Vendedor de vacina diz que esteve 3 vezes na Saúde para oferecer doses
Convocado a depor na CPI da Covid, Luiz Paulo Dominguetti, que se apresenta como representante da Davati Medical Supply, disse hoje que foi três vezes ao Ministério da Saúde para oferecer vacinas contra a covid-19. Nestas ocasiões, ele esteve com três servidores da pasta: o então secretário-executivo, Elcio Franco; o diretor de Logística, Roberto Ferreira Dias; e o "seu Lauricio" — possível referência a Lauricio Monteiro Cruz, diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis.
Segundo Dominguetti, a proposta de venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca foi entregue a Franco, Dias e Cruz. A negociação não avançou por conta de uma suposta cobrança de propina por parte de Roberto Ferreira Dias, que, segundo o representante da Davati, pediu US$ 1 por dose para fechar o contrato de compra.
"Em negociação não se avançou, Excelência, porque o senhor Roberto Dias... Com o caráter que era solicitado não ia avançar", disse Dominguetti à CPI. "O que nos espantou era ter uma proposta de 400 milhões de doses ao Ministério da Saúde e o senhor coronel Elcio Franco não ter conhecimento dessa proposta que havia sido protocolada pelo senhor Roberto Dias. Ou seja: ele não tinha avançado ou informado ao ministério, segundo o senhor Elcio Franco, dessa proposta."
Ele [Cristiano Alberto Carvalho, CEO da Davati no Brasil] autorizou que eu representasse a Davati pessoalmente aqui em Brasília, onde eu tive a oportunidade de estar com três executivos do Ministério [da Saúde]: o senhor Elcio Franco, o senhor Roberto Dias, e o seu Lauricio. Eu estive três vezes no Ministério da Saúde ofertando as vacinas.
Luiz Paulo Dominguetti, à CPI
O nome de Luiz Paulo Dominguetti veio à tona após reportagem publicada na última terça-feira (29) pela Folha de S. Paulo. Ao jornal, o representante da Davati contou que o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina para fechar a compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. O pedido teria sido feito em um jantar no Brasília Shopping, em 25 de fevereiro.
A AstraZeneca nega que a Davati a represente. A empresa já chegou a ser desautorizada pela farmacêutica no Canadá.
Paralelamente, reportagens publicadas na imprensa mineira indicam que a Davati pode estar fraudando o processo de aquisição de vacinas. A empresa teria negociado com várias prefeituras, com o objetivo de conseguir uma carta de intenção demonstrando interesse na compra de vacinas da AstraZeneca. Depois de conseguir a carta, porém, as conversas emperraram.
Dias teve sua exoneração anunciada na terça à noite, logo após a publicação da reportagem da Folha. O Ministério da Saúde afirma que a decisão foi tomada pela manhã.
(Com Estadão Conteúdo)
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