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Marcelo Odebrecht: é "injusto" condenar Lula sem esclarecer contradições 

Constança Rezende

Colaboração para o UOL, em Brasília

04/10/2019 16h49Atualizada em 04/10/2019 21h44

Resumo da notícia

  • Marcelo Odebrecht depõe sobre corrupção em obras em Angola
  • Segundo ele, depoimentos de Lula e Palocci estão 'cheio de contradições'
  • "Meu pai disse que se esqueceu de um bocado de coisa", disse o empresário
  • Defesa de Lula nega vantagens indevidas

O empresário Marcelo Odebrecht fez críticas hoje às acusações apontadas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em depoimento à 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, hoje, Marcelo disse ser "extremamente injusto fazer qualquer espécie de acusação ou condenação de Lula sem que se esclareça contradições".

O empresário disse que nunca tratou de ilicitudes com Lula, mas que apenas ouviu afirmações de seu pai, Emílio Alves Odebrecht, e de Antonio Palocci, ministro da Fazenda no primeiro mandato de Lula e chefe da Casa Civil no primeiro ano do governo Dilma Roussef (PT), que, segundo ele, foram contraditórias.

"A questão de Lula, eu acho que tem de ser esclarecida por meu pai e Palocci. Até porque hoje eu me sinto totalmente desconfortável, porque eu vejo depoimentos tanto de Lula quanto de Palocci estão cheios de contradições", disse Marcelo.

15.dez.2016 -- O empreiteiro Marcelo Odebrecht durante depoimento à CPI da Petrobras, em setembro de 2015 - Giuliano Gomes/Folhapress - Giuliano Gomes/Folhapress
O empreiteiro Marcelo Odebrecht durante depoimento à CPI da Petrobras, em setembro de 2015
Imagem: Giuliano Gomes/Folhapress

"Meu pai já disse que falava para mim uma coisa e falava para Lula outra. Meu pai se esqueceu, disse que se esqueceu, de um bocado de coisa. Minha opinião é que é tremendamente injusto se fazer qualquer espécie de acusação ou condenação de Lula sem que se esclareçam as contradições dos depoimentos de meu pai e Palocci", afirmou.

As afirmações foram feitas em depoimento no processo em que Marcelo atua como corréu e testemunha por corrupção passiva em obras da empresa em Angola.

Lula e os ex-ministros petistas Antônio Palocci Filho e Paulo Bernardo são acusados de aceitar, segundo o Ministério Público Federal, pagamentos da Odebrecht para liberar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4 bilhões, na cotação atual) em empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A ação é conduzida pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira.

A defesa de Lula afirma que o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu qualquer vantagem indevida antes, durante ou após exercer o cargo de presidente da República. Ele já foi condenado em dois casos da Operação Lava Jato, ambos julgados em Curitiba: o do tríplex de Guarujá (SP) e o do sítio de Atibaia (SP).

Já a defesa de Palocci afirmou que o ex-ministro iria colaborar para o amplo esclarecimento dos fatos.

Ex-homem forte dos governos petistas, Palocci foi ministro da Fazenda no primeiro mandato de Lula, demitido pelo então presidente depois do escândalo envolvendo a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Francenildo foi responsável por denunciar que o então ministro usava uma mansão em Brasília onde participava de festas e reuniões para pagamento de propinas. Paulo Bernardo foi ministro das Comunicações de Dilma Rousseff e do Planejamento no governo Lula.

A luta política é um direito do Lula. Recusar a progressão, a princípio, não

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