Lula vê "sociedade obrigada a achar maravilhoso entregar pizza de Uber"
Ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez críticas à política econômica do governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista ao site Diário do Centro do Mundo, Lula disse que a sociedade está sendo obrigada a aceitar piores condições de trabalho diante da falta de melhores oportunidades.
"Ontem eu tive com uma pessoa que trabalha no Uber, ele paga R$ 1660 no carro e tira mil e pouco por mês. Isso é chamado de empreendedorismo. A palavra é bonita, empreendedorismo. Palavra chique, bonita. Essa é finesse do capitalismo. Sou empreendedor. Conseguiram criar na cabeça da sociedade que mesmo empobrecendo, está progredindo", disse.
"O Brasil está numa situação em que renda está caindo, os empregos que surgem são totalmente precarizados... E vendo a sociedade sendo obrigada a achar que é maravilhoso entregar pizza de bicicleta, entregar pizza de Uber... E não percebem que estamos desempregando muita gente", completou.
De acordo com Lula, a situação tem como pano de fundo a política econômica e citou o ministro Paulo Guedes como responsável por essa visão que considera distorcida sobre o mercado de trabalho.
"É importante vocês se atentarem para a equipe econômica, para o que o Guedes está fazendo. O Guedes nunca usa a palavra desenvolvimento, ele usa a palavra destruição do patrimônio público brasileiro. Ele quer vender tudo. Ele quer arrecadar dinheiro para que? Com apoio da mídia, muita gente (da mídia) pode até não concordar, mas como ele está fazendo a política de terra arrasada que a elite sempre defendeu...", disse.
Porém, na avaliação do ex-presidente, a situação do Brasil não é isolada no mundo. "125 países já fizeram reforma trabalhista (nos últimos anos). Só 3 deram alguma coisinha para melhorar, o restante foi tudo para tirar direito (do trabalhador). Foi dado a nós o status de voltar ao tempo da escravidão. Trabalha, trabalha, mas não tem direito", explicou.
Lula elogia "artista" Huck, mas critica candidatos sem experiência política
Durante a entrevista, Lula ainda falou sobre a possibilidade de o apresentador Luciano Huck ser candidato à presidência nas Eleições de 2022. Ele fez elogios a Huck, mas disse que falta experiência política.
"Eu gosto do Huck como artista, ninguém chega onde chegou sem qualidade. Mas isso não é uma capacidade política. A gente não pode no meio do século XXI ficar escolhendo o candidato que a Globo quer. A Globo que deveria indicar o Marinho, que tem experiência de dirigir o grupo", disse.
Ele ainda citou que seria melhor para a política se, por exemplo, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung saísse como candidato, e não servisse como consultor de Huck como é noticiado nos bastidores da política.
"O Paulo Hartung virou assessor? Esse cara era governador (do Espírito Santo), poderia se candidatar, ele sabe que é mais preparado, mas acha que trabalhando para o Huck a Globo vai dar colher de chá", disse.
"Quando você chega numa situação em que os políticos ficam procurando pessoas que não são políticos para ser candidatos, as coisas estão muito ruins", completou.
Moro candidato?
Lula ainda comentou sobre a possibilidade de o atual ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, ser candidato a presidente. O petista acredita que uma campanha poderia expor Moro.
"Moro será desconstruído quando ele estiver participando da vida política, enfrentando condições adversas. Não sei se ele será candidato. As pessoas gostam de glória, e ele é vaidoso. Eu acho que ele tem que se expor. Entrar na política é como dançar tango, tomar calcanhar na região baixa... Uma coisa é estar protegido, o Moro tem um muro de Berlim em torno para não mexerem com ele. Ele só vai aparecer o que é quando se expor. Quando foi na Câmara, ele fica desmoralizado, se percebe que ele é fraco. Ele é muito inseguro", afirmou.
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