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Impeachment é possível com pressão e Lira 'não é dono do país', diz Lula

Lula defende que Arthur Lira dê andamento na Câmara a pedido de impeachment protocolado na última semana   - Ricardo Stuckert
Lula defende que Arthur Lira dê andamento na Câmara a pedido de impeachment protocolado na última semana Imagem: Ricardo Stuckert

Do UOL, em São Paulo

06/07/2021 11h02Atualizada em 06/07/2021 12h33

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje, em entrevista para a Rádio Salvador FM, que considera possível o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caso haja pressão necessária para que seja votada na Câmara dos Deputados a abertura do processo.

Lula lembrou que um superpedido de impeachment foi apresentado na última semana e cobrou uma posição do presidente da Câmara, Arthur Lira, que já deu indicações de que não levará adiante a requisição.

"Impeachment já poderia ter acontecido porque já teve mais 120 pedidos de impeachment e não foi colocado nenhum em votação. Agora tem um grande pedido, assinado por centenas de entidades, num único processo, vamos ver se o presidente da Câmara coloca em votação", disse Lula.

"O PT, inclusive, entrou na Suprema Corte pedindo para que obrigasse o cara [Lira] a pelo menos colocar em votação. Ele não é dono do país, ele não é dono de todo o poder, ele tem que colocar em votação para que o Congresso possa se manifestar", completou.

Neste cenário, o Lula acredita que é preciso ter pressão para que a abertura de um processo de impeachment seja colocado em votação.

[O impeachment] é possível sim se fizer pressão necessária para colocar o impeachment em votação
Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República

Hoje, em entrevista à Rádio Jovem Pan, Lira disse que não está em seus planos começar o processo contra Bolsonaro. Para ele, 'nesse momento não há nenhum fato novo que justifique [o impeachment] ou que tenha alguma ligação direta com o presidente da República'.

Gravações e CPI

Na entrevista, Lula também comentou as gravações inéditas, revelada em uma série de reportagens da colunista do UOL Juliana Dal Piva, com áudios de uma ex-cunhada do presidente que indicam que Bolsonaro participava diretamente da rachadinha — nome popular para uma prática que configura o crime de peculato (mau uso de dinheiro público).

"Eu vi toda a gravação, eu acho grave porque é uma pessoa do círculo íntimo do presidente Bolsonaro, E o que ela está denunciando é muito grave", disse Lula, que disse esperar a conclusão de investigações.

'A cunhada dele está dizendo que ele pegava a maior parte do salário dos seus funcionários, o que é um roubo. Uma coação a um trabalhador que não é obrigado a dar seu salário a ninguém, a não ser para levar comida a seus filhos. De qualquer forma, vamos esperar a conclusão de tudo isso para ver o que vai acontecer no Brasil", completou.

Lula ainda disse que a CPI da Covid está "fazendo um trabalho primoroso" e "mexeu em um vespeiro". Para ele, as denúncias relacionadas a supostas irregularidades na compra de vacinas são as mais graves.

"As pessoas estão percebendo que a demora da vacina é porque tinha um processo de intromissão indevida de pessoas indevidas para tentar ganhar dinheiro às custas da vacinas. Não pode ter algo mais triste e deprimente com o país precisando de vacinas e ficamos sabendo que pessoas estavam tentando ganhar dinheiro com a vacina" opinou.

Porém, Lula disse que vai esperar provas. "Não sou daqueles precipitados, sou daqueles que acha o seguinte: na hora que você provar que tem corrupção, é preciso interditar a governança do Bolsonaro. Não sei se através da Suprema Corte (STF), do Congresso com o impeachment, mas é evidente que teve muita falcatrua nesta questão da vacina", disse.