Advogado de Cid diz que ele se arrependeu de críticas a Moraes em áudios
Do UOL, em Brasília e em São Paulo
03/05/2024 20h41Atualizada em 03/05/2024 20h45
O advogado de Mauro Cid Cezar Bitencourt disse, nesta sexta-feira (3), que o militar se arrependeu das críticas feitas ao ministro Alexandre de Moraes e à PF (Polícia Federal) em áudios divulgados pela revista Veja. Mais cedo, o magistrado mandou soltar o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
O que aconteceu
Em coletiva de imprensa, Bitencourt afirmou que as críticas foram feitas em "momento de estresse". "Você perde a noção natural das coisas".
O advogado disse que Cid teria conversado com até quatro amigos. "Imagino eu que foi numa circunstância mais ou menos assim: falou com um amigo, não lembra exatamente quem, mas tem 3 ou 4 possíveis, e o amigo, com ou sem maldade, falou com outro amigo, e não se sabe como foi".
Bitencourt ainda afirmou que o militar admitiu que "pisou na bola". Ele disse que pediu a Cid para ter mais cautela.
Soltura
O ministro Alexandre de Moraes, Supremo Tribunal Federal, mandou soltar Mauro Cid nesta sexta-feira (3). Na decisão, Moraes manteve o acordo de delação que está firmado com o militar e também as mesmas medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
Cid já está em casa, no SMU (Setor Militar Urbano), em Brasília. Antes, ele passou por exames no IML (Instituto Médico Legal).
Na decisão, Moraes afirma que Cid compareceu à Diretoria de Inteligência da PF após ser detido em março e, na ocasião, prestou novos depoimentos com "informações complementares sobre os áudios divulgados".
Delação está válida. O ministro ainda considerou que, em seu pedido de soltura, Cid reafirmou a validade dos relatos que fez até então no âmbito das investigações que atingem, principalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Cid está sendo investigado no STF pelas práticas de vários crimes, dentre os quais: organização criminosa; lavagem de dinheiro; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; associação criminosa; falsidade ideológica e inserção de dados falsos em sistema de informações.
Prisão
Essa é a segunda vez que Cid é solto. A primeira vez que foi preso foi em maio de 2023 por conta das investigações de fraudar cartão de vacinação. Ele deixou a prisão em setembro do ano passado, após fechar acordo de delação premiada.
Moraes mandou prender novamente Cid em março deste ano, após virem à tona áudios dele criticando o ministro do Supremo e a PF. Cid afirma nas gravações que os investigadores já estariam com uma "narrativa pronta" sobre os fatos que ele deveria relatar.
Os áudios foram revelados pela revista Veja na noite de 21 de março e ele foi intimado a prestar depoimento no STF no dia seguinte.
Moraes entendeu que Cid havia descumprido o dever de manter sigilo sobre a delação, ao comentar temas do seu acordo em uma conversa que foi gravada. Também apontou que as suas ações podiam dificultar as investigações e configurar obstrução de Justiça.