Mandetta afirma que Bolsonaro divergiu das orientações para conter pandemia
Do UOL, em São Paulo
04/05/2021 12h34Atualizada em 04/05/2021 12h52
Durante o depoimento da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse que houve divergências entre ele o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a condução do enfrentamento da pandemia.
Ao ser questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), Mandetta afirmou que todas as recomendações que fez durante a sua gestão no Ministério da Saúde foram baseadas na "ciência, na vida e na proteção".
Todas as recomendações, as fiz com base na ciência, vida e proteção. As fiz em público, todas as manifestações de orientação dos boletins. As fiz nos conselhos de ministros, as fiz diretamente ao presidente, as fiz diretamente a todos os secretários estaduais, todos os secretários municipais, a todos aqueles que de alguma maneira tinham no seu escopo que se manifestar sobre o assunto sempre Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro
Na sequência, Calheiros tentou simplificar as justificativas de Mandetta, questionando diretamente se havia divergências com o presidente Bolsonaro.
Então houve, permita-me simplificar, discordância com a sua posição com a do presidente da república?
Senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid
Ao que Mandetta confirmou, dizendo que "sim", justificando que, assim como na vida pública assumiu compromissos com a prestação de serviços com a população, antes mesmo ele havia feito juramentos como médico a fim de proteger a saúde das pessoas.
Mandetta também disse lembrar que Bolsonaro falou que adotaria o chamado "confinamento vertical", algo que o Ministério da Saúde não recomendava.
Questionado se o Ministério da Saúde recomendou o uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para tratar o coronavírus e amplamente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro, Mandetta respondeu: "Não, apenas para uso compassivo, inclusive após falar com o Conselho Federal de Medicina. Uso em pacientes graves, e a margem da segurança dela é estreita", disse.
Ela é um medicamento que tem uma serie de reações adversas, e a automedicação com cloroquina poderia ser muito perigosa para as pessoas
Luiz Henrique Mandetta