"Não me recordo", diz Dominguetti ao responder na CPI se havia sido preso
Do UOL, em São Paulo
01/07/2021 16h51Atualizada em 01/07/2021 18h20
Em depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira (1), o suposto representante da Davati, Luiz Dominguetti, disse ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES) que não lembrava se já havia sido preso em algum momento de sua atuação na polícia militar.
"Eu queria perguntar: o senhor já foi preso criminalmente?", quis saber Contarato, "Preso? Não me recordo", respondeu o vendedor, gaguejando. "Mas gente...?!", retrucou o senador, surpreso com a resposta.
Ao fim de sua fala, Contarato disse que, pelo menos para ele, estava "claro" que Dominguetti foi "plantado" na comissão, e que o envolvimento do setor de logística do Ministério da Saúde de fraudes e corrupção na aquisição de vacinas.
"Bem, senhor presidente, eu estou chegando à conclusão de que esse depoente foi, talvez, utilizado para estar aqui nessa CPI, com essa informação. Mas, para mim, o ponto fundamental nesse seu depoimento foi a participação do diretor de Logística do Ministério da Saúde numa negociação para receber propina na aquisição de vacina, quando 518 mil pessoas já perderam suas vidas. Isso é muito grave", afirmou Contarato.
Em reportagem publicada anteontem pela Folha, Dominguetti contou que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por vacina para fechar a compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Segundo ele, o pedido foi feito em um jantar no Brasília Shopping, em 25 de fevereiro.
A AstraZeneca nega que a Davati a represente. A empresa já chegou a ser desautorizada pela farmacêutica no Canadá.
Paralelamente, reportagens publicadas na imprensa mineira indicam que a Davati pode estar fraudando o processo de aquisição de vacinas. A empresa teria negociado com várias prefeituras, com o objetivo de conseguir uma carta de intenção demonstrando interesse na compra de vacinas da AstraZeneca. Depois de conseguir a carta, porém, as conversas emperraram.
Roberto Ferreira Dias teve sua exoneração anunciada ontem à noite, após a publicação da reportagem. O Ministério da Saúde afirma que a decisão foi tomada pela manhã.