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Justiça condena empresário bolsonarista por fake news contra Jean Wyllys

29.mai.2016 - O então deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
29.mai.2016 - O então deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

02/08/2020 14h57

O empresário Otávio Fakhoury foi condenado a pagar R$ 41,8 mil de indenização ao ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) por uma notícia falsa que o associava a Adélio Bispo —autor do atentado a faca contra o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), em 2018.

Fakhoury também precisará se retratar publicamente, nas mesmas redes sociais em que compartilhou as fake news contra Wyllys —de acordo com a PF (Polícia Federal), não há elo entre o ex-deputado e o autor da facada em Bolsonaro. Caso a determinação não seja cumprida, o empresário terá que pagar multa diária de R$ 10 mil.

Em entrevista ao jornal O Globo, Fakhoury informou que pretende recorrer da decisão, já que não seria o autor da notícia falsa e teria apenas compartilhado o conteúdo de outro usuário. "Eu quis compartilhar para que os meus seguidores no Twitter pudessem ler o texto que o Alberto Saraiva publicou no Facebook", justificou.

O fato de Fakhoury não ter sido o autor da notícia falsa, no entanto, foi levado em conta pela juíza Mônica de Paula Baptista, do 5º Juizado Especial Cível do Rio. Em sua decisão, a magistrada afirma que "ainda que se trate de reprodução de texto elaborado por terceiro, como alega o réu, tal fato não afasta sua responsabilidade em reproduzi-lo".

Em maio, Jean Wyllys entrou com ações judiciais no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) contra apoiadores de Bolsonaro.

Fakhoury está entre os investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nos inquéritos que apuram a produção de notícias falsas. Em junho, ele admitiu que financiou manifestações a favor do governo de Bolsonaro ao disponibilizar caminhões para os protestos. Fakhoury também contou que já tinha feito o mesmo em 2016, durante os atos pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).

No inquérito das fake news, que apura principalmente ataques ao STF e às instituições, Fakhoury aparece como sendo integrante de grupos de empresários no Whatsapp que se organizavam para ações com cunho político. Ele admitiu sua presença em um grupo com Luciano Hang, dono da Havan, mas diz que não conhece Edgard Corona, o dono da rede de academias Smart Fit.