonaro anunciou a cobrança leite em pó estrangeiro e comemorou no Twitter.
12) Bolsonaro questiona acordo Embraer-Boeing, e general nega intromissão
Após quatro dias de governo, presidente questionou o acordo de fusão entre a empresa brasileira e a americana. Pouco depois, o chefe do GSI (Gabinete de segurança Institucional), general Augusto Heleno, afirmou que o governo não pensava em interromper o negócio.
13) Presidente sugere base dos EUA aqui, mas desiste
Cinco dias depois de Bolsonaro falar, em 3 de janeiro, da possibilidade de o governo americano instalar uma base no país, o presidente recuou e fez chegar aos militares que não levaria a ideia adiante. Dois meses depois, o presidente assinou em viagem aos EUA um acordo que permite o uso comercial da base de Alcântara pelos americanos, medida que depende do aval do Congresso brasileiro.