Ricardo Salles culpa 'visão ideológica' por aumento de queimadas
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou hoje do Programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, e analisou as causas das crescentes queimadas na região do Pantanal. De acordo com ele, além dos motivos climáticos (como aumento de temperatura e redução nas chuvas), a ideologia de alguns políticos e tomadores de decisão faz com que os focos de incêndio aumentem.
Salles afirmou que três decisões ideológicas impactam nesse cenário. A primeira delas é o impedimento do uso de incêndios controlados para evitar o acúmulo de material inflamável: "Quando você proíbe fazer o uso de fogo preventivo em período adequado, o chamado 'fogo frio' ou 'queima controlada', vai acumulando massa orgânica e, quando pega fogo, ninguém controla. E o pessoal nos estados, ao invés de apoiar e incentivar o uso do fogo controlado, por uma questão de visão ideológica [não incentivou]. Então, temos a ausência do uso controlado do fogo, por questão ideológica", disse.
Em segundo lugar, o ministro apontou a impossibilidade do crescimento de pastagens: "Houve uma retirada, ou diminuição substancial do gado criado solto, o gado a pasto. Essa perseguição contra a pecuária extensiva no Brasil. Com isso, cresce muito capim, mato, e queima muito."
Por fim, ele disse que as queimadas vêm crescendo porque movimentos ambientalistas fazem lobby e impedem o uso de substâncias que retardam a proliferação dos focos de incêndio: "O mundo todo usa. Estados Unidos, Europa, Canadá, todo mundo usa os bloqueadores de fogo. É um produto químico parecido com fertilizantes que você mistura na água da aeronave [que atua em queimadas] e o combate ao incêndio se torna cinco vezes mais eficiente. E tem uma visão dessa turma aí, que diz 'a gente não concorda com retardante, é melhor não usar', e o troço torando o pau lá", completou.
Garimpo na Amazônia
Durante a conversa, Salles negou que apoie o crescimento do garimpo ilegal na Amazônia, apesar de seus encontros com garimpeiros investigados pelo Ibama (Instituto Brasileiro e e dos Recursos Naturais Renováveis). Para ele, a atividade só acontece fora dos limites da lei por falta de desenvolvimento da região Amazônica, da mesma forma que o tráfico de drogas cresce nas favelas.
"O cara que não tem emprego, não tem renda, vai ser cooptado pelas atividades ilegais. O garimpeiro ilegal, o invasor de terra, o grileiro ou o cara que rouba madeira não é diferente do jovem da favela dos grandes centros urbanos que, na ausência de alternativa, acaba sendo cooptado pelo tráfico para uma série de crimes. Isso não quer dizer que está certo", opinou.
O ministro, no entanto, ressaltou que é a favor de um crescimento da atividade para permitir o desenvolvimento econômico da população local: "O garimpo por si só pode ser feito de uma maneira menos agressiva ao meio ambiente, com licenciamento ambiental, dentro das regras, desde que a gente não tenha essa politicagem que a esquerda colocou, alguns a serviço de interesses financeiros e outros por desvios ideológicos. O fato é que, ao dizer que não pode ter nenhuma atividade, você joga a pessoa para a ilegalidade", concluiu.
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