Brasil vive no marasmo da mediocridade, diz ex-ministro de Dilma
Jonathan Pereira
Colaboração para o UOL
13/08/2019 08h17
Ex-ministro do governo Dilma Rousseff, o filósofo e ex-jurista Roberto Mangabeira Unger afirmou que o Brasil vive um período perigoso sob a gestão Jair Bolsonaro e explicou que teme pela "perpetuação da mediocridade".
"O grande atributo do nosso país é a vitalidade. A nossa tragédia tem sido deixar de prover aos nossos concidadãos oportunidades econômicas, educativas e políticas. O Brasil vive no marasmo da mediocridade. O grande perigo que ronda o Brasil agora não é o autoritarismo, é a perpetuação da mediocridade", disse o ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência ao programa Conversa com Bial, exibido na madrugada de hoje pela TV Globo.
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"Vemos no poder um projeto recomendado pela elite brasileira, em grande parte, não apenas por [Jair] Bolsonaro e sua equipe, que diz 'vamos acertar as contas públicas, vamos melhorar um pouco a qualidade de ensino dentro de um paradigma empresarial e construir infraestrutura com dinheiro dos outros, então o país vai deslanchar'. Nenhum país na história moderna, nos últimos 250 anos, subiu assim", explicou Mangabeira Unger.
"Todos os países que emergiram tiveram um projeto estratégico e rebelde, é isso que quero para o Brasil. Precisamos de um projeto libertador. Precisamos sacrificar, consertar as finanças públicas, mas não para ganhar a confiança financeira, é pela razão oposta: para que o Brasil e seu governo não precisem ficar de joelhos para o mercado financeiro e possam ousar na construção de um projeto rebelde", disse.
"Inimigo devastador"
O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que também participou do bate-papo, opinou: "O que diferencia o ser humano é a capacidade de sonho. Nós precisamos sonhar coletivamente também. O Brasil há muito tempo perdeu a condição de sonhar com um futuro grande, belo".
"Se continuarmos brigando entre nós, quem está no poder vai continuar. Nós precisamos nos entender e saber o que nos une, porque agora temos um inimigo comum muito mais devastador e maior. Hoje nós temos uma ameaça, um projeto que nos afronta", afirmou.
"O que está acontecendo no Brasil é muito sério: desmatamento da Amazônia, liberação de pesticidas terríveis no agronegócio, descaso total da educação, declarações inaceitáveis contra gêneros, grupo humano. Não dá. E nós não conseguimos nos unir para criar uma alternativa de poder real", definiu o economista.