Bolsonaro volta a citar Brasil quebrado: se faltar band-aid, vão me culpar
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou hoje a dizer que "2020 foi um ano atípico" e reclamar da falta de recursos para investimentos públicos. Segundo ele, "falta dinheiro para a gente fazer muita coisa". Dentro do mesmo contexto, o governante também disse que há uma transferência de responsabilidade em relação a temas como o colapso da saúde pública em Manaus.
"Culpam o governo [federal]. Nós destinamos bilhões para os estados. Agora, quem detecta a falta de medicamento e ausência é o respectivo secretário de saúde, estadual e municipal. Daqui a pouco vai faltar band-aid no Rio de Janeiro e vão querer me culpar. Mas não tem problema não. A gente sabe que é a luta pelo poder", declarou ele em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, nesta manhã.
Bolsonaro relembrou a frase de que "o Brasil estava quebrado", dita por ele também na portaria do Alvorada e que gerou forte repercussão negativa. "Passamos um ano atípico em 2020. Muita coisa que eu queria fazer eu não fiz por falta de recurso. Eu falei que quase nada podia fazer porque o Brasil estava quebrado, a imprensa critica. Mas realmente falta dinheiro para a gente fazer muita coisa".
Em 5 de janeiro, ao reclamar que o país estava "quebrado", o presidente declarou que "não conseguia fazer nada". Como exemplo, ele citou a intenção de alterar a tabela do Imposto de Renda, iniciativa que ainda não avançou.
"Chefe, o Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia."
As declarações do presidente destoam de posições apresentadas publicamente pela equipe econômica, que tem batido na tecla de que a atividade econômica do país está em plena recuperação, o que trará resultados positivos para a arrecadação de impostos.
Vacina
Em recado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro afirmou também hoje que a vacina —em referência à CoronaVac, do Instituto Butantan (SP)— contra a covid-19 "é do Brasil".
Rival político do chefe do governo federal, o tucano protagonizou ontem um evento em SP que marcou o início simbólico da vacinação no país —contrariando o cronograma estabelecido pelo Ministério da Saúde. Visivelmente irritado com a postura de Doria, o ministro Eduardo Pazuello o acusou de deslealdade e de promover uma "jogada de marketing" que estaria "em desacordo com a lei".
"Apesar da vacina... Apesar não, né. A Anvisa aprovou, não tem o que discutir mais. Havendo disponibilidade no mercado, a gente vai comprar e vai atrás de contratos que fizemos também que era para ter chegado aqui. Então, está liberada a aplicação no Brasil. E a vacina é do Brasil, não é de nenhum governador, não. É do Brasil", declarou Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, nesta manhã.
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