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Filhos de Bolsonaro ironizam imprensa e saem em defesa do pai

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) - Pedro França /Agência Senado
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) Imagem: Pedro França /Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

03/06/2021 17h23Atualizada em 03/06/2021 23h19

Os filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizaram os trabalhos de checagem da imprensa e minimizaram as distorções feitas pelo presidente durante o pronunciamento de ontem. A família Bolsonaro aproveitou ainda o feriado de Corpus Christi para defender o pai das principais acusações que ele tem sofrido pela condução do país na pandemia, os planos de reeleição para 2022, e criticar integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga ações e omissões do governo federal em meio à crise sanitária.

Em seu Twitter, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) compartilhou uma postagem do seu irmão e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) com um link do jornalista Ancelmo Gois, do jornal "O Globo", checando o erro de digitação do governo no vídeo do pronunciamento, feito em cadeia de rádio e TV para falar sobre o processo de vacinação. Em tom de ironia, Flávio chamou o jornalista de "ex-agente da KGB".

"O pronunciamento do presidente foi tão bom que até o ex-agente da KGB gostou! A única coisa de ruim que encontrou no discurso foi um erro de digitação! 'Jornalismo'".

A associação entre Gois e a KGB é feita com frequência pelas redes bolsonaristas. O Ministério da Educação sob a gestão do então ministro Ricardo Vélez Rodrigues chegou a emitir uma nota oficial dizendo que o jornalista havia sido treinado pelo serviço secreto soviético.

A associação, porém, distorce uma entrevista concedida por Ancelmo Gois à ABI (Associação Brasileira de Imprensa), em 2009, na qual ele conta que morou na Rússia sob proteção da KGB devido à ditadura militar brasileira.

Mais erros que só legenda

A checagem compartilhada pelos filhos do presidente se referia a um erro observado por internautas ontem durante o pronunciamento. Ao legendar o vídeo exibido em cadeia de rádio e TV, na noite de hoje, escreveram "Astrazenica" —e não "AstraZeneca"— para comemorar a assinatura de acordo de transferência de tecnologia para a produção de imunizantes no país.

O vídeo com erro no nome do conglomerado anglo-sueco está disponível no perfil oficial da TV Brasil, no YouTube.

Ao minimizar o erro, o vereador Carlos Bolsonaro cita outras informações distorcidas citadas pelo presidente.

Bolsonaro fez o pronunciamento para celebrar a marca de 100 milhões de doses das vacinas contra a covid-19 distribuídas pelo governo. Nele, o presidente distorceu o ranking da vacinação no mundo, voltando a dizer que o Brasil é o quarto país que mais vacina. No entanto, em termos proporcionais, segundo o painel da Our World In Data, da Universidade de Oxford, o Brasil é o 83º país no ranking de aplicação da primeira dose e o 85º na aplicação da segunda.

Carlos repetiu a fala do pai de que o Brasil está entre os países que mais cresceram no mundo. Segundo checagem feita pelo UOL Confere, o PIB do Brasil avançou 1,2% no primeiro trimestre de 2021 na comparação com o último trimestre de 2020, segundo o IBGE.

No entanto, no mesmo período, o Brasil perdeu sete posições em um ranking de 50 economias que já divulgaram seus resultados, caindo para o 19º lugar. A agência de classificação de risco Austin Rating, que elaborou a lista, avaliou que o crescimento brasileiro se deve a dois fatores que favoreceram empresas exportadoras brasileiras: a alta do preço das commodities e a maior demanda da China.

Filho segue o script

Também nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) elogiou a decisão do Exército de não punir o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por participar de ato político ao lado de Jair Bolsonaro, no início de maio, no Rio de Janeiro. O regulamento disciplinar do Exército considera transgressão a manifestação de militares da ativa a respeito de assuntos de natureza político-partidária.

"Não era ato político, não houve pedido de votos ou sequer se falou em candidaturas, General Pazuello não discursou. Correta a decisão do Exército, e vendo quem está choramingando, vejo que [a decisão] está mais certa ainda", escreveu ele.

O filho de Bolsonaro repete o mesmo argumento de defesa de Eduardo Pazuello.

Alvo de protestos

Pressionado pelo número de mortes em decorrência da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) virou alvo de manifestações em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife (PE), Maceió (AL), Vitória (ES) e João Pessoa (PB). Buzinaço, xingamentos e gritos de "Fora, Bolsonaro" e "Bolsonaro, genocida" também foram ouvidos durante o discurso do presidente, que durou cerca de cinco minutos.

Na capital paulista, manifestações ocorreram em bairros como Butantã, Barra Funda, Itaim Paulista, Bela Vista, Higienópolis, Santo Amaro e Tatuapé. No Rio, Copacabana, Ipanema, Leblon, Leme, Botafogo, Flamengo, Glória, Cosme Velho, Laranjeiras, Santa Teresa, Tijuca, Grajaú e Riachuelo, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, registraram panelaços. Em Niterói, na Região Metropolitana, também houve.