Lula: Brasil não avançará enquanto Bolsonaro "lamber as botas" dos EUA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista publicada nesta sexta-feira pela versão espanhola do canal Russia Today acreditar que o Brasil "não avançará" enquanto governantes como FHC (Fernando Henrique Cardoso) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PSL) "continuarem lambendo as botas" de líderes políticos dos Estados Unidos.
"Enquanto houver um presidente que não se respeite, que não respeite sua soberania e que continue lambendo as botas dos estadunidenses, como fez Fernando Henrique Cardoso com [Bill] Clinton e como faz Bolsonaro com [Donald] Trump, o país não avançará. Este país tem de ser soberano", afirmou Lula ao canal "Russia Today".
O petista não poupou críticas ao atual presidente dos Estados Unidos. "[Trump] foi eleito presidente, mas acredita que foi eleito para ser Deus. (...) O mundo não pode ser refém da política americana", disse o ex-presidente, criticando o que chama de "loucura de um presidente que crê que pode invadir qualquer país e matar qualquer presidente".
"É necessário que se detenha isto! E o Brasil pode deter. O Brasil tem tamanho para isto, tem grandeza para isto, tem fronteira com dez países da América do Sul", comentou Lula. "Lamentavelmente, o mundo está retrocedendo. Está retrocedendo na Europa, na América do Sul, nos Estados Unidos. É algo muito ruim", completou.
"Bolsonaro fala de soberania, mas, por outro lado, envia seu filho para ser embaixador nos Estados Unidos para entregar a eles a Amazônia para exploração", criticou.
O assunto "soberania" não foi pauta apenas no contexto brasileiro; Lula também se disse contra intervenções na Venezuela: "Não estou de acordo com a intromissão americana, brasileira, colombiana, qualquer que seja a intromissão para governar um país soberano. Inventando um candidato, uma mentira como [Juan] Guaidó".
O ex-presidente da República cumpriu um sexto da pena de oito anos pela condenação no caso do tríplex do Guarujá e já tem direito ao regime semiaberto; no entanto, se recusa a aceitar a progressão da pena e ameaça não deixar a sala reservada a ele na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Durante a entrevista ao "Russia Today", Lula explicou seu posicionamento. "Eu não recuso a liberdade. Se há algo que quero na minha vida, é ir para casa com meus filhos, viver com a minha família. Não gosto de estar aqui. O que não posso aceitar é a tese de que estou à espera de uma progressão porque cometi um crime", disse.
"Quero sair daqui com a inocência 100% comprovada. Quero que aqueles que mentiram ao povo brasileiro sejam submetidos à justiça popular como eu estou sendo submetido. Estou desafiando um juiz que mentiu em meu julgamento, que era Sergio Moro [ministro da Justiça e Segurança Pública]", concluiu.
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