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Choro, ataque ao STF e greve de caminhoneiros: entenda o caso Sérgio Reis

Sérgio Reis convocou caminhoneiros para protestar contra o STF; categoria nega que cantor os represente - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Sérgio Reis convocou caminhoneiros para protestar contra o STF; categoria nega que cantor os represente Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

17/08/2021 16h34Atualizada em 17/08/2021 16h44

Um áudio e um vídeo que circularam nas redes sociais no fim de semana levaram o cantor Sérgio Reis a integrar também o noticiário político. Nas gravações, o ex-deputado apareceu convocando uma greve nacional de caminhoneiros contra os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) — alvo constante do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem Reis é aliado.

A promessa de paralisação dos caminhoneiros ganhou força nas redes sociais no domingo (15). Pelas mensagens postadas, os profissionais deverão cruzar os braços em 7 de Setembro, Dia da Independência, em um movimento que engrossaria outras manifestações públicas já programadas a favor do governo.

Lideranças dos caminhoneiros, no entanto, dizem que o cantor não os representa. Já o Ministério da Infraestrutura, nos bastidores, não leva a mobilização a sério.

Relembre e entenda toda a polêmica envolvendo Sérgio Reis:

Convocação para greve

No sábado (14), circularam nas redes sociais um áudio e um vídeo em que Sérgio Reis convoca uma greve nacional de caminhoneiros para protestar contra os 11 ministros do STF. No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que apresentará ao Senado um pedido de impeachment dos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada, nas próximas 72 horas, ninguém anda no país, não vai ter nem caminhão para trazer feijão para vocês aqui dentro. (...) Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer em 7, 8, 9 e 10 de setembro, e se eles não obedecerem nosso pedido, eles vão ver como a cobra vai fumar, e 'ai' do caminhoneiro que furar esse bloqueio.
Sérgio Reis, em vídeo

Sérgio Reis diz ainda que pretende se encontrar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para apresentar uma "intimação".

"Enquanto o Senado não tomar essa posição que nós mandamos fazer, nós vamos ficar em Brasília e não saímos de lá até isso acontecer. Uma semana, dez dias, um mês e os caras bancando tudo, hotel e tudo, não gasta um tostão. E se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras [do STF], nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra", completa.

Caminhoneiros rebatem

A declaração de Sérgio Reis de que estaria organizando uma greve de caminhoneiros foi desmentida pelas principais lideranças da categoria. A Chico Alves, colunista do UOL, o presidente do CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga), Plinio Dias, disse "desconhecer as pessoas que estão ao lado dele".

Segundo Dias, a preocupação dos líderes dos caminhoneiros é com as melhorias de condições de trabalho, e não com pautas políticas. Ele contou ter participado de uma reunião no sábado (14) com a participação de nove lideranças nacionais para tratar da situação dos motoristas autônomos, e todos os presentes foram contrários ao ato do dia 7 de setembro

Sérgio Reis não representa nem os artistas, quanto mais os caminhoneiros.
Plinio Dias, do CNTRC

Sérgio Reis chora...

No domingo (15), durante entrevista ao influenciador bolsonarista Oswaldo Eustáquio, Sérgio Reis chorou, defendeu Bolsonaro e disse que nunca quis agredir ninguém, e nem deseja fazê-lo agora, como publicado pela Folha de S.Paulo. O cantor também voltou a convocar pessoas para a manifestação organizada por apoiadores do presidente, marcada para 7 de setembro.

... E esposa defende

Ontem, a esposa de Sérgio Reis, Ângela Bavini, disse à coluna de Mônica Bergamo, da Folha, que o cantor de 81 anos está deprimido, passando mal e com uma crise de diabetes após a repercussão da convocação para a greve de caminhoneiros, em setembro.

"Ele está muito triste e depressivo porque foi mal interpretado. Ele quer apenas ajudar a população. Está magoado demais", disse. "O Sérgio foi induzido por pessoas que dizem estar em um movimento tranquilo. No fim, todo mundo vaza [desaparece], e sobra para ele, que é uma celebridade".

Ele é querido e amado pelo Brasil inteiro, de direita, de esquerda.
Ângela Bavini, esposa de Sérgio Reis

Inquérito da polícia

Após o áudio e o vídeo viralizarem, a Polícia Civil do Distrito Federal decidiu instaurar um inquérito para apurar suposta associação voltada para o cometimento de pelo menos três crimes em manifestações previstas para setembro: ameaça (artigo 147 do Código Penal), dano (artigo 163 do CP) e "expor a perigo outro meio de transporte público" (artigo 262 do CP).

Em nota ao UOL, a Polícia Civil do DF citou o nome de Sérgio Reis, mas disse não haver previsão para o depoimento dos envolvidos. "Por se tratar de apuração em estágio inicial, o delegado que preside o inquérito policial não se manifestará sobre o caso", acrescentou.

*Com Estadão Conteúdo