Lula diz que Brasil é construtor de paz e não deve "se meter" em EUA x Irã
Ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país tem uma tradição diplomática como "construtor de paz" e deve ficar afastado da tensão entre Estados Unidos e Irã. Em entrevista ao site Diário do Centro do Mundo, Lula disse que é preciso manter esta postura em um momento de crise como a atual.
"A época não é adequada para o Brasil se meter em confusão em uma briga externa. Brasil não tem contencioso. Muito (do contencioso) foi com a Guerra do Paraguai, Brasil pode ser considerado um construtor de harmonia, construtor de paz, isso que é obrigado de um país que tem fronteira com quase todos os países da América do Sul e boas relações com Europa e Estados Unidos. (O Brasil) sempre manteve uma política diplomática coerente e corajosa. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a Angola no governo Geisel, na ditadura", disse.
"Essa é a lógica do Brasil. Uma tradição (diplomática), diferentemente dos EUA que vivem arrumando confusão, e quanto mais longe do território deles melhor. (Os EUA) São doidos para atirar no quintal dos outros, mas não querem que ninguém atire no deles", completou.
Lula ainda criticou a relação que o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tem com os Estados Unidos. Segundo ele, o Governo teria que ter mais cuidado na reação à morte do general Qassim Suleimani, no dia 2 de janeiro.
"O Brasil pode ser parceiro do Irã e dos EUA. Não tinha que cair nos pés do Trump e concordar que o ataque ao general foi a um terrorista, Ele era um general conhecido", disse
"Política internacional tem que ter habilidade para fazer. Sempre ter em conta que tem dois interesses, e você precisa compatibilizar para construir a paz. O Bolsonaro não tem medido esforço para provar que é um lambe-botas dos Estados Unidos. Ele já bateu continência para a bandeira americana, ficou orgulhoso de encontro de 17 segundos com o Trump..."
Visita ao Irã
Na entrevista, Lula ainda lembrou de sua visita ao Irã e lamentou a postura dos Estados Unidos. Em 2009, ele viajou ao país para se encontrar com o então presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, responsável por um programa de enriquecimento de urânio. Os Estados Unidos e outros países temiam que a iniciativa fosse utilizada para o desenvolvimento de armas nucleares.
"Em fui ao Irã em 2009 com o Celso Amorim (ex-chanceler do Brasil) para negociar aquilo que era visto como impossível pelos Estados Unidos e se tornou possível na medida que foi Brasil foi corajoso. Conversamos em dois dias em Teerã e conseguimos um acordo que era de interesse dos EUA e da Europa", disse.
"Quando pensei que eles iam nos agradecer pelo acordo, eles tomaram a decisão de punirem o Brasil por ter se tornado protagonista, por ter conseguido um acordo que eles não conseguiram. E o Obama (presidente americano da época) aumentou a punição ao Irã", completou.
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