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Jornalista sequestrado cita governador de RR à polícia; político aciona PF

O governador de Roraima, Antônio Denarium (sem partido), pediu ontem à Polícia Federal (PF) que apure o teor do depoimento dado à Polícia Civil pelo jornalista Romano de Jesus Imagem: Reprodução/Facebook

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa

31/10/2020 16h00

O governador de Roraima, Antônio Denarium (sem partido), pediu ontem à Polícia Federal (PF) que apure o teor do depoimento dado à Polícia Civil pelo jornalista Romano de Jesus, sequestrado em 26 de outubro e encontrado no dia seguinte, em Boa Vista.

O pedido de investigação ocorreu após o apresentador da TV Imperial, afiliada da Record, citar Denarium em seu relato aos investigadores, levantando uma eventual participação do político no caso. Ele também mencionou o senador Mecias de Jesus (Republicanos). Ambos negam qualquer possibilidade de participação no sequestro.

O caso veio à tona ontem após a TV Imperial emitir nota informando parte do teor do depoimento. A emissora diz que Romano contou que os sequestradores "em determinado momento citaram os nomes do governador Antonio Denarium e do senador Mecias de Jesus", o que, segundo o veículo de comunicação, agora levanta "a possibilidade de participação de altas autoridades públicas".

A reportagem do UOL teve acesso ao depoimento na íntegra do jornalista à Polícia Civil. Ele diz "que do lado de fora da caminhonete, o elemento que tentava falar em espanhol pergunta se o declarante gostava de denunciar Denarium e se gostava de denunciar o senador Mecias". É única menção no nome dos políticos.

O UOL procurou o jornalista Romano de Jesus através da TV Imperial. A emissora respondeu por meio de suas redes sociais que "tudo corre em sigilo no momento. Tanto Romano quanto a esposa não podem falar sobre o ocorrido com a imprensa ou qualquer outra pessoa". O jornalista passou por cirurgia na manhã de hoje e é representado juridicamente pela emissora.

Citados cobram investigação

Logo após pedir à Polícia Federal a investigação do caso na tarde de ontem, o governador Antônio Denarium negou ter alguma eventual participação no sequestro do jornalista. O político afirmou que uma apuração paralela à da Polícia Civil vai "contribuir com a lisura e transparência no processo".

"Quero assegurar que não tenho nenhum envolvimento nessa história. Todos sabem do meu apreço pela classe jornalística e jamais atacaria um profissional de imprensa por exercer seu livre direito de crítica. O governo atuará sempre para assegurar que a democracia seja vivida de forma plena, garantindo a liberdade de imprensa", declarou Denarium, em nota divulgada pelo governo roraimense.

A nota do governo ainda informou que a Polícia Civil garante que os "documentos que integram o Inquérito Policial estão em sigilo e as investigações estão em andamento".

Antes de Denarium, o senador Mecias de Jesus também pediu à PF a investigação do depoimento do jornalista.

"Tomei essa decisão depois que fui informado que meu nome teria sido citado, subjetivamente, pelo jornalista Romano. No nosso entendimento estão querendo dar uma conotação política ao caso. Para que se tenha total isenção, mesmo sem desqualificar e sem desmerecer a Polícia Civil, gostaria muito que a Polícia Federal assuma esse caso", disse o senador, em nota.

O sequestro

Romano dos Anjos, apresentador do programa "Mete Bronca", da TV Imperial, afiliada da Record em Roraima, foi sequestrado dentro de sua própria casa na noite de 26 de outubro, em Boa Vista.

Ele foi encontrado vivo na manhã do dia seguinte, com ferimentos e fraturas nos braços e pernas.

Segundo a Polícia Militar (PM), o apresentador passou a noite em uma área de pasto. Pela manhã, Romano teria se soltado e caminhado até a região onde foi encontrado por um funcionário da Roraima Energia.

O jornalista foi abandonado embaixo de uma árvore ainda pela noite, sem água e comida, com o rosto vendado e mãos amarradas.

A Polícia Civil do estado investiga o caso e suspeita que o crime possa ter sido cometido por uma organização criminosa famosa na região chamada de "Sindicato".

Os investigadores ainda suspeitam do fato de que os criminosos não levaram itens da residência, mas apagaram todas as informações do celular de Romano e atearam fogo no carro do jornalista.

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