Ciro vê Exército comandando Brasil e volta a defender renúncia de Bolsonaro
Do UOL, em São Paulo
09/04/2020 11h56Atualizada em 09/04/2020 13h24
O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) disse hoje, em entrevista ao UOL, que o "Exército de pijama" está no real comando do país, referindo-se aos militares da reserva que aconselham o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Que o povo brasileiro fique sabendo: quem está mandando no Brasil é o exército brasileiro de pijama. E eu espero que o Exército brasileiro da ativa veja o grave risco que está correndo na matéria de respeitabilidade que eles têm e merecem ter da população brasileira", declarou.
Em uma crítica ao presidente, Ciro afirmou ainda que "o Exército sabe que Bolsonaro é corrupto" e voltou a defender a renúncia do mandatário, ainda que o vice-presidente também seja um militar, Hamilton Mourão. O ex-governador atacou a atuação do presidente durante a pandemia do novo coronavírus.
Assinei um manifesto sugerindo que ele [Bolsonaro] renunciasse. Eu estava avisado, eu sei que a renúncia dele importa na posse do vice. E a posse do vice teria o meu apoio integral (...) Porque ninguém pode ser mais criminoso, mais irresponsável, mais inconsequente do que o senhor Jair Messias Bolsonaro
Ciro Gomes (PDT)
Na avaliação de Ciro, Mourão não foi "o oficial mais brilhante do Exército", mas deveria assumir o poder.
"[Mourão] Foi um oficial insubordinado, desleal à Constituição. Foi punido por isso. Infelizmente, as punições são sempre feitas de forma pouco contundente para não deixar a exemplaridade que é necessário da punição acontecer. Mas ele [Mourão] está na linha de sucessão".
O ex-governador, que recentemente assinou um manifesto com outros nomes da esquerda - como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) - pedindo a reúncia de Bolsonaro, afirmou que a saída do presidente seria a melhor alternativa para o Brasil. No entanto, ele se disse totalmente contrário a um processo de impeachment e lembrou que também criticou o impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).